A resposta para estas perguntas recebeu o Prémio Nobel de 2005. Foi com a investigação de Barry G. Marshall e J. Robin Warren que o Mundo ficou a saber que na origem das úlceras do sistema gastrointestinal não está o stresse, nem a ingestão de álcool, nem a comida picante, o consumo excessivo de café ou o défice de sono que durante anos arcaram com as culpas do desenvolvimento destas lesões no sistema gastrointestinal.

Os dois investigadores australianos descobriram na década de 1980 a existência da Helicobacter pylori , como contou Barry G. Marshall em entrevista ao Canadian Journal of Gastroenterology, e estabeleceram a correlação entre esta bactéria e aparecimento da inflamação do estômago, conhecida como gastrite, e das lesões no estômago e no duodeno, conhecidas como úlcera péptica.

Entretanto, novas investigações têm mostrado que o uso prolongado a anti-inflamatórios não esteróides, medicamentos usados para controlar a dor e a inflamação, também tem um papel importante no aparecimento das úlceras pépticas. Este estudo, publicado na revista The Lancet, reconhece que, apesar dos avanços alcançados na descoberta da fisiopatologia da doença e do desenvolvimento de fármacos eficazes para tratar as lesões, esta doença permanece como um importante problema de saúde pública devido ao aumento exponencial do consumo destes fármacos, indicados para o tratamento de patologias cada vez mais frequentes devido ao envelhecimento da população, como sejam as doenças reumáticas.

Em resumo, as úlceras do sistema gastrointestinal, estômago e duodeno, estão diretamente relacionadas com a infeção causada pela bactéria Helicobacter pylori e pelo uso prolongado de anti-inflamatórios não esteróides.