Circulam no TikTok vários vídeos em que se enumera um conjunto de alimentos “proibidos” para quem está a tentar emagrecer. Segundo estas teorias, a restrição completa desses alimentos irá facilitar uma perda de peso. Um exemplo frequente são as pipocas, apresentadas nas redes sociais como um “vilão” no processo de emagrecimento.

Mas é verdade que não se pode comer pipocas quando se quer emagrecer? E é saudável rotular alimentos como “proibidos”?

Quando se quer emagrecer, não se pode comer pipocas?

Em declarações ao Viral, Teresa Campos, diretora clínica da Nutrémia e diretora da Licenciatura de Dietética e Nutrição do ISAVE – Instituto Superior de Saúde, adianta que as pipocas “promovem uma boa saciedade e beneficiam, inclusive, o funcionamento intestinal, não estando contraindicadas em processos de perda de peso”. 

A diretora da Nutrémia salienta os vários benefícios nutricionais do milho, um alimento “rico em amido, proteínas, vitaminas A e C e ácido fólico e, nos minerais magnésio, fósforo e potássio”.

Tendo em conta que “o milho para a preparação de pipoca tem semelhante valor energético e nutricional”, a pipoca “é uma escolha saudável e possível para snacks ou lanches, não esquecendo, no entanto, que a quantidade a ingerir deve ser moderada”. 

Um ponto importante a ter em consideração, segundo Teresa Campos, é a preparação das pipocas. É aí que pode estar a diferença de calorias ingeridas.

Para não aumentar o teor calórico deste snack, “devemos optar por preparar [as pipocas] em casa, com o grão de milho, uma pequena adição de azeite e sem adicionar açúcar, sal ou outros ingredientes”.

Noutro plano, na perspetiva da nutricionista, é interessante abordar “a escolha do milho também para os nossos pratos como opção e fonte de hidratos de carbono”. Sendo que, segundo a nutricionista, devemos preferir o milho congelado ou fresco ao milho enlatado.

Teresa Campos esclarece que “os alimentos congelados podem ser tão nutritivos como os frescos, pois mantêm as suas características e são seguros em termos de higiene alimentar”. 

Por outro lado, “a maçaroca de milho pode ser simplesmente cozida ou grelhada com o tempero de ervas aromáticas, assim como o milho em grão”. 

Além disso, “seja para a preparação de pratos ou para a preparação de pipoca”, o milho é benéfico para quem sofre de doença celíaca, porque não contém glúten – a proteína a eliminar nesse quadro clínico”, acrescenta.

Em suma, “a pipoca, preparada a partir do grão de milho, é um alimento saudável desde que preparada com os cuidados referidos, ingerida de forma moderada e enquadrada num comportamento alimentar saudável”, conclui a nutricionista.

A questão dos alimentos “proibidos”

Como explicou anteriormente ao Viral a nutricionista Inês Pádua, não é viável retirar-se por completo “alimentos que podem perfeitamente fazer parte de uma alimentação saudável (como os lácteos, a soja e o milho) se a pessoa não manifestar nenhuma sintomatologia associada” ao seu consumo.

Aliás, acrescentava à data a nutricionista, “o conceito de proibido poderá ser efetivamente pernicioso“. Isto não quer dizer que “não deve ser feita uma avaliação crítica dos alimentos”, que “alguns devam ser reservados a determinados momentos” e que “o seu consumo seja ponderado”, esclarecia.

No entanto, para Inês Pádua, fazer esta gestão “é diferente de colocar um rótulo de proibido nos alimentos que pode levar a comportamentos de compulsão e de desinibição se, porventura, existir algum momento em que este consumo dos ‘proibidos’ se venha a verificar”.