Fazer exercício físico ajuda a combater a obstipação?
A obstipação (também conhecida como “prisão de ventre”) pode ter diversas causas. Além de poder ser causada por hábitos de estilo de vida, como uma dieta pobre em fibra ou a ingestão insuficiente de água, esta situação também se pode dever à toma de certos medicamentos ou até a algumas doenças. Será que fazer exercício físico ajuda a combater a obstipação? O sedentarismo também pode ser uma das causas da obstipação?
É verdade que praticar exercício físico ajuda a combater a obstipação?
Sim, fazer atividade física é uma das medidas essenciais no combate à obstipação. Esta ideia é reforçada por várias organizações internacionais de saúde, como o Instituto Nacional de Diabetes e Doenças Digestivas e Renais (NIDDK), o Sistema Nacional de Saúde britânico (NHS) e a Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF).
Aliás, num texto informativo publicado no site do Cancer Research UK, refere-se que “a falta de exercício diário pode reduzir o tónus muscular”, ou seja, o estado de tensão em repouso do abdómen e do intestino.
E, como se explica num texto publicado pela Faculdade de Medicina da Universidade de Harvard, “um bom tónus muscular, em geral, é importante para a regularidade dos movimentos intestinais”.
Isto porque “os músculos da parede abdominal e o diafragma desempenham um papel crucial no processo de defecação” e, “se estes músculos estiverem fracos, não serão capazes de fazer o seu trabalho tão bem”, acrescenta-se.
O aumento da prática de exercício físico, em contexto de obstipação, é particularmente eficaz “em pessoas mais velhas, que tendem a ser mais sedentárias”, destaca-se.
Que outras medidas podem ajudar a combater a obstipação?
Importa salientar que o exercício físico não deve ser encarado como a única medida no combate à obstipação. Existe um conjunto de recomendações que devem ser seguidas, quando existe dificuldade recorrente em defecar.
Por um lado, tal como se refere num guia prático de saúde da APMGF, manter a hidratação adequada é essencial para evitar a obstipação.
Além disso, num texto do NHS, também se salienta a importância de “seguir uma dieta saudável e equilibrada e incluir frutos que contenham sorbitol, como maçãs, alperces, uvas (e passas), framboesas e morangos”.
Ainda no campo da alimentação, recomenda-se aumentar, de forma gradual, a ingestão de fibras.
Por outro lado, segundo a APMGF, é fundamental educar o intestino. Isto passa, por exemplo, por não evitar ir à casa de banho quando se sente necessidade.
No mesmo sentido, também não é aconselhado tomar “laxantes ou clisteres frequentemente”, destaca-se no mesmo documento.
Se estes produtos forem usados durante muito tempo, é necessário “habituar o seu intestino a funcionar sem eles”.
Além de alguns laxantes poderem causar habituação, estes produtos não são adequados para todas as pessoas. Por isso, em caso de dúvida, recomenda-se consultar um profissional de saúde antes de serem tomados.
Tal como tinha esclarecido a gastroenterologista Carina Leal, em declarações anteriores ao Viral, “se, após a instituição de medidas de estilo de vida, não se verificar melhoria” – ou seja, se continuar a haver “esforço para evacuar, fezes duras, sensação de evacuação incompleta ou de bloqueio na defecação” -, “deve-se procurar um médico”.
É igualmente importante recorrer a um especialista “sempre que existam sintomas de alarme”, como “prisão de ventre de início recente, sangue nas fezes, perda de peso e vómitos associados”, acrescentou.