Protetores solares causam cancro da pele?
Os protetores solares devem ser usados todos os dias e em qualquer estação do ano. No entanto, em vários artigos e publicações online, alega-se que estes produtos têm “substâncias nocivas” para a saúde que podem causar cancro da pele. Mas será mesmo assim?
Em declarações ao Viral, Marta Ferreira, farmacêutica, pós-graduada em Cosmetologia Avançada, doutoranda em Ciências Farmacêuticas e autora do “Livro da Pele” e do blogue “A Pele Que Habito” responde a esta dúvida.
É verdade que os protetores solares podem causar cancro de pele?
Não há evidência científica robusta que sustente a ideia de que os protetores solares podem causar cancro de pele.
Aliás, em declarações ao Viral, a farmacêutica pós-graduada em Cosmetologia Avançada Marta Ferreira sublinha que vários estudos científicos que estudaram a relação entre o cancro da pele e o uso de protetores solares concluíram que a “utilização do produto não aumenta a incidência do cancro de pele”, reforça.
É também essa a conclusão de uma revisão sistemática de 2018 com incidência em 29 estudos: não há associação significativa entre o uso de protetores solares e o cancro da pele.
De facto, têm sido levantadas dúvidas sobre a segurança de algumas substâncias presentes nos protetores solares – como a avobenzona, oxibenzona, o homosalato ou o octissalato – pelos seus eventuais potenciais efeitos na saúde.
No entanto, Marta Ferreira esclarece que esses ingredientes são filtros solares que permitem absorver e refletir a radiação UVB e UVA – impedindo que estes causem “danos na pele” – e “só podem ser usados em quantidades em que não produzam efeitos nocivos para o ser humano”.
“O risco que cada substância apresenta para o ser humano depende da dose aplicada e do modo como é administrada (oral, injetada, aplicada na pele)”, sustenta.
Além disso, a farmacêutica assinala que, na União Europeia, as substâncias que podem apresentar este tipo de risco “só podem ser usadas em concentrações muito reduzidas para que não se verifiquem efeitos nocivos”.
No caso dos protetores solares, aponta, as restrições são “especialmente conservadoras”.
Importa sublinhar que, segundo o regulamento (CE) N.o 1223/2009 do Parlamento Europeu e do Conselho, um produto cosmético no mercado “deve ser seguro para a saúde humana quando utilizado em condições normais ou razoavelmente previsíveis de utilização” e tem de “cumprir as obrigações estabelecidas”.
O mesmo regulamento, que se aplica a todos os Estados-membros da União Europeia, determina os filtros solares que podem ser utilizados em produtos cosméticos e as concentrações máximas desses ingredientes.
Questionada sobre se as substâncias em causa podem provocar outros problemas, Marta Ferreira referiu que algumas pessoas “são alérgicas a um ou a vários filtros solares”. No entanto, frisa, “isso não acontece com frequência”.
A importância do uso de protetor solar
A exposição solar desprotegida pode provocar “queimaduras na pele e envelhecimento prematuro” e, “a longo prazo, pode aumentar o risco de desenvolver cancro da pele”, alerta a farmacêutica. Assim sendo, os protetores solares têm mais “benefícios do que riscos”.
“O uso do protetor solar é recomendado pela Organização Mundial de Saúde e associações médicas de todo o mundo”, lembra Marta Ferreira.
Sabendo que estes produtos são “avaliados em termos de segurança para os seres humanos”, é importante usar um protetor solar “com fator de proteção mínimo de 30, e, preferencialmente, em creme, leite ou loção”.
Devem ser aplicados cerca de 30 mililitros (o equivalente a 1 copo de shot) de protetor solar “em todo o corpo despido entre 20 a 30 minutos antes da exposição solar”.
A reaplicação do protetor deve ser feita a cada 2 horas, “se estiver exposto/a diretamente ao sol, após o banho, se transpirar ou se houver contacto da pele com a toalha”, conclui.