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Técnicas de reflexologia aliviam sintomas da síndrome do intestino irritável?

31 Mai 2023 - 11:10
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Técnicas de reflexologia aliviam sintomas da síndrome do intestino irritável?

Em várias publicações partilhadas nas redes sociais alega-se que algumas técnicas de reflexologia – nomeadamente as massagens nas mãos – são eficazes a atenuar sintomas de várias doenças gastrointestinais, como a síndrome do intestino irritável (SII). 

Num post de facebook afirma-se, por exemplo, que “a reflexologia atua através das mãos e dos pés de forma igualmente eficaz, porque os meridianos, ou seja, as vias de energia que normalmente mantêm o nosso corpo saudável, fluem através das mãos e dos pés e ligam-se a várias partes do corpo”. 

Assim, defende-se no mesmo texto, a reflexologia é, supostamente, “um tratamento holístico curativo, equilibrador, desintoxicante e anti-inflamatório que atua em todo o corpo” e “pode ajudar a SII”.

Noutra publicação alega-se mesmo que “a reflexologia pode ser extremamente eficaz e ajudar nos sintomas da Síndrome do Intestino Irritável”. Segundo o mesmo post, a reflexologia “pode aliviar o desconforto abdominal que está associado à SII, acalmar o sistema digestivo e reduzir o stress”. Mas é mesmo assim? O que diz a evidência científica?

É verdade que as técnicas de reflexologia atenuam sintomas da síndrome do intestino irritável?

Em declarações ao Viral, o gastroenterologista Bento Charrua adianta que, “até agora, não existe suporte científico que valide as técnicas de reflexologia”.

No mesmo sentido, num texto informativo dos Institutos Nacionais de Saúde (NHI) dos Estados Unidos da América, explica-se que “a reflexologia é uma prática em que são aplicadas diferentes quantidades de pressão em pontos específicos dos pés ou das mãos”. 

Os defensores desta prática alegam que “estes pontos correspondem a determinadas partes do corpo” e que essa pressão “causa relaxamento e cura nessas partes do corpo”. No entanto, “tal não foi provado”, declara-se.

De facto, a evidência que existe em torno do tema não é suficiente para garantir que a reflexologia seja eficaz no tratamento de qualquer condição clínica (ver aqui, aqui, aqui e aqui). 

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Tal como se escreve no texto do NIH, “há muito poucas evidências sobre a reflexologia para a síndrome do intestino irritável para permitir que se chegue a conclusões sobre a sua utilidade”.

Na área do cancro, refere-se que, num estudo, “as mulheres com cancro da mama em estado avançado que receberam tratamentos de reflexologia apresentaram melhorias em alguns sintomas, como a falta de ar, mas não noutros, como náuseas ou dores”. 

No caso da esclerose múltipla, pequenas investigações sugerem que a reflexologia “pode ser útil para reduzir uma sensação de ardor ou picadas” por vezes associada à doença, mas “não há provas suficientes para apoiar a utilização da reflexologia para a maioria dos sintomas da esclerose múltipla”, esclarece-se.

Em suma, apesar da popularidade da reflexologia, não há evidência científica robusta que comprove a eficácia desta técnica no tratamento ou no alívio de sintomas de doenças como a síndrome do intestino irritável.

O que é a síndrome do intestino irritável e qual o tratamento comprovado?

A síndrome do intestino irritável “é um problema de saúde do tubo digestivo, caracterizado essencialmente pela presença de dor abdominal e alteração nos hábitos intestinais (obstipação e/ou diarreia)”, explica-se na secção do site da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia dedicada à saúde digestiva.

Segundo os dados da SPG, a SII “afeta 10 a 25% das pessoas em todo o mundo”. Em Portugal, “cerca de 1 milhão de pessoas apresentam sintomas” desta patologia.

Em relação ao tratamento, a SPG explica que este “deve ser individualizado”. Nesse sentido, num texto do NIH refere-se que podem ser recomendadas mudanças na alimentação. “As alterações podem incluir comer mais fibras e evitar o glúten”, aponta-se.

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A SPG frisa ainda que, dependendo da pessoa e dos sintomas, o médico pode proceder a uma eliminação temporária de alimentos que causam gases e de produtos com lactose

Noutro plano, também existe medicação utilizada “para aliviar os sintomas e promover a qualidade de vida”, escreve-se. No entanto, por norma, “os medicamentos são reservados a pessoas cujos sintomas não tenham respondido adequadamente a medidas mais conservadoras, tais como alterações na dieta e suplementos de fibras”.

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Por último, o NIH e a SPG salientam a importância, em alguns casos, da terapia psicossocial, já que “o stress e a ansiedade podem agravar a SII em algumas pessoas”, informa a Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia.

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31 Mai 2023 - 11:10

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