Quando o objetivo é aumentar o estado de alerta no trabalho ou diminuir o sono numa longa noite de estudo, beber um café é uma prática comum. Em contrapartida, há quem defenda que comer uma maçã desperta mais e é mais saudável. Mas é verdade?

Pode dizer-se que uma maçã desperta mais do que um café?

Em declarações ao Viral, a nutricionista Catarina Custódio e Margarida M. Ribeiro, nutricionista do projeto “Põe-te na linha“, explicam que não se pode afirmar que comer uma maçã desperte mais do que beber um café.

Catarina Custódio começa por esclarecer que “os mecanismos pelos quais estes alimentos ‘nos dão energia’ são diferentes”. Por um lado, segundo a nutricionista, “a maçã dá-nos realmente energia no verdadeiro sentido da palavra”.

Isto porque a maçã tem hidratos de carbono (maioritariamente frutose) na sua composição, que “acabam por ser a nossa principal fonte de energia para satisfazer as necessidades básicas diárias”.

Ao contrário do café, acrescenta Margarida M. Ribeiro, a energia que a maçã fornece “não é tão repentina”, mas é “mais duradoura, especialmente se for consumida com a fibra da sua casca, uma vez que acaba por ser digerida mais lentamente”.

Por outro lado, devido à cafeína, “o café diminui a nossa perceção de cansaço e de esforço”, destaca Catarina Custódio. 

Margarida M. Ribeiro esclarece que a “cafeína atua como estimulante, ao nível do sono e, por isso, é considerada uma substância que nos desperta e que indiretamente nos dá energia”.

A cafeína liga-se “aos mesmos recetores da adenosina – uma substância que vem do consumo de energia do corpo que, ao ser acumulada, vai causar a sensação de cansaço e de fadiga – inibe a sua atividade e aumenta o efeito de ‘estar desperto’”, contextualiza. “É como se a cafeína enganasse o nosso cérebro“, conclui.

Quais os benefícios da maçã para a saúde? E do café?

As duas nutricionistas questionadas pelo Viral garantem que consumir maçã, tal como qualquer outra fruta, tem benefícios para a saúde. “Sabemos que o consumo de hortofrutícolas, de forma geral, é baixo em Portugal”, admite Catarina Custódio. 

Para a nutricionista, comer estes alimentos “é bastante benéfico”, pois “está associado à redução de mortalidade por todas as causas, à redução da obesidade, de diabetes e de cancro”. 

As maçãs em específico “são ricas em fibra, vitaminas, antioxidantes, potássio, fósforo, magnésio, e têm poucas calorias”, completa Margarida M. Ribeiro.

Portanto, “o seu consumo está associado à prevenção de doenças como o Alzheimer, doenças cardiovasculares, hipercolesterolemia e também no combate à prisão de ventre (como a maioria das frutas, pela presença de fibra)”, sustenta.

Noutro plano, também já se provou que o consumo moderado de café tem “bastantes benefícios para a saúde de forma geral”, salienta Catarina Custódio. Como reforça Margarida M. Ribeiro, a cafeína presente no café “tem propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes“.

Para mais, esta bebida, consumida em “doses moderadas, pode reduzir a fadiga, aumentar o estado de alerta e reduzir o tempo de reação”, aponta.

Além disso, o café tem outras vantagens para a saúde. Catarina Custódio afirma que esta bebida tem “outras substâncias, como os polifenóis, que têm um efeito positivo no organismo“, seja a nível cardiovascular, cancro e risco de mortalidade”.

A nutricionista do “Põe-te na linha” realça os potenciais benefícios do café no “cérebro, nos pulmões, no fígado, nos rins e no trato urinário”. No entanto, alerta para as doses máximas de consumo de cafeína (400mg/dia em adultos saudáveis).

Na perspetiva da mesma especialista, é necessário um cuidado extra no “caso de estarmos perante condições clínicas, como hipertensão arterial e dos “idosos”.

Em termos de saúde, é preferível comer uma maçã ou beber um café?

Mais uma vez, as duas nutricionistas concordam que depende da pessoa, do objetivo e do contexto. Na visão de Catarina Custódio, “se alguém tem uma alimentação adequada e precisa daquela energia extra, o café é uma boa opção”.

No entanto, “se estivermos a falar de alguém que não coma há muitas horas – ou seja, que tem falta de açúcar no sangue e está a precisar de ingerir alimentos -, então, a maçã é, sem dúvida, a melhor opção”, contrapõe.

Para Margarida M. Ribeiro, o ideal é “fazer uma alimentação variada, que inclua frutas como a maçã e desfrutar também do café, caso não existam contraindicações para o fazer”.

Em suma, tanto a maçã quanto o café têm a capacidade de fornecer energia, através de mecanismos diferentes. No entanto, o café desperta de forma mais imediata, pelo que se considera exagerado afirmar que a maçã desperta mais.

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