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O consumo de alimentos transgénicos provoca cancro?

Quando fazemos uma pesquisa por alimentos transgénicos ou geneticamente modificados são muitos os websites que apontam o aparecimento de cancro com um dos riscos associados ao seu consumo

1 Dez 2021 - 06:26
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O consumo de alimentos transgénicos provoca cancro?

Quando fazemos uma pesquisa por alimentos transgénicos ou geneticamente modificados são muitos os websites que apontam o aparecimento de cancro com um dos riscos associados ao seu consumo

Quando fazemos uma pesquisa por alimentos transgénicos ou geneticamente modificados são muitos os websites que apontam o aparecimento de cancro com um dos riscos associados ao seu consumo. Também nas redes sociais circulam várias mensagens que tentam convencer os cidadãos a deixar de consumir este tipo de alimentos por causarem “tumores malignos”, “infertilidade”, “Alzheimer” e até “autismo” nas crianças.

Apesar de a comunidade científica estar dividida entre os riscos e os benefícios que a modificação genética dos alimentos pode trazer – com a Organização Mundial de Saúde a afirmar que os transgénicos que chegam ao mercado “são improváveis de representar risco para a saúda humana” –, um estudo académico publicado em 2012 está na origem da propagação desta informação.

A Universidade de Caen, em França, publicou um artigo na revista Food and Chemical Toxicology onde se afirmava que apareciam mais frequentemente cancros nos ratos que eram alimentados com transgénicos em relação ao grupo que não consumia transgénicos, explica a plataforma de verificação de factos “Boatos.org”. No entanto, o artigo foi questionado e, em 2013, a revista decidiu retirar o artigo de circulação por considerar que o número de ratos analisados (um total de duzentos) era insuficiente para concluir a existência de uma relação de causa-efeito.

O artigo voltou a ser publicado em 2014, desta vez pela revista Environmental Sciences Europe e voltou a ser alvo de críticas por parte da comunidade científica. Um dos problemas apontados pelos cientistas foi a escolha das cobaias: os animais que faziam parte do estudo pertenciam a uma espécie que é propensa a desenvolver cancros quando atinge uma idade avançada.

Apesar dos resultados científicos serem passíveis de serem refutados e confrontados com novos estudos, até então não há nenhum estudo que comprove a relação direta entre o consumo de alimentos transgénicos e o aparecimento de tumores. No entanto, segundo o boatos.org, também não há qualquer estudo que prove definitiva e inequivocamente que não existe relação entre os dois.

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Em Portugal produz-se o chamado milho-Bt – uma semente modificada com o objetivo de produzir um inseticida que protege as culturas da praga da broca. Segundo dados mais recentes da Direção Geral da Alimentação e Veterinária, em 2018 foram plantados 5,8 mil hectares de milho-Bt, o que representa um crescimento de 3,6% em relação ao ano anterior. O Alentejo está no topo da tabela com mais de três mil hectares plantados.

Apesar dos resultados científicos serem passíveis de serem refutados e confrontados com novos estudos, até então não há nenhum estudo que comprove a relação direta entre o consumo de alimentos transgénicos e o aparecimento de tumores. No entanto, segundo o boatos.org, também não há qualquer estudo que prove definitiva e inequivocamente que não existe relação entre os dois.

O cultivo deste tipo de milho em Portugal destina-se apenas à produção de rações para animais, não sendo comercializado para o consumo humano.

A plantação de transgénicos em países da União Europeia está legislada desde 2003. Para a produção de alimentos geneticamente modificados – seja destinado ao consumo humanos, seja para a produção rações de animais – é preciso que cada Estado-membro conceda uma autorização formal. Para além disso, os países pertencentes à UE têm também autoridade para proibir o uso de transgénicos dentro das suas fronteiras.

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saúde | saúde pública

1 Dez 2021 - 06:26

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