Torrar o pão elimina o glúten deste alimento?
Ter uma alimentação isenta de glúten é uma necessidade para muitas pessoas que têm doença celíaca ou alguma sensibilidade ou intolerância a este conjunto de proteínas presente em vários cereais. Nesse sentido, um leitor questionou a equipa do Viral sobre se é mito ou verdade a ideia de que torrar o pão reduz o teor de glúten presente neste alimento.
É mito ou verdade que torrar o pão elimina o glúten nele presente?
Em declarações ao Viral, a nutricionista Catarina Paixão adianta ser “totalmente um mito” a ideia de que torrar o pão elimina o glúten nele presente.
“Ao tostarmos o pão, não vai acontecer nenhuma reação química que retire o glúten. Não há qualquer evidência que aponte para isso”, reforça.
Catarina Paixão explica que quem quiser consumir pão mesmo tendo doença celíaca ou alguma intolerância a este conjunto de proteínas deve procurar um produto com a etiqueta “isento de glúten”.
Tal como se esclarece no site da Associação Portuguesa de Celíacos, “a menção ‘isento de glúten’ significa que os géneros alimentícios, tal como vendidos ao consumidor final, não contêm mais de 20 ppm (mg/kg) de glúten”.
No mesmo texto acrescenta-se que “os produtos que apresentam no rótulo esta menção são aptos para celíacos”.
A nutricionista consultada pelo Viral aponta ainda que cereais como “o trigo, a cevada, a espelta e o centeio” contêm glúten, mas sublinha outros cereais e pseudocereais, como o trigo sarraceno ou a quinoa, não contêm este conjunto de proteínas.
Em relação à aveia, a questão é mais controversa, “porque a aveia na sua origem não tem glúten, mas, como muitas vezes é produzida e cultivada junto de outros cereais que têm glúten, acaba por ficar contaminada”.
Pessoas sem alergia ou doença celíaca devem evitar o glúten?
Para mais, sublinha a nutricionista, não existe “evidência científica” que suporte a ideia frequentemente partilhada nas redes sociais de que “retirar o glúten emagrece ou é mais saudável”.
Além disso, Catarina Paixão frisa que a restrição desnecessário de determinados alimentos ou grupos de alimentos pode ter efeitos negativos.
Isto porque “quando o nosso corpo deixa de estar exposto a uma substância deixa de conseguir processá-la e metabolizá-la tão bem”.
Ou seja, conclui, quando alguém retira um alimento da alimentação “durante largos períodos de tempo e de forma muito restritiva” e depois “volta a introduzi-lo por alguma razão”, pode sentir “algum desconforto porque o corpo já não está habituado a metabolizar aquela substância”.