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Pfizer “acaba de divulgar” lista de efeitos secundários da vacina contra a Covid-19?

20 Jan 2025 - 09:32
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Pfizer “acaba de divulgar” lista de efeitos secundários da vacina contra a Covid-19?

Em várias publicações do Facebook alega-se que a Pfizer, a empresa farmacêutica responsável por uma das vacinas contra a Covid-19, revelou recentemente vários efeitos secundários graves causados pela toma da vacina. 

Num dos posts, publicado no início do mês de janeiro deste ano, sugere-se que “a Pfizer acaba de divulgar a lista de efeitos secundários” da vacina Pfizer-BioNTech Covid-19

Na publicação, enumeram-se mais de 40 supostos efeitos secundários, entre os quais estão: “lesão renal aguda”, “trombose vascular hepática”, “acidente vascular cerebral trombótico”, “diabetes mellitus tipo 1” e “morte súbita”.

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No final da publicação em questão partilha-se o print de um documento intitulado “After Action Review of the COVID-19 Pandemic” (“Revisão Pós-Ação da Pandemia de COVID-19”, em português), publicado no dia 4 de dezembro de 2024. É verdade que a Pfizer publicou, no final de 2024, uma lista de efeitos secundários da vacina contra a Covid-19?

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Pfizer divulga mais de 40 efeitos secundários da vacina contra a Covid-19?

Não, a Pfizer não divulgou uma lista com “efeitos secundários” da vacina contra a Covid-19 no final de 2024. Além disso, o documento apresentado não é da autoria da empresa farmacêutica.

Em primeiro lugar, importa salientar que o documento apresentado no post em análise (através de um print da primeira página), intitulado “After Action Review of the COVID-19 Pandemic”, é o relatório final de uma investigação feita pelo painel Covid-19 da Comissão de Supervisão e Responsabilização da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos da América, que analisou a resposta deste país à pandemia.

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Por isso, este documento, apesar de referir informações sobre a Pfizer, não é da autoria da empresa que fabricou a vacina.

Por outro lado, a lista de supostos “efeitos secundários” partilhada neste e noutros posts de Facebook já tinha sido publicada anteriormente, pelo menos em 2022 e 2023, ou seja, não é uma nova lista que a Pfizer “acaba de divulgar”.

Já tinham sido verificados posts anteriores com listas semelhantes por plataformas de fact-checking, como o Science Feedback (ver aqui e aqui), a AFP Fact Check e a Reuters Fact Check.

De facto, esta lista está presente num documento da Pfizer. No entanto, além de o documento ser de 2021 (e não de dezembro de 2024), os quadros clínicos apresentados correspondem a “acontecimentos adversos de interesse especial” (AESIs, na sigla inglesa) e não a “efeitos secundários” da vacina contra a Covid-19.

Inicialmente, o documento em questão era confidencial. No entanto, acabou por ser tornado público pela autoridade reguladora do medicamento dos Estados Unidos (FDA), depois de o grupo sem fins lucrativos “Public Health and Medical Professionals for Transparency” (Profissionais de Saúde Pública e Medicina pela Transparência, em português) fazer um pedido – no âmbito da lei de acesso à informação dos Estados Unidos (FOIA) – pelos dados completos sobre a aprovação da vacina Pfizer-BioNTech em agosto de 2021 (ver aqui, aqui e aqui).

Nas últimas páginas do documento pode-se ler uma lista de vários “acontecimentos adversos de interesse especial”, entre os quais se incluem os mencionados no post de Facebook.

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Tal como explica a Autoridade Europeia do Medicamento (EMA), no seu site, entende-se por acontecimento ou evento adverso um “acontecimento médico indesejável após a exposição a um medicamento, que não é necessariamente causado por esse medicamento”.

A definição da FDA é semelhante. Um evento adverso corresponde “a qualquer ocorrência médica desfavorável num doente ou num sujeito de investigação clínica a quem foi administrado um produto farmacêutico e que não tem necessariamente uma relação causal com esse tratamento”, lê-se. 

Define-se como “acontecimento adverso de interesse especial” um evento (grave ou não grave) “de interesse científico e médico específico do produto ou programa do promotor, para o qual pode ser adequada uma monitorização contínua e uma comunicação rápida do investigador ao promotor”. 

Neste contexto, o acontecimento adverso “pode justificar uma investigação mais aprofundada para o caracterizar e compreender”, acrescenta-se no mesmo texto.

Por outras palavras, “acontecimentos adversos” são todos os problemas de saúde registados após a vacinação, mesmo que não tenham sido causados pela vacina.

Isto não é o mesmo que dizer “efeito secundário”. Entende-se por “reação adversa a um medicamento” ou “efeito secundário” uma “reação nociva e não intencional a um medicamento”, salienta a EMA. Ou seja, os efeitos secundários são sintomas (conhecidos) causados pela toma de um determinado medicamento

Em relação à vacina Pfizer, os efeitos secundários deste fármaco são de conhecimento público e estão discriminados no folheto informativo (pode ler todos aqui).

Os efeitos secundários mais frequentes (ou seja, que “podem afetar mais de uma em cada 10 pessoas”) são, por exemplo: “dor” e “inchaço” no local da injeção; “cansaço”; “dor de cabeça”; “dores musculares”; “arrepios”; “dores nas articulações”; “diarreia”; e “febre”.

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Menos frequentemente (uma em cada cem pessoas), pode experienciar sintomas, como: “sensação de mal-estar”; “reações alérgicas, como erupção cutânea ou comichão”; “diminuição do apetite”; “tonturas”; e “suores noturnos”, aponta-se no documento.

Uma em cada mil pessoas pode ter “queda temporária de um lado da face”, “reações alérgicas como urticária ou inchaço da face”.

É muito raro (uma em cada dez mil pessoas) registar-se “falta de ar, palpitações ou dor no peito”.

Além disso, são ainda apontados efeitos secundários cuja frequência não pode ser estimada, tendo em conta os dados disponíveis. Alguns exemplos são: “inchaço extenso do membro vacinado” e “diminuição da sensação ou sensibilidade, especialmente na pele”.

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