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Pílula

Não, não há evidência científica de que a pílula anticoncepcional engorda

A ideia de que a pílula provoca o aumento de peso na mulher é quase tão antiga como a existência deste contraceptivo. Trata-se, porém, de uma convicção incorreta

28 Dez 2021 - 04:26

Pílula

Não, não há evidência científica de que a pílula anticoncepcional engorda

A ideia de que a pílula provoca o aumento de peso na mulher é quase tão antiga como a existência deste contraceptivo. Trata-se, porém, de uma convicção incorreta

Os anticoncepcionais, em especial a pílula, transportam décadas de fama de terem como consequência o aumento de peso. A progesterona e o estrogénio são os dois “ingredientes” aos quais é imputado o alegado efeito.

Contudo, os estudos elaborados sobre o tema, na sua maioria, não confirmam esta correlação.

A “Combination contraceptives: effects on weight” é uma série de revisões críticas – realizada periodicamente por uma equipa de investigadores – dos estudos sobre a relação entre a toma da pílula e o aumento de peso. Publicadas em 2003, 2006, 2008, 2011 e 2014 no Cochrane Database of Systematic Reviews – um banco mundial de dados para revisões sistemáticas nos cuidados de saúde –, estas pesquisas tiveram sempre como desfecho a conclusão de que “as provas disponíveis eram insuficientes para determinar o efeito dos contraceptivos combinados sobre o peso, mas nenhum efeito grande era evidente”.

A revista científica Journal of Women’s Health publicou em Janeiro de 2014 o estudo “Alterações do peso e da composição corporal durante o uso de contraceptivos orais em mulheres obesas e com peso normal” (após tradução), que teve como população que cumpriu até ao fim os requisitos da investigação 150 mulheres (96 de peso normal e 54 obesas), no período entre Julho de 2006 e Dezembro de 2008. Esta análise, ao contrário da grande parte das duas antecedentes, analisou a exposição do peso das mulheres obesas ao uso de anticoncepcionais tomados por via oral. Os resultados mostraram que “não houve alterações clínica ou estatisticamente significativas do peso ou da composição corporal” nos dois grupos, quando comparadas com os das mulheres com a mesma tipologia de peso que usaram outros métodos contraceptivos.

 

Por isso, a conclusão das três investigadoras da Universidade de Columbia (Nova Iorque) é a de que “a utilização [da pílula] não está associada a alterações de peso” até porque, entre a minoria de mulheres que experimentaram mudança de peso, “a perda de peso foi tão comum como o ganho de peso”.  Estas ilações aplicam-se tanto ao grupo de mulheres com peso normal como ao das obesas.

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Em Junho de 2017, a agência pública alemã que tem a tutela da avaliação da qualidade e eficiência dos tratamentos médicos e medicamentos – o Institut für Qualität und Wirtschaftlichkeit im Gesundheitswesen (IQWiG) –  publicou no seu site o artigo “Contracepção: Os contraceptivos hormonais causam aumento de peso?”

No texto, são referidas as insuficiências dos estudos realizados sobre o tema, é acautelada a possibilidade de “cada mulher possa de facto ganhar peso”, mas a convicção expressa é a de que “muitas mulheres ganham peso lentamente ao longo dos anos, quer usem ou não contracepção hormonal”. Citando uma revisão crítica de 45 estudos sobre esta temática, o IQWiG indica que “não foi encontrada qualquer ligação entre a dosagem hormonal e o ganho de peso”.

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 Em suma, não é verdade – pelo menos, não há prova científica nesse sentido – que os contraceptivos/a pílula provoquem o aumento de peso.

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Obesidade | Reprodução

28 Dez 2021 - 04:26

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