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É fundamental evitar beber sempre a mesma marca de água?

26 Mai 2023 - 06:36
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É fundamental evitar beber sempre a mesma marca de água?

Vamos ao supermercado e encontramos um corredor dedicado às águas, com variadas marcas. Umas minerais naturais, outras de nascente. Mas como escolher? Devo evitar beber água sempre da mesma marca? Há riscos para a minha saúde em escolher sempre a mesma água? O Viral procurou esclarecer as questões com uma endocrinologista.

Devemos evitar beber água sempre da mesma marca?

Em declarações ao Viral, Daniela Salazar, endocrinologista do Centro Hospitalar Póvoa de Varzim – Vila do Conde, defende que “trocar de marca de água” torna-se pouco relevante, uma vez que a escolha da marca “não é o que mais importa” para a saúde.

“Se usarmos sempre determinada água, vamos estar expostos a determinados tipos de minerais. Mas a implicação para a saúde não é substancial, porque procuramos obter os minerais com uma alimentação saudável”, explica.

A diferença nas marcas de águas vai estar, por exemplo, “na origem”, no “sabor” e na “concentração de determinados minerais”, como “cálcio e magnésio”. No entanto, essa diferença “não é substancial”. 

Todas as águas engarrafadas têm “uma qualidade muito semelhante”, uma vez que têm, “regra geral, recomendações semelhantes a nível de tratamento”. Por isso, a escolha acaba por ser “individual, uma questão de gosto”.

Tanto as águas minerais naturais como as de nascente estão sujeitas a um “estudo hidrogeológico da área”, “12 análises físico-químicas e bacteriológicas” em “intervalos regulares de um mês” e “análise química completa”, refere a Associação Portuguesa dos Industriais de Águas Minerais Naturais e de Nascente.

Todos os Estados-membros da União Europeia devem garantir que a água destinada a consumo humano “não contém microrganismos e parasitas nem substâncias que constituam um perigo potencial” para a saúde humana, de acordo com a Diretiva 98/83/CE do Conselho, de 3 de novembro de 1998.

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Em relação à escolha da água, Daniela Salazar considera ainda que o mais importante é, por exemplo, que “não tenha calorias, açúcares adicionados ou adoçantes”.

O “principal problema” é a ingestão reduzida de água, identifica. Para facilitar essa ingestão, podemos juntar à água “pedacinhos de laranja ou limão” ou, por exemplo, “beber chá”.

É importante bebermos “35 ml de água por cada quilo de peso”, ou seja, uma pessoa com 70 quilos deve beber cerca de 2,4 litros por dia (70 a multiplicar por 0,035), salienta.

E se tiver problemas de saúde?

Há alguns artigos que alegam que ingerir água alcalina pode ter um “papel de prevenção” de pedras nos rins. No entanto, para a endocrinologista ouvida pela Viral, “não têm consistência”.

À semelhança do que o Viral verificou anteriormente, a especialista indica que “não há evidência científica de que a água alcalina seja mais benéfica, apesar de algumas teorias que dizem que reduz a acidez em caso de estômago ácido”.

“Não faz assim tanto sentido. O organismo é capaz de fazer isso sozinho”, esclarece.

Além disso, há quem diga que a “água mais dura” tem maior quantidade de minerais, o que pode levar a “alguma proteção cardiovascular”. Mas, mais uma vez, “não é o mais importante”.

“Na prática, o mais importante é a quantidade de água que ingerimos e se nos mantemos bem hidratados, sobretudo no verão e quando fazemos exercício”, aponta.

Por outro lado, exemplifica, se uma pessoa tiver refluxo gastroesofágico, “não deve ingerir em excesso” água com limão.

Então, que água devo beber?

Na opinião da endocrinologista, o melhor custo-benefício é ingerir água da torneira, também por “questões ambientais”. Até porque “não há evidência científica” que mostre que a água de garrafa seja “melhor” do que a da torneira, acrescenta.

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“Não havendo diferença, pode fazer sentido consumir água de torneira, a menos que saibamos que a canalização está danificada”, afirma Daniela Salazar.

A médica especialista em endocrinologia salienta que o “mecanismo de armazenamento” da água faz diferença. Isto é, se colocarmos água da torneira em garrafas de plástico, é pior para a saúde do que se colocarmos num “recipiente de vidro”.

Em Portugal, “99% das águas da torneira são boas”, aponta a médica. Nesse sentido, a DECO, organização de defesa do consumidor, garantiu, numa publicação de março de 2023, que a água que sai da torneira é “mais sustentável para o planeta” e “mais amiga do bolso do consumidor” e “é segura em todo o país”.

A mesma ideia é referida numa publicação do Parlamento Europeu, que sugere que o acesso a água da torneira “de melhor qualidade” poderia reduzir o consumo de água engarrafada “em 17%”.

As análises à qualidade da água da torneira são feitas tendo em conta “vários parâmetros”, como “o cheiro, sabor, cor e até radioatividade”. Em qualquer um deles, “a percentagem de segurança situa-se entre 97% e 100%, e só tem vindo a melhorar ao longo dos últimos cinco anos”, esclarece a DECO na mesma publicação.

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Quando a água da torneira sai “mais turva ou mais branca” isso está relacionado com a “pressão da água”. Deverá ser apenas “uma questão de aspeto”, já que a qualidade “é boa”, refere Daniela Salazar.

Se sair acastanhada, significa que há “alguns depósitos de ferro nos canos, que vão acumular com variações da temperatura”. Nestes casos, deve “deixar correr a água” e depois, sim, ingeri-la.

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Água | Endocrinologia

26 Mai 2023 - 06:36

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