Pintar as unhas dos pés previne fungos?
Desenvolver fungos nas unhas não é um fenómeno raro. Por isso, é também comum a partilha online de “curas caseiras” ou de métodos para evitar este problema. Um deles assenta na ideia de que pintar as unhas dos pés previne o desenvolvimento de fungos.
Aliás, houve quem apontasse, recentemente, que este poderia ser o motivo pelo qual Cristiano Ronaldo teria as unhas dos pés pintadas de preto. Mas confirma-se que pintar as unhas dos pés previne fungos? O que diz a evidência científica?
É verdade que pintar as unhas dos pés previne fungos?
Em declarações ao Viral, Liliana Ávidos, podologista e professora do Instituto Politécnico de Saúde do Norte da Cooperativa de Ensino Superior Politécnico e Universitário (CESPU), informa que “não há nenhuma evidência científica de que a aplicação de vernizes cosméticos previne infeções fúngicas”.
Aliás, acrescenta, “toda a literatura é consensual que a maioria dos cosméticos tem produtos agressivos à morfologia molecular da unha, ou seja, que afetam as células das unhas”.
Por isso, estes produtos acabam por ser “muito mais um agente de agressão do que um agente de proteção”, podendo a sua aplicação ser até “um potencial fator de risco para o desenvolvimento” de fungos.
Porque surgem os fungos? Há alguma forma de os evitar?
“Os fundos das unhas são, efetivamente, uma patologia muito prevalente”, salienta Liliana Ávidos.
A podologista explica que “os fungos vivem na flora comensal da nossa pele, ou seja, vivem connosco, sem nos causar dano”. O problema surge quando se criam condições para o desenvolvimento desses fungos.
Esses fatores de risco são, por exemplo, “um corte incorreto da unha, um traumatismo (seja, uma pancada ou uma tocada num móvel), a aplicação de produtos cosméticos recorrentes (como o verniz gel), ou até a frequência de piscinas e balneários”.
Nessas situações, a unha fica fragilizada, “mais exposta à penetração dos fungos que coabitam na nossa pele”, e é mais provável que se desenvolva uma infeção.
Existe alguma forma de prevenir essa infeção? Segundo a podologista, “preservar a integridade da unha é a melhor forma de prevenir as infeções fúngicas”, defende a professora da CESPU.
Isto é, “uma unha que está íntegra, não é cortada em excesso, não é mexida em excesso e não é agredida por um traumatismo, é uma unha naturalmente mais protegida das infeções fúngicas”, sustenta.
Para mais, há alguns cuidados diários que podem ajudar a prevenir este tipo de infeções. Num texto informativo publicado no site da Academia Americana de Dermatologia (AAD) recomenda-se, por exemplo, que use “chinelos ou sandálias de banho quando andar em áreas quentes e húmidas, como ginásios, balneários, spas, duches públicos e piscinas”.
Também é aconselhado trocar as meias todos os dias e “sempre que as meias ficam suadas”.
Em relação ao calçado, sugere-se a troca de sapatos com alguma frequência. “Os fungos desenvolvem-se em locais húmidos”, como o calçado. Assim, pode-se reduzir o desenvolvimento de fungos se os sapatos tiverem “24 horas para secar antes de os voltar a usar”.
Por outro lado, também se pode polvilhar pó antifúngico no calçado para “evitar o crescimento de fungos nos sapatos”.
Não é aconselhado partilhar “corta-unhas, sapatos, patins, toalhas e outros artigos pessoais”. Além disso, deve-se “higienizar o corta-unhas antes de o utilizar”, salienta-se no mesmo texto.
“Uma área húmida e quente é o local perfeito para os fungos se desenvolverem”, avisa-se. Portanto, é importante manter “os pés limpos e secos”. Tendo em conta que “os fungos podem entrar através de pequenas fissuras na pele”, é necessário hidratar a pele seca.
Noutro plano, refere-se no texto, se uma pessoa acabou de tratar fungos nas unhas, tem duas opções: ou deita fora os sapatos “que usava antes de iniciar o tratamento”, ou “pode desinfetá-lo utilizando um desinfetante ultravioleta para calçado”.