O que não falta nas redes sociais são receitas de esfoliantes caseiros para todos os gostos e, supostamente, adequados para cada tipo de pele. A maior parte é feita a partir de um ingrediente mais líquido – como o azeite, o óleo de coco, o mel ou uma loção hidratante – e um ingrediente granulado, como o açúcar ou o sal.

Depois de preparados, quem os utiliza costuma esfregá-los sobre a pele com o objetivo de a deixar mais macia. Mas será que aplicar estas misturas, que não foram testadas dermatologicamente, é um gesto seguro e saudável para a pele?

Usar esfoliantes caseiros é seguro e saudável para a pele?

Não. Quem o garante é a dermatologista Diana Miguel. Em declarações ao Viral, a dermatologista começa por explicar que existem vários fatores que tornam os esfoliantes feitos em casa perigosos para a saúde da pele. 

Em primeiro lugar, “os esfoliantes caseiros são habitualmente feitos à base de açúcar ou sal e estes ‘microcristais’ podem ser bastante irritativos para a pele”, aponta.

Por outro lado, muitas das misturas que recomendadas online “deixam a pele mais seca”. Além disso, grande parte “dos ingredientes que se junta são à base de plantas, o que por vezes pode causar dermatites alérgicas de contacto ou reações fotoalérgicas”, alerta a especialista.

Assim, defende, a “maneira mais segura de esfoliar a pele é optando por produtos testados dermatologicamente”.

Quais as características de um bom esfoliante físico?

Desde já, “um bom esfoliante deve ser adaptado ao tipo de pele e à zona a tratar”, sublinha a dermatologista. 

Seja em creme ou em sabonete, um esfoliante de qualidade “deve conter substâncias hipoalergénicas, com ação anti-inflamatória e calmante”. Por vezes, completa, “de acordo com o tipo de pele, também deve ser hidratante”. Na visão da médica, deve ser também evitado o uso de “esfoliantes que contenham microplásticos”.

O ideal é que o produto contenha “partículas de pequena ou média dimensão” capazes de remover “as células mortas presentes à superfície da nossa pele”. Isto “ajudará a prevenir a obstrução dos poros e a aumentar a permeabilidade ao creme hidratante”.

Quais os cuidados a ter quando se esfolia a pele?

A Academia Americana de Dermatologia (AAD) defende que “a frequência da esfoliação depende do tipo de pele e do método”. 

Quanto mais agressiva for a esfoliação, menos é necessário fazer com frequência. A AAD alerta para o perigo da esfoliação excessiva, que pode levar uma pele vermelha e irritada.

Em termos práticos, Diana Miguel explica que se estiver em causa “uma pele oleosa no rosto, pode ser feita uma esfoliação espaçada por alguns dias, duas vezes por semana”. Se a pele da pessoa for sensível, uma vez por semana é suficiente, “ou então nenhuma”.

Ao esfoliar-se a pele do resto do corto também se deve ter alguns cuidados. Como “o esfoliante de corpo habitualmente contém partículas ligeiramente maiores”, deve “dar-se especial atenção a áreas mais sensíveis como o decote e seios”, avisa a médica. 

Noutro plano, se a pessoa normalmente “aplica ácidos ou retinóides no rosto ou corpo”, depois de fazer a esfoliação, deve evitá-los sob pena de agravar a irritação cutânea”. 

“Após a esfoliação”, conclui a especialista, “a pele deve ser hidratada e, no dia seguinte, a pessoa não deve esquecer a aplicação do protetor solar”.

Em suma, o uso de esfoliantes caseiros pode não ser sempre seguro, sobretudo quando a receita contém ingredientes irritativos para a pele, como o sal e o açúcar. No mesmo plano, a frequência da esfoliação deve ser controlado, dado que, quando é excessiva, pode deixar a pele “vermelha e irritada”.