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Doenças respiratórias

Sim, os incêndios florestais podem aumentar incidência de asma e ataques cardíacos

14 Fev 2022 - 10:00

Doenças respiratórias

Sim, os incêndios florestais podem aumentar incidência de asma e ataques cardíacos

Os incêndios florestais têm um grande impacto no ambiente e na biodiversidade. Nos últimos anos temos assistido a fogos de grande dimensão um pouco por todo o mundo: na Austrália, no oeste dos Estados Unidos e Canadá, na Amazónia ou, mais perto, na Grécia e na Turquia. Também Portugal é recorrentemente afetado pelas chamas e os incêndios de Pedrógão Grande, Monchique e de outubro de 2017 ainda estão na memória.

Além do impacto ambiental, os incêndios trazem também consequências para a saúde de quem vive nas áreas afetadas. O fumo libertado durante os fogos pode provocar ou exacerbar problemas de saúde na população, tais como asma, doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC), ou doença cardíaca. Estas situações estão relacionadas com a inalação de micropartículas que resultam da combustão.

“O fumo resultante dos incêndios florestais possui altos níveis de partículas e toxinas que podem causar lesões a nível respiratório, cardiovascular e oftalmológico, entre outros. As partículas suspensas são os principais poluentes no contexto dos incêndios florestais com impacte direto na saúde, de acordo com as dimensões das mesmas”, explica a Direção-Geral de Saúde (DGS).

As partículas de maior dimensão – que têm mais de 10 micrómetros de diâmetro – não chegam a atingir os pulmões, mas podem irritar os olhos, o nariz ou a garganta; por outro lado as que têm 10 micrómetros ou menos podem ser inaladas profundamente, o que prejudica o funcionamento dos pulmões. A DGS alerta que “altas concentrações destas partículas levam a tosse persistente, aumento da mucosidade e dificuldade respiratória”.

Também a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA, na sigla inglesa) destaca que “os efeitos do fumo de fogos florestais pode ir desde irritação nos olhos e no trato respiratório até doenças mais graves, incluindo a redução da função pulmonar, bronquite, exacerbação da asma e insuficiência cardíaca e morte prematura”. Acrescenta ainda que as crianças, grávidas e os idosos são particularmente vulneráveis aos efeitos do fumo.

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Mas não são apenas as partículas que podem causar danos à saúde. O monóxido de carbono – um dos componentes libertados na combustão – poderá levar ao aparecimento de vários sintomas. Se a concentração deste gás for inferior a 40%, a pessoa poderá ter “cefaleias, sensação de falta de ar, alterações visuais, irritabilidade, náuseas e fadiga”; caso a concentração varie entre 40 e 60% pode causar “confusão, alucinação, ataxia e coma”; e acima dos 60% o indivíduo morre.

A DGS identifica ainda outras substâncias que podem prejudicar a saúde: “O formaldeído e a acroleína são duas das principais causas da irritação ocular e respiratória e potencial exacerbação da asma. O nível e a duração da exposição, a idade, a suscetibilidade individual, incluindo a presença ou ausência de doença pré-existente (por exemplo, asma, DPOC ou doença cardíaca) têm impacto na saúde.”

Se estiver perto de um fogo florestal deverá estar atento a alguns sintomas: tosse, dificuldade a respirar, espirros, ataques de asma, olhos a picar, comichão na garganta, nariz a pingar, seios nasais irritados, dores de cabeça, cansaço, dores no peito ou aumento do ritmo cardíaco. Caso tenha uma doença crónica, o Centro norte-americano de Controlo e Prevenção de Doença (CDC) aconselha a estar atento aos relatórios de qualidade do ar, seguir as indicações médicas e, caso sinta dificuldades em respirar ou outros sintomas que teimem em não passar, opte por abandonar o local.

Antes de regressar, é aconselhável voltar a analisar os relatórios sobre a qualidade do ar, mesmo que o incêndio já tenha sido extinto. A zona afetada poderá continuar a ter uma elevada concentração de partículas, monóxido de carbono ou outras substâncias no ar mesmo vários dias depois do fim do fogo. Além disso, é comum que as áreas ardidas continuem a libertar alguns gases e partículas mesmo depois de serem apagadas as chamas.

Segundo dados divulgados pela Organização Mundial de Saúde, “os fogos florestais e atividade vulcânica afetaram 6,2 milhões de pessoas entre 1998-2017 com 2.400 mortes globais atribuídas a asfixia, lesões e queimaduras”. Além dos problemas de saúde associados com os incêndios – sejam respiratórios ou cardiovasculares – a OMS destaca ainda que o impacto que estes desastres têm na saúde mental e bem-estar psicossocial.

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14 Fev 2022 - 10:00

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