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Descafeinado é melhor para o estômago do que café?

Quando chega a hora de escolher entre beber um café ou um descafeinado, há quem argumente que a versão sem cafeína é menos prejudicial para o estômago. Esta tese tem fundamento científico?

24 Set 2022 - 09:00

Descafeinado é melhor para o estômago do que café?

Quando chega a hora de escolher entre beber um café ou um descafeinado, há quem argumente que a versão sem cafeína é menos prejudicial para o estômago. Esta tese tem fundamento científico?

Beber café é um hábito comum em Portugal. Aliás, um estudo da Marktest, realizado em 2021, mostra que três em cada quatro portugueses bebem pelo menos um café por dia em casa. No entanto, há quem prefira o descafeinado por acreditar que esta versão sem cafeína é menos prejudicial para o estômago. Verdade ou mito?

Questionado pelo Viral, o gastroenterologista Guilherme Macedo garante que “não há nenhuma evidência científica de que beber café ou descafeinado prejudique ou faça bem ao estômago”.

Esta perspetiva é partilhada pela médica do Serviço de Gastrenterologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra Maria José Temido. A especialista acrescenta que não há comprovação de que o café seja um “fator de risco para doenças gástricas como úlceras ou cancro” ou que a cafeína desempenhe um papel “em pessoas com sintomas gástricos como enfartamento, saciedade precoce ou distensão abdominal”.

Qual a diferença entre o descafeinado e o café?

Importa sublinhar que a principal diferença entre o café e o descafeinado está na quantidade de cafeína que as duas bebidas têm: ao descafeinado é retirada cerca de 97% da cafeína original. Já o valor nutricional e os restantes componentes originais do café e do descafeinado são os mesmos.

Ora, segundo a gastroenterologista, tanto o café como o descafeinado “são saudáveis”, até porque podem ter “efeitos benéficos em vários sistemas” do organismo. Temido sublinha que, no caso de uma pessoa saudável, “o consumo de três a quatro cafés por dia não tem riscos relevantes e tem alguns benefícios”, nomeadamente “na prevenção de demência”. No mesmo sentido, Macedo destaca que a cafeína tem um efeito “protetor do fígado”.

Quem deve evitar beber café?

Por outro lado, a ciência aponta que beber café pode agravar os sintomas de azia e refluxo. No entanto, a sua ingestão “não está associada à dispepsia”, uma condição médica caracterizada pela sensação de dor ou desconforto na parte superior do abdómen.

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Maria José Temido explica ainda que a ingestão de café promove um trânsito intestinal “mais acelerado, o que poderá levar a fezes mais líquidas ou até mesmo a diarreia”. 

Desta forma, a ingestão regular de café deve ser “evitada” caso o paciente sofra de doença do refluxo gástrico, azia frequente ou um trânsito intestinal acelerado. Noutro plano, embora o descafeinado “também possa ter estes efeitos”, geralmente “são menos intensos”.

Ainda assim, como é regra nos temas de saúde, cada caso é um caso e algumas pessoas podem ser mais sensíveis à cafeína e aos diferentes componentes do café do que outras.

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Em conclusão, não existe evidência científica de que o descafeinado seja menos prejudicial para o estômago do que o café. Ambas as bebidas são consideradas saudáveis, embora o descafeinado pareça ter efeitos menos intensos no que toca ao agravamento de sintomas de azia e refluxo.

Categorias:

Gastrenterologia

24 Set 2022 - 09:00

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