Um “conceito muito popularizado”. É assim que o gastroenterologista Guilherme Macedo descreve a ideia pouco rigorosa de que não ir à casa de banho todos os dias é prejudicial para a saúde. Contactado pelo Viral, o professor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e investigador do CINTESIS explica que há pessoas saudáveis que o fazem com menos frequência: “de dois em dois ou de três em três dias”.

Por isso, assegura, ter um movimento intestinal mais lento não vai provocar uma “intoxicação interna”, ao contrário do que muitos acreditam. O especialista esclarece que cada organismo tem “o seu ritmo de eliminação das toxinas”. Logo, seja de forma “mais rápida ou mais lenta”, o que importa é “que essa eliminação ocorra”.

O que é considerado normal?

Neste caso, explica Macedo, o mais importante é que o funcionamento do intestino seja regular, ou seja, ir à casa de banho com uma “periodicidade relativamente constante e habitual”.

Assim sendo, é necessário estar atento caso ocorra uma “mudança súbita dos hábitos intestinais”. Nesse caso, deve procurar-se aconselhamento médico para perceber o motivo desta alteração. Por outro lado, frisa, quando o padrão é ir à casa de banho apenas uma vez por semana “ou a cada 12 dias” pode existir um problema de “obstipação crónica” que deve ser acompanhado e tratado.

Que fatores influenciam o trânsito intestinal?

Noutro plano, João Pedro Lima, nutricionista e professor na Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra, lembra que o trânsito intestinal é influenciado negativamente por hábitos menos saudáveis como não ingerir fibra suficiente, beber pouca água, dormir pouco ou não praticar atividade física com regularidade.

Visão semelhante tem Guilherme Macedo. O gastroenterologista destaca, aliás, que ter uma vida sedentária “favorece o atraso do movimento intestinal”. Entre outros fatores que influenciam este ritmo estão a toma de determinados medicamentos e também o stress. No segundo caso, avança o especialista, o número de idas à casa de banho pode passar a ser maior ou, pelo contrário, diminuir.

Em conclusão, não existe um padrão universal sobre o número de idas à casa de banho considerado saudável, mas é necessário estar atento a eventuais mudanças no padrão individual e procurar aconselhamento médico se existirem alterações súbitas.