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Doar sangue em contexto de pandemia: “É essencial dar sangue para garantir as reservas”

15 Mar 2022 - 10:00

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Doar sangue em contexto de pandemia: “É essencial dar sangue para garantir as reservas”

Há cerca de dois anos, Portugal e o mundo viram-se condicionados por uma nova doença infecciosa causada pelo vírus SARS-CoV-2. Em 2020, vários serviços hospitalares foram afetados e o processo de recolha de doações de sangue não foi diferente. Nesse ano, as dádivas de sangue, a nível nacional, diminuíram cerca de 7% em relação a 2019. Atualmente, ainda em contexto de pandemia, mas com alívio nas restrições, como está a praticar-se a doação de sangue? O Viral falou com o Instituto Português do Sangue e da Transplantação.

Para ser qualificado como dador de sangue, basta ter entre 18 e 65 anos (o limite de idade para a primeira dádiva é os 60 anos), ter peso igual ou superior a 50 kg e ter hábitos de vida saudável, indica o site do Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST) e a secção de perguntas e respostas do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

“Antes da dádiva de sangue é realizada uma avaliação clínica (triagem clínica) por um profissional de saúde qualificado para avaliação individual do risco das circunstâncias clínicas identificadas. Se não forem identificadas situações que possam pôr em causa a sua segurança, enquanto dador, e a segurança do receptor, enquanto doente, poderá dar sangue”.

Em contexto de pandemia, o que mudou?

Fonte oficial do IPST disse ao Viral que, atualmente, “os potenciais dadores que recuperaram da Covid-19 ficam suspensos para a dádiva de sangue por um período de 14 dias após a resolução dos sintomas e recuperação clínica total ou evidência laboratorial de clearance do RNA viral do trato respiratório superior (teste negativo)”.

De acordo com o Manual de Triagem de Dadores de Sangue, este período de suspensão é semelhante ao utilizado para a Gripe – com suspensão temporária por 15 dias após recuperação clínica.

As pessoas que não estão vacinadas contra a Covid-19 podem doar sangue?

O IPST garante que sim, “desde que cumpra todos os critérios de elegibilidade, tal como qualquer outro candidato à dádiva de sangue”. Além disso, é referido que as pessoas que receberam vacinas mRNA podem ser aceites como dadoras de sangue, desde que se sintam bem e estejam assintomáticas. Já os potenciais dadores que apresentem sintomas a administração da vacina contra a Covid-19 são suspensos durante sete dias, até deixarem de manifestar sintomatologia.

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Apesar de ter havido um alívio nas restrições, ainda há um protocolo que garante que a colheita é feita em segurança. O IPST remeteu o Viral para a 9ª atualização (14 de fevereiro de 2022) do “Plano de Contingência para a sustentabilidade, qualidade e segurança do fornecimento de sangue e componentes sanguíneos durante a pandemia de Covid-19”. O documento em questão segue as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS), do Centro Europeu para a Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC) e tem em consideração as normas e orientações da Direção-Geral da Saúde (DGS).

“Na 7.ª e 8.ª atualizações foram introduzidas alterações relativamente à determinação da temperatura corporal a dadores e profissionais de saúde, uso de máscara cirúrgica pelos dadores no local da colheita, gestão de contactos, períodos de suspensão para contactos de alto risco e restantes contactos, informação pós dádiva, períodos para retiradas e critérios de aceitação para dadores vacinados”, explica a mesma fonte.

Esta última atualização “integra a experiência já adquirida, bem como as evidências epidemiológicas e os avanços científicos recentes. Além disso, “foram retiradas as suspensões relacionadas com viagens e títulos de anticorpos em testes serológicos para SARS-CoV-2 e realizada nova atualização à informação pós-dádiva”.

“Em 2020 as dádivas de sangue diminuíram a nível nacional cerca de 7%, em relação a 2019”

O Instituto Português do Sangue e da Transplantação é responsável por 60% das colheitas de sangue, sendo que a restante é da responsabilidade de 27 Serviços de Sangue de Portugal Continental e Regiões Autónomas.

“Relativamente a 2021, ainda não dispomos de informação a nível nacional, mas as dádivas de sangue no IPST aumentaram 7,8% relativamente a 2020. Mesmo se compararmos as dádivas de sangue realizadas em 2021 com as realizadas em 2019, no período pré pandémico, verificou-se um aumento de 1,7% em 2021”, adianta o IPST.

Em 2020 e 2021, “as reservas de sangue mantiveram sempre níveis que permitiram dar resposta às necessidades existentes, nas diferentes fases da pandemia”. Atualmente, a reserva de sangue “encontra-se estável e num nível confortável”. Os períodos mais críticos foram os meses de janeiro de 2021 e 2022, situação que sempre se verificou nos anos anteriores, por causa do aumento das infecções respiratórias nesta época do ano. Janeiro deste ano foi particularmente difícil, devido ao número elevado de isolamentos profiláticos.

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Nas palavras do IPST, “é essencial dar sangue para garantir as reservas”. A colheita de sangue pode ser feita nos Centros de Sangue e Transplantação de Lisboa, Porto ou Coimbra ou nos hospitais com serviço de recolha.

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15 Mar 2022 - 10:00

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