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Dermatologia

Óleos essenciais podem travar queda de cabelo? Depende da situação e há poucos estudos a comprová-lo

25 Abr 2022 - 09:00

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Óleos essenciais podem travar queda de cabelo? Depende da situação e há poucos estudos a comprová-lo

“Travar a queda de cabelo com óleos essenciais.” É esta a promessa deixada numa publicação partilhada num grupo de Facebook com mais de 2 mil e 300 membros. No post são incluídas hashtags (palavras-chave) como “alopecia” e “saúde natural”, dando a entender que estes óleos podem ser utilizados como alternativa aos métodos tradicionais no tratamento da queda de cabelo.

Para perceber se há algum fundamento científico nesta alegação, o Viral consultou a médica dermatologista e professora da FMUP, Carmen Lisboa, e o  coordenador de dermatologia do Hospital CUF Cascais, Diogo Pereira Forjaz, e concluiu que a resposta é complexa.

Num primeiro plano, Carmen Lisboa explica que “a utilização de óleos essenciais é uma forma não convencional de tratar a alopecia” e que “há alguns (poucos) estudos” a concluir que “os óleos essenciais podem ajudar no tratamento de certas formas de alopecia”. No entanto, sublinha, “faltam estudos científicos duplamente cegos, randomizados, para comprovar a eficácia dos óleos essenciais no tratamento da alopecia”.

No mesmo plano, Diogo Pereira Forjaz lembra que a eficácia destes óleos dependem “do tipo de queda capilar ou alopecia confirmada pela tricoscopia (exame dermatológico do couro cabeludo)”. “Existem várias causas relacionadas com as patologias do couro cabeludo e do cabelo. Os óleos essenciais têm propriedades que ajudam a solucionar com bastante eficácia, em alguns casos, essas causas. Muitos dos óleos essenciais comercializados incluem características nutritivas, calmantes, anti-inflamatórias ou sebo-reguladores que podem ser associados a outras terapias no âmbito dermatológico capilar”, sustenta o dermatologista.

Ainda assim, Pereira Forjaz considera “a aplicação de óleos essenciais no couro cabeludo e no cabelo um tratamento coadjuvante, para associar a outras terapias capilares, de forma a proporcionar uma abordagem terapêutica completa e personalizada a cada paciente”. Isto é, deve ser visto como um complemento e não como uma alternativa por si só.

“A aplicação de óleos essenciais no couro cabeludo e no cabelo um tratamento coadjuvante, para associar a outras terapias capilares, de forma a proporcionar uma abordagem terapêutica completa e personalizada a cada paciente”.

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Ambos os dermatologistas chamam a atenção para o facto de este não ser um tratamento inócuo. Carmen Lisboa frisa que “a irritação do couro cabeludo no local da aplicação” é o efeito adverso mais comum reportado nos poucos trabalhos publicados sobre esta matéria.

Já Pereira Forjaz destaca que há riscos no uso deste tratamento, “principalmente quando as pessoas utilizam este tipo de alternativa terapêutica por auto-recriação ou iniciativa própria sem consultar um médico especialista”. O dermatologista salienta que, “apesar de se tratarem de substâncias puras e naturais, quando aplicadas em excesso ou com a diluição errada, os óleos essenciais podem provocar efeitos adversos inesperados”, sendo que “quando mal aconselhados, podem ocorrer reações dermatológicas agudas no couro cabeludo pela sua aplicação tópica, causando, por exemplo, dermatites de contacto e alérgicas”.

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“Apesar de se tratarem de substâncias puras e naturais, quando aplicadas em excesso ou com a diluição errada, os óleos essenciais podem provocar efeitos adversos inesperados”.

Diogo Pereira Forjaz acrescenta que “existe, ainda, o risco de ocorrência de uma “intoxicação” pela sua aplicação exagerada, dada a sua grande capacidade de penetração na pele”.

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25 Abr 2022 - 09:00

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