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Doença homorróidal

São as superfícies duras e frias que provocam doença hemorroidária? Não, é a fricção e o calor

Ouve-se frequentemente que as hemorróidas surgem por a pessoa se sentar em superfícies duras e frias. Não é verdade. Esta patologia desenvolve-se quando existe um traumatismo frequente com roupa quente, traumatismos associados à fricção e ao aquecimento da roupa quente ou, no caso das mulheres, devido à congestão pélvica que acontece em determinadas fases do ciclo menstrual ou durante a gravidez.

4 Ago 2022 - 06:16

Doença homorróidal

São as superfícies duras e frias que provocam doença hemorroidária? Não, é a fricção e o calor

Ouve-se frequentemente que as hemorróidas surgem por a pessoa se sentar em superfícies duras e frias. Não é verdade. Esta patologia desenvolve-se quando existe um traumatismo frequente com roupa quente, traumatismos associados à fricção e ao aquecimento da roupa quente ou, no caso das mulheres, devido à congestão pélvica que acontece em determinadas fases do ciclo menstrual ou durante a gravidez.

A saúde e a sabedoria popular andam, muitas vezes, de mãos dadas. Mas nem sempre a ciência se junta a este duo. É o que se passa neste caso: há quem diga que sentar-se em superfícies duras e frias pode levar ao aparecimento de hemorroidas.

Será?

Antes de mais é necessário diferenciar hemorroidas de doença hemorroidária. “As hemorroidas são pequenas almofadas vasculares que existem, sobretudo, no canal anal e ligeiramente acima do canal anal”, explica Guilherme Macedo, professor de gastroenterologia na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e investigador no CINTESIS. Já a doença hemorroidária ocorre quando existe uma protrusão das hemorroidas, quando estas saem,
sangram, doem ou inflamam.

Esclarecido esse ponto, passemos à verificação da alegação. O gastroenterologista explica ao Viral que estar sentado em sítios frios e duros não provoca doença hemorroidária. Pelo contrário, os fatores identificados para o desenvolvimento desta patologia estão relacionados com temperaturas elevadas na região pélvica. “Há vários componentes que podem provocar doença hemorroidária. Um deles é o traumatismo frequente com roupa quente: o mais comum ocorre quando as pessoas estão muito tempo sentadas, com roupa apertada, onde há um aumento permanente da temperatura corporal na região pélvica. Isso favorece o aparecimento de doença hemorroidária”, explica.

Outra situação que pode estar na origem desta doença são os traumatismos associados à prática de ciclismo, equitação ou outro tipo de desporto em que o atleta esteja em cima de estruturas que possam provocar fricção e aumento de temperatura. Entre as mulheres, é também comum haver um aumento da congestão pélvica durante determinadas fases do ciclo menstrual ou um aumento da pressão abdominal durante a gravidez.

 

Guilherme Macedo explica que há vários tratamentos para a doença hemorroidária, mas sublinha que é muito importante que o paciente permita “a observação por um médico experiente em patologia anorretal”. “Por vezes as pessoas presumem que um pequeno sangramento ou uma sensação ao nível do canal anal possa ter a ver com doença hemorroidária, mas pode não ser. Interessa ter a certeza absoluta de que o que está em jogo é a doença hemorroidária”, afirma.

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Feito o diagnóstico correto, o médico sublinha que há medicação e procedimentos técnicos para o tratamento desta patologia. “Só em circunstâncias especiais pode ser necessário uma cirurgia um pouco mais complexa. De uma maneira geral existem soluções médicas e instrumentais para se resolver a doença hemorroidária”, conclui.

A doença hemorroidária é “muito frequente na população adulta, sendo rara na infância”, pode ler-se no documento de Recomendações para a Doença Hemorroidária publicado na Revista Portuguesa de Coloproctologia. “Estima-se que cerca de 5% da população apresenta pelo menos um episódio de doença hemorroidária durante a vida e que até 50% dos indivíduos após a quinta década de vida, recebe pelo menos uma modalidade de tratamento para a
mesma; e que destes 10 a 20% venham a necessitar de tratamento cirúrgico”, pode ler-se no documento.

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4 Ago 2022 - 06:16

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