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Ambiente

Poluição do ar também é prejudicial à saúde quando não é visível

24 Mar 2022 - 11:00

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Poluição do ar também é prejudicial à saúde quando não é visível

Quando se fala em poluição do ar, a imagem que surge rapidamente no pensamento são nuvens de fumo a sair de chaminés ou um intenso nevoeiro que impede a visibilidade. O contacto com um ambiente poluído pode ter consequências para a saúde, mas será que a poluição só é prejudicial quando se consegue ver?

Não. A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que “a falta de nevoeiro visível não é indicadora de que o ar é saudável”. Existe um conjunto de partículas e moléculas – incluindo as PM2,5, identificadas desta forma por terem 2,5 nanometros ou menos de diâmetro – que podem ser “venenosas” para o ser humano, mesmo não sendo visíveis a olho nu. No entanto, conseguem atravessar as defesas do organismo e provocar danos nos pulmões, coração e cérebro.

Também a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA, na sigla inglesa) sublinha que “a poluição do ar pode ser prejudicial mesmo quando não é visível” e acrescenta que “novos estudos científicos têm mostrado que alguns poluentes podem prejudicar a saúde pública e o bem-estar em níveis muito baixos”.

A OMS sublinha ainda que é “difícil de escapar” à poluição do ar. “Pelo mundo, tanto cidades como vilas vêem os níveis de poluentes tóxicos no ar a exceder os valores anuais recomendados pelas diretrizes da OMS sobre a qualidade do ar.”

Na Europa, muitos cidadãos vivem em áreas onde os níveis de poluição do ar são elevados, segundo dados da Agência Europeia do Ambiente (EEA, na sigla inglesa). “Tanto a exposição a curto como a longo prazo à poluição do ar pode levar a uma ampla variedade de doenças (por exemplo doença cardiovascular, redução da função pulmonar, infeções respiratórias e asma agravada)”.

O efeito da poluição na saúde pública é um problema “sério”. A OMS avança que “nove em cada dez pessoas respiram ar poluído, que mata sete milhões de pessoas todos os anos” e que “um terço das mortes por ataque cardíaco, cancro dos pulmões ou doença cardíaca são devidas à poluição do ar.” A inalação da poluição do ar tem já um “efeito equivalente” ao de fumar tabaco.

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Segundo estimativas da EEA, “em 2018, aproximadamente 379 mil mortes prematuras foram atribuídas a PM2,5 nos 27 estados-membro da UE e nos Reino Unido”. “O número de mortes prematuras foi reduzido em mais de metade desde 1990”, avança ainda a agência europeia.

O relatório sobre a qualidade do ar na Europa, publicado pela EEA em 2020, conclui que os níveis anuais máximos de PM2,5 “foram ultrapassado em 70% das estações de monitorização”. Num mapa disponibilizado pela agência, Portugal surge com um dos valores mais baixos do número de mortes prematuras por 100 mil habitantes, associadas à poluição do ar. As regiões do Grande Porto, Aveiro e da Grande Lisboa são as que apresentam um valor ligeiramente mais elevado.

A OMS sublinha que se forem cumpridas as metas impostas pelo Acordo de Paris, seria possível “salvar perto cerca de um milhão de vidas por ano a nível mundial até 2050 só pela redução da poluição do ar”.

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Em conclusão: a poluição do ar pode ser invisível e, ao mesmo tempo, provocar danos graves na saúde dos cidadãos. A poluição é responsável pela morte prematura de cerca de sete milhões de pessoas por todo o mundo.

24 Mar 2022 - 11:00

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