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Alimentação

Não, os alimentos frescos não são mais saudáveis do que os congelados

11 Mai 2022 - 09:00

Alimentação

Não, os alimentos frescos não são mais saudáveis do que os congelados

Afinal, os legumes são mais saudáveis se forem frescos ou congelados? Nas redes sociais ainda surgem publicações sobre dúvidas em relação a este tema.

“Fiquei bem surpreso com a história dos alimentos congelados. Sempre achei que legumes congelados perdiam os nutrientes, mas parece que isso não é verdade”, diz um utilizador do Twitter ao citar um artigo da BBC News Brasil. A este tweet responde outro internauta: “Eu também achava isso. Sempre teve aquela coisa de ‘congelado é sempre pior!’”.

Existem ou não diferenças nutricionais significativas entre os alimentos congelados e os frescos?

A nutricionista Helena Trigueiro garante ao Viral que “não, os alimentos congelados não possuem valor nutricional inferior apenas por não estarem ‘frescos’”. A verdade é que as características que fazem dos alimentos mais, ou menos, saudáveis não se alteram drasticamente com a congelação, apesar de poderem sofrer algumas alterações na sua textura e consistência com a descongelação. “Claro que o teor de alguns micronutrientes, como vitaminas hidrossolúveis, pode ser afetado, mas os estudos não têm sido claros, sendo que os resultados variam e que esta ligeira variação nunca faria de um hortícola congelado um ‘mau’ alimento”, realça a investigadora e estudante da Universidade de Ulster.

“Claro que o teor de alguns micronutrientes, como vitaminas hidrossolúveis, pode ser afetado, mas os estudos não têm sido claros, sendo que os resultados variam e que esta ligeira variação nunca faria de um hortícola congelado um ‘mau’ alimento”.

Helena Trigueiro aponta que os riscos microbiológicos são muitas vezes associados aos legumes congelados, mas a verdade existem também diferentes riscos microbiológicos relativos aos produtos frescos. Assim, a questão não é a forma como os vegetais são conservados, mas sim se as condições de segurança alimentar estão garantidas ou não.

Falando apenas dos vegetais, “as opções congeladas são habitualmente mais baratas e igualmente nutritivas, sendo que o hortícola é habitualmente congelado no seu pico de maturação. Além disso, as versões congeladas podem trazer benefícios de redução de desperdício alimentar, no caso de excedente de sobras, ou dificuldade no planeamento de consumo dos hortícolas”, esclarece a nutricionista.

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A investigadora defende que o que “importa é que os coma. Seja fresco ou congelado, o que importa é que o alimento esteja seguro. O importante é garantir o consumo desse grupo de alimentos tantas vezes ignorado”.

“As opções congeladas são habitualmente mais baratas e igualmente nutritivas, sendo que o hortícola é habitualmente congelado no seu pico de maturação. Além disso, as versões congeladas podem trazer benefícios de redução de desperdício alimentar, no caso de excedente de sobras, ou dificuldade no planeamento de consumo dos hortícolas”.

No caso de outro tipo de alimentos, que muitas vezes são vendidos em supermercados na secção dos congelados (como hambúrgueres ou panados), Trigueiro explica que a diferença entre serem preparados na hora ou congelados residirá na composição nutricional de cada um, mas não no facto de serem congelados ou não. Quer isto dizer que, congelar estes alimentos não os torna mais, ou menos, saudáveis.

Preparar um hambúrguer com ingredientes que estão sob o controlo da pessoa que os faz, mais simples e compostos de carne de melhor qualidade, será à partida mais saudável do que consumir a maioria dos hambúrgueres congelados. Porquê? A “diferença reside na composição, não no congelamento”, reforça a especialista em nutrição.

Assim que o alimento está congelado, seu estado de refrigeração e/ou congelação deve ser assegurado. Além disso, é necessário apontar a data em que se congelou o produto, de forma a consumir primeiro os alimentos congelados há mais tempo. “É necessário ter em atenção a forma como congelamos e descongelamos os alimentos”, avisa Helena Trigueiro.

“É necessário ter em atenção a forma como congelamos e descongelamos os alimentos”, avisa Helena Trigueiro.

A nutricionista reitera as recomendações da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), que aconselha que os frigoríficos estejam sempre a cerca de 4ºC, uma vez que muitos dos microrganismos têm “temperaturas mínimas de crescimento entre 6 e 10ºC”. Isto “significa que se se deixar a temperatura do frigorífico subir acima da temperatura recomendada, podem criar-se as condições para que estes microrganismos possam crescer ou produzir as suas toxinas”, realça a ASAE.

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Além disso, ainda é recomendado, entre outras coisas, que:

– O frigorífico deve estar sempre limpo, “porque quaisquer resíduos de comida podem servir como um nicho para os microrganismos se multiplicarem”;

– Quando adquiridos, os alimentos devem ser guardados no frigorífico o mais rapidamente possível, de forma a evitar que estejam expostos a temperaturas propícias ao desenvolvimento de microrganismos;

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– Nunca se deve recongelar alimentos, porque ao descongelar um alimento em que esteja presente uma bactéria, a temperatura vai subir entrando-se no intervalo de temperaturas adequadas à sua multiplicação. “Se se voltar a congelar o alimento, podem-se passar a ter, por exemplo, 600 bactérias, em vez das 10 que pudessem existir inicialmente”. Ao voltar a congelar vai haver condições para que essa bactéria volte a multiplicar-se de modo a tornar a intoxicação alimentar quase inevitável;

– Deve-se “descongelar os alimentos rapidamente a temperaturas elevadas (por exemplo com água corrente ou no micro-ondas) ou descongelar no frigorífico”.

 

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11 Mai 2022 - 09:00

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