O National Cancer Institute – a agência pública responsável pela monitorização da doença nos Estados Unidos – explica porque é que tantas vezes é feita a ligação entre o uso do desodorizante e o aparecimento do cancro da mama: “Os compostos à base de alumínio são utilizados como ingrediente ativo nos antitranspirantes. Estes compostos formam um ‘tampão’ temporário que para o fluxo de suor, evitando que vá para a superfície da pele. Algumas investigações sugerem (…) que o alumínio pode ser absorvido pela pele e ter efeitos semelhantes aos do estrogénio [substância que pode promover o crescimento de células cancerosas na mama]”.

O mesmo instituto assegura, no entanto, que “nenhuma prova científica associa” a utilização de desodorizantes ao desenvolvimento do cancro da mama.

De facto, a maior parte dos poucos estudos sobre o tema aponta para a inexistência de qualquer relação causal ou risco substancial no uso do cosmético. Um dos mais taxativos foi o “Antiperspirant use and the risk of breast cancer” (Utilização de antitranspirantes e o risco de cancro da mama), publicado em outubro de 2002 no “Journal of The National Cancer Institute” da Universidade de Oxford.

Os três autores da investigação analisaram uma população constituída por mulheres com idades compreendidas entre os 20 e os 74 anos, num universo de 813 casos de doença e 793 casos de controlo (entre novembro de 1992 e março de 1995). A conclusão aponta para que “o risco de cancro da mama não aumentou com nenhuma das seguintes atividades: 1) antitranspirante ou desodorizante; 2) produtos usados para fazer depilação com lâmina de barbear e 3) produtos usados nas axilas na hora seguinte à depilação”.

“Não existem provas claras de que a utilização de antitranspirantes ou cosméticos que contenham alumínio aumente o risco de doença de Alzheimer ou de cancro da mama. O alumínio metálico, os seus óxidos e sais comuns não demonstraram ser nem genotóxicos nem cancerígenos”.

Em outubro de 2014, um artigo científico publicado na revista especializada inglesa “Critical Reviews in Toxicology” propunha-se fazer “um exame sistemático da literatura revista por pares sobre os efeitos adversos na saúde dos materiais de alumínio [desde 2007]”. Esta revisão realizada por oito investigadores atestou que “não existem provas claras de que a utilização de antitranspirantes ou cosméticos que contenham alumínio aumente o risco de doença de Alzheimer ou de cancro da mama. O alumínio metálico, os seus óxidos e sais comuns não demonstraram ser nem genotóxicos nem cancerígenos”.