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Nutrição

Não, o micro-ondas não elimina os nutrientes da comida

Entre os vários problemas apontados às refeições confecionadas ou aquecidas no micro-ondas, o da perda dos nutrientes é um dos mais recorrentes. Confirma-se essa supressão?

12 Jan 2022 - 07:00

Nutrição

Não, o micro-ondas não elimina os nutrientes da comida

Entre os vários problemas apontados às refeições confecionadas ou aquecidas no micro-ondas, o da perda dos nutrientes é um dos mais recorrentes. Confirma-se essa supressão?

Nas cozinhas norte-americanas, de forma generalizada, desde a década de 1960, os micro-ondas trouxeram dúvidas quanto aos efeitos que a radiação por ondas eletromagnéticas teriam sobre os alimentos, designadamente sobre os seus nutrientes. A ideia da degradação dos ingredientes começou a ganhar força entre os consumidores e a incerteza sobre os benefícios deste equipamento originou diversos estudos.

Logo em 1982, um artigo publicado na revista científica inglesa “Critical Reviews in Food Science and Nutrition” sobre o “O efeito das micro-ondas no valor nutritivo dos alimentos” rebateu a ideia da perda substancial de nutrientes em consequência do uso deste eletrodoméstico. Baseado na tese de mestrado de uma aluna da Universidade do Kansas (Estados Unidos), apresentada em 1980, o texto que apresenta os resultados da investigação refere que “não existem diferenças nutricionais significativas entre os alimentos preparados por métodos convencionais e de microondas”, concluindo que “quaisquer diferenças relatadas na literatura são mínimas”

Três anos mais tarde, em agosto de 1985, um outro artigo científico, agora publicado no “Journal of the American Dietetic Association”, afastava-se ainda mais da tese da degradação dos alimentos pelo uso do micro-ondas. Intitulada “Efeitos da cozedura/reaquecimento por micro-ondas sobre os nutrientes e sistemas alimentares: uma revisão de estudos recentes”, a investigação concluía mesmo haver “retenção igual ou melhor de nutrientes em micro-ondas, em comparação com o convencional [modo de confeção ou aquecimento]”.

A investigação concluía mesmo haver “retenção igual ou melhor de nutrientes em micro-ondas, em comparação com o convencional [modo de confeção ou aquecimento]”.

Esta constatação viria a ser reforçada alguns anos mais tarde (2003), em especial no que diz respeito aos vegetais, num estudo de investigadores espanhóis pertencentes ao  Centro de Edafología y Biología Aplicada del Segura (de Múrcia), depois publicado no “Journal of the Science of Food and Agriculture” (Inglaterra).

Mais recentemente (fevereiro de 2019), a Harvard Medical School – através da Harvard Health Publishing – respondeu desta forma à já clássica questão se os nutrientes dos alimentos eram eliminados pelo micro-ondas: “Cozinhar no micro-ondas é, na verdade, uma das formas menos prováveis de causar danos aos nutrientes. Isto porque quanto mais tempo a comida está a cozinhar, mais nutrientes tendem decompor-se e a cozedura no micro-ondas leva menos tempo. (…) E cozinhar vegetais no fogão tem mais probabilidade de roubar os seus nutrientes do que cozinhá-los no forno ou colocá-los no micro-ondas. Tal ocorre porque alguns nutrientes dos alimentos passam para a água. Portanto, cozinhar no micro-ondas não é apenas rápido, mas também nutricionalmente vantajoso.”

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“Cozinhar no micro-ondas é, na verdade, uma das formas menos prováveis de causar danos aos nutrientes”.

Não se confirma, assim, que o micro-ondas elimine os nutrientes da comida. Em alguns alimentos, aliás, é a forma de confecção ou de aquecimento que representa menor perda de propriedades.

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Alimentação | Micro-ondas

12 Jan 2022 - 07:00

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