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Ter mãos e pés frios é sempre sinal de ansiedade?

8 Fev 2023 - 03:05
falso

Ter mãos e pés frios é sempre sinal de ansiedade?

Diz o ditado que quem tem mãos frias tem o coração quente. Já nas redes sociais alega-se que ter mãos e pés frios é um sinal de ansiedade

Num vídeo publicado no TikTok, uma utilizadora diz ter descoberto, após uma pesquisa online, que a razão pela qual tem as mãos geladas é o facto de ser ansiosa. Mas será que ter mãos e pés frios é sempre sinal de ansiedade?

Em declarações ao Viral, Filipa Caetano, psiquiatra e psicoterapeuta cognitivo-comportamental, responde a estas questões e expõe algumas estratégias para lidar com momentos de maior ansiedade.

Mãos e pés frios indicam, por si só, ansiedade?

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“Se estes sintomas surgirem isolados, não devemos interpretar imediatamente como um sinal de ansiedade”, começa por garantir a psiquiatra. 

O sentimento de ansiedade é definido pela especialista como “uma resposta do corpo, geralmente, a uma preocupação, um receio ou a antecipação de algo, como um momento de avaliação ou um teste”.

De facto, ter as mãos e os pés frios são sinais físicos que fazem parte dos “múltiplos sintomas” de ansiedade. No entanto, além de não serem os únicos sinais de alerta, também não são sintomas exclusivos deste estado.

Existem várias doenças e condições que têm como um dos seus sintomas o arrefecimento dos pés e das mãos. São elas, por exemplo, a má circulação sanguínea, a doença de Raynaud (alteração na circulação sanguínea das mãos e dos pés), a anemia, o hipotiroidismo (diminuição da produção de hormonas da tiroide) e a doença arterial periférica (obstrução progressiva das artérias).

Além disso, também pode acontecer uma pessoa ser apenas muito sensível às temperaturas baixas

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Em suma, apesar de a ansiedade se poder manifestar, entre outros sintomas, por um arrefecimento das extremidades, é falso que ter mãos e pés frios seja sempre (e por si só) sinal de ansiedade.

Ter momentos de ansiedade é normal? Quando é que a ansiedade se torna preocupante?

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Para esclarecer o que significa um “estado de ansiedade”, a médica utiliza uma analogia: ter ansiedade “é como se estivéssemos a fugir de um leão que não existe”. 

Todos os sintomas da ansiedade são a resposta do nosso organismo, “é como se o nosso corpo estivesse a preparar-se para fugir desse leão”, clarifica.

“Podemos até pensar, em termos físicos, como ficamos quando fazemos muito esforço”, refere Filipa Caetano. “Por exemplo, para fugir deste leão imaginário, o coração bate mais depressa”, pode haver “palpitações” e “dor no peito”.

Nestas situações, “o sangue começa a fluir pelo nosso corpo, ao preparar-nos para a fuga, e surgem aqueles formigueiros e os tais calafrios”, que se podem sentir nos pés e nas mãos.

Também “há pessoas que se queixam, por causa deste fluxo do sangue, dos calores e dos suores também”. Ainda nos sintomas físicos, pode haver alguma dificuldade na respiração, como se “estivéssemos com falta de ar”. 

Noutro plano, existe ainda um conjunto de sintomas ‘não físicos’. “Como disse, a ansiedade é uma resposta, geralmente, a uma preocupação”. Isto provoca inquietação na mente, ou seja, “estamos sempre a pensar na mesma coisa, de forma rápida e frequente”. 

O sono também pode ser prejudicado pela ansiedade. Estes episódios podem provocar “insónias”, levando a pessoa “a ficar mais cansada”. Por vezes, “até o apetite pode ser afetado”, assegura.

Segundo Filipa Caetano, é necessário perceber se os momentos de ansiedade são normais e pontuais. Se estes episódios “começam a surgir muito frequentemente, muito intensamente” ou “se, por exemplo, nos impedem de fazer coisas que gostamos, ou de sair de casa” por causa da ansiedade, então, deve-se consultar” um profissional de saúde mental e/ou o médico de família”.

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“É muito importante estarmos alerta”, porque pode-se estar na presença de uma perturbação de ansiedade. Neste caso, falar com especialistas é fundamental, porque “existem formas de tratamento para estes episódios”, salvaguarda.

Estratégias para lidar com os momentos de ansiedade

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Questionada sobre quais as melhores estratégias para lidar com episódios de ansiedade frequentes, a psicoterapeuta cognitivo-comportamental reforça que “consultar um profissional de saúde mental ou o médico de família é importante”.

No entanto, “se for um episódio mais esporádico, que não cause tanta limitação do dia a dia, o mais importante é distrairmo-nos”. 

“Há pessoas que gostam de ouvir música, pessoas que gostam de ligar para alguém que as apoie e goste delas”, exemplifica. 

Na visão da especialista, “o contacto presencial com pessoas queridas, abrir a janela e apanhar um pouco de ar fresco para distrair a mente” são algumas dicas que podem fazer a diferença. 

Para mais, Filipa Caetano recomenda que se faça “exercícios de respiração”. Um deles, explica, é a pessoa imaginar que tem um balão dentro da barriga, que tenta encher com a respiração. Ou seja, “respira profundamente – inspira e expira – concentrando-se mais na expiração” que deve ser mais prolongada do que a inspiração.

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Saúde mental

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8 Fev 2023 - 03:05

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