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Temperatura

Deve manter-se o termómetro digital após o sinal sonoro para uma medição mais precisa da temperatura? Não é suposto

3 Jun 2022 - 09:00

Temperatura

Deve manter-se o termómetro digital após o sinal sonoro para uma medição mais precisa da temperatura? Não é suposto

Uma publicação nas redes sociais conta a história de uma mãe que levou o filho às urgências em estado febril, tendo a febre sido medida pela enfermeira e pelo médico. Na primeira medição, o termómetro foi tirado quando o sinal sonoro soou; na segunda, o médico pediu para deixar alguns minutos após toque, tendo registado uma temperatura mais alta.

“Levei meu filho na emergência porque ele estava febril, chegando lá fiz a ficha e passamos na triagem. A enfermeira mediu a febre com aquele aparelho que coloca na testa ou perto do ouvido, e meu filho estava com 37°. Ao entrar na sala do médico contei o que estava acontecendo e a ele examinou. Ele me pediu para colocar o termómetro, e falou: ‘ele vai apitar, mais você só vai tirar quando eu pedir, ok?’ Passado um tempo o termómetro apitou, e nisso estava no 37.7°. Seguindo a orientação do médico, eu deixei mais um pouco, até que ele pedisse para tirar. Passado uns quatro minutos eu olhei e estava 38.4°“, conta a mãe numa publicação que conta quase 70 mil partilhas.

A publicação não apresenta informações sobre o hospital em que o episódio aconteceu ou qualquer detalhe sobre o aparelho de medição, além de que se trata de um termómetro digital.

Contactado pelo Viral, o Instituto Português da Qualidade (IPQ) afirma que uma avaliação precisa destes aparelhos “implicaria um conhecimento experimental baseado em testes de diversas marcas deste tipo de termómetros e de um número representativo”, não tendo a organização “dados experimentais destes instrumentos de medição, que lhe permitam efetuar uma avaliação rigorosa”. No entanto, o IPQ sublinha que os utentes devem seguir as instruções do fabricante dos termómetros.

“Eventualmente, o sinal sonoro resulta de um automatismo de funcionamento do equipamento que deteta a estabilidade de várias medições consecutivas, correspondendo a um estado de equilíbrio térmico entre o sensor e o corpo como qual está em contacto”, esclarece ainda a entidade.

Lèlita Santos, especialista em medicina interna no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra e professora na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, avança, com base na sua experiência clínica, que os “termómetros com aviso sonoro são confiáveis e práticos”. “Considero que a temperatura que indicam é precisa. Habitualmente avaliam a temperatura em menos de um minuto e emitem um toque quando terminam a medição. Se o termómetro estiver em bom estado é seguramente de confiança que o sinal sonoro indique a temperatura certa”.

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Contudo, é importante ter em atenção fatores que possam interferir na medição da temperatura corporal, nomeadamente a bateria ou a calibração do aparelho. No Metrologia na Saúde – Guia de Boas Práticas, o IPQ destaca que se deve “garantir a manutenção preventiva do termómetro, bem como as operações que assegurem a respetiva rastreabilidade metrológica”, destacando ainda a importância da higienização e desinfeção periódica.

“Considero que a temperatura que indicam é precisa. Habitualmente avaliam a temperatura em menos de um minuto e emitem um toque quando terminam a medição. Se o termómetro estiver em bom estado é seguramente de confiança que o sinal sonoro indique a temperatura certa”.

“Na prática clínica, várias decisões relacionadas com o diagnóstico e tratamento resultam da análise dos valores da temperatura corporal, sendo a medição deste parâmetro habitualmente realizada com instrumentos de medição, designados por termómetros clínicos”, pode ler-se também no guia. As principais zonas de medição são “na cavidade oral, nas axilas, no reto, na membrana timpânica ou na artéria temporal”

“Apesar dos valores de temperatura variarem nestas zonas do corpo, estima-se que estes valores aproximam-se do valor considerado como verdadeiro, tendo como referência a temperatura do sangue na artéria pulmonar e aorta (temperatura usada pelo hipotálamo para regular a temperatura corporal).”

Também Lèlita Santos refere que “a temperatura pode ser avaliada na região frontal, na axilar, na inguinal (virilha), no ouvido, na boca e no reto”, sublinhando que “a temperatura varia dependendo do local”. “Todos os locais são adequados, mas temos de saber que podem ter medições diferentes. No geral, dentro de “cavidades” a temperatura é um pouco mais alta.”

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“Todos os locais são adequados, mas temos de saber que podem ter medições diferentes. No geral, dentro de “cavidades” a temperatura é um pouco mais alta.”

Em suma, os termómetros digitais devem ser utilizados seguindo as instruções do fabricante. Em regra, o sinal sonoro surge quando é detetado uma estabilidade de medições consecutivas, ou seja, quando há um equilíbrio térmico entre o corpo e o sensor do aparelho.

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Pediatria | saúde

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3 Jun 2022 - 09:00

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