

Japão declara estado de emergência devido a “nanobots” encontrados nas vacinas?
Alega-se em várias publicações partilhadas nas redes sociais que o Japão declarou estado de emergência “depois de terem sido encontrados nanobots em 96 milhões de cidadãos vacinados contra a Covid-19”.
Os posts remetem para diferentes artigos publicados online em que se defende, por exemplo, que “um novo estudo japonês” prova que “as vacinas da Pfizer e da Moderna contêm entidades não autorizadas ‘semelhantes a vermes animados’, invisíveis ao olho humano, que nadam, se contorcem e se montam em estruturas complexas”.
Segundo estes artigos, os autores do estudo em causa teriam encontrado nas vacinas “componentes de engenharia adicionais não revelados, também “conhecidos como nanotecnologia” que “se ‘energizam’ quando são colocados perto de telemóveis ou computadores”.
Nestas publicações, alega-se ainda que o Japão emitiu um pedido de desculpas formal aos seus cidadãos reconhecendo que as vacinas contra a Covid-19, “que se acreditava serem seguras e eficazes, tiveram consequências imprevistas e catastróficas”. Mas terão estas alegações fundamento?
É verdade que o Japão declarou estado de emergência devido a “nanobots” encontrados nas vacinas?
Não, o Japão não declarou estado de emergência devido a “nanobots” encontrados nas vacinas e diversas informações partilhadas nestas publicações e artigos são falsas.
Em primeiro lugar, nenhuma fonte oficial do governo japonês anunciou que seria declarado estado de emergência na sequência da suposta descoberta de nanotecnologia nas vacinas contra a Covid-19. Além disso, nenhum órgão de comunicação credível avançou essa informação.
Esta fake news foi publicada em sites, como o The People’s Voice e o AMG News, que se dedicam a produzir e disseminar desinformação e a defender uma narrativa anti-vacinas.
Noutro plano, o estudo citado nestes sites de propagação de informação falsa foi publicado no “International Journal of Vaccine Theory Practice and Research”, um jornal criado em 2020, que não tem reputação de credibilidade dentro da comunidade científica.
Este jornal é conhecido por publicar estudos enviesados e pouco fundamentados sobre vacinação cujas conclusões, não raras vezes, contrariam o consenso científico e negam a segurança e a eficácia das vacinas.
A título de exemplo, o editor executivo deste jornal, John Oller, é um linguista conhecido por contribuir para a ideia errada de que a toma de vacinas está associada ao desenvolvimento de perturbações do espetro do autismo, tendo, inclusive, convidado Andrew Wakefield (o principal impulsionador desta narrativa falsa) para escrever o prefácio de um dos seus livros sobre a matéria.
Além disso, o estudo sobre a suposta descoberta de nanotecnologia nas vacinas contra a Covid-19, além de conter várias falhas e inconsistências que podem comprometer a validade dos resultados do estudo, está escrito num tom alarmista, enviesado e pouco científico.
Por exemplo, quando se referem a vacinas, os autores colocam as palavras “seguras e eficazes” entre aspas, denotando um tom sarcástico que pretende alimentar suspeitas infundadas sobre a suposta falta de segurança e a eficácia destes medicamentos.
Outro exemplo da visão enviesada dos investigadores pode ser detetado quando estes descrevem as vacinas como “produtos promovidos de forma agressiva” e “sem qualquer efeito protetor mensurável”, o que não corresponde à verdade.
Em suma, as alegações dos posts que circulam nas redes sociais são falsas.
