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Fazer jejum ou saltar refeições pode desencadear uma crise de enxaqueca?

5 Nov 2024 - 08:00
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Fazer jejum ou saltar refeições pode desencadear uma crise de enxaqueca?

No TikTok, alega-se que fazer jejum ou saltar refeições pode desencadear uma crise de enxaqueca em pessoas predispostas a esse quadro. A autora de um dos vídeos defende que quem tem enxaquecas “não deve ficar muitas horas sem comer”. Isto porque, alega, quando se fica “muito tempo sem comer, o nível de glicose no sangue cai e isso pode precipitar uma crise”. Será mesmo assim?

É verdade que fazer jejum ou saltar refeições pode desencadear uma crise de enxaqueca?

Sim. Segundo a secção de perguntas e respostas sobre dores de cabeça do site da Sociedade Portuguesa de Cefaleias (SPC), é importante, para quem costuma ter enxaquecas, “evitar o jejum prolongado” e comer regularmente, “pelo menos de 3 em 3 horas”

Isto porque, explica-se no mesmo texto, “o jejum prolongado e o não tomar o pequeno-almoço é um desencadeante frequente das crises de enxaqueca, sobretudo nas crianças e jovens, situação que facilmente se pode evitar”.

Esta ideia também é reforçada num texto publicado no site do Serviço Nacional de Saúde britânico (NHS, na sigla inglesa). De acordo com o NHS, um dos “fatores desencadeantes” que “podem causar enxaquecas” é “não comer regularmente ou saltar refeições”.

A associação entre a alimentação e as crises de enxaqueca deve-se, sobretudo, ao facto de, em jejum, as pessoas terem “hipoglicemia”, ou seja, “níveis baixos de açúcar no sangue”, salienta-se num texto da Fundação Nacional de Cefaleias dos Estados Unidos (ver também aqui, aqui e aqui).

Tal como se explica num texto informativo publicado no MedlinePlus, um site de informação sobre saúde que pertence aos Institutos Nacionais da Saúde (NIH, na sigla inglesa) dos Estados Unidos, o açúcar (ou glicose) no sangue “é a principal fonte de energia do seu corpo”. 

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Esta provém “dos alimentos que ingere”, sobretudo dos “hidratos de carbono”, como “cereais”, “frutas”, “laticínios”, “leguminosas” e “doces” (ver aqui).

Quando são consumidos, “o corpo decompõe a maior parte dos alimentos em glicose e liberta-a na corrente sanguínea”, explica-se no mesmo texto.

Assim que a “glicose no sangue aumenta, o pâncreas é alertado para libertar insulina”, a hormona “que ajuda a glicose a entrar nas células para ser utilizada como energia”, acrescenta-se.

Quando se fica muito tempo sem comer “o corpo utiliza de forma mais rápida e eficiente as nossas reservas de gordura para obter energia”, explica-se num texto do centro de saúde académico da Universidade da Califórnia (UC Davis Health).

Isto porque, como em jejum “a glicose não está disponível”, porque não há o consumo de alimentos, o corpo “queima gordura para obter energia”, justifica-se.

Apesar de muitas pessoas recorrerem ao jejum intermitente como forma de perderem peso, este hábito pode, de facto, desencadear crises de enxaqueca em pessoas predispostas para tal (ver também aqui).

A hidratação também tem um papel fundamental na prevenção de crises de enxaqueca. Se, ao jejum, se associar a pouca ingestão de água, pode ocorrer desidratação, um dos principais fatores que desencadeiam enxaqueca (ver aqui e aqui).

Nesse sentido, fazer refeições e ingerir líquidos de forma regular são duas alterações de estilo de vida essenciais na prevenção e no tratamento da enxaqueca.

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Outras medidas apontadas pela Sociedade Portuguesa de Cefaleias são: “deixar de fumar, praticar exercício físico com regularidade, evitar a fadiga/cansaço” e “identificar situações que provocam stress e ansiedade e tentar modificá-las”.

No mesmo sentido, é importante “manter um horário regular de sono”, de forma a evitar “a privação de sono”, mas “também evitar dormir demais”, acrescenta.

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Este artigo foi desenvolvido no âmbito do European Media and Information Fund, uma iniciativa da Fundação Calouste Gulbenkian e do European University Institute.

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5 Nov 2024 - 08:00

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