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Dentes com cáries curam-se de forma natural sem tratamento?

16 Mar 2025 - 08:30
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Dentes com cáries curam-se de forma natural sem tratamento?

Num vídeo partilhado no TikTok sugere-se que os os dentes com cáries “têm a capacidade de se curarem” sozinhos, sem tratamento. Segundo a autora da publicação, para que isso aconteça, é necessário dar tempo e “as condições necessárias” aos dentes, adotando medidas como: “beber água”, “ter uma boa alimentação”, “dormir bem” e “fazer exercício físico diariamente”. Será mesmo assim? Os dentes com cáries curam-se sem tratamento?

É verdade que os dentes com cáries curam-se sem tratamento?

Em declarações ao Viral, Paulo Melo, médico dentista e diretor da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto (FMDUP), adianta que, a partir do momento em que se desenvolve uma cárie dentária, ela só desaparece se for devidamente tratada, ou seja, os dentes não têm a capacidade de se curarem sozinhos.

O dentista começa por explicar que “uma cárie é uma lesão dentária que resulta de um desequilíbrio na cavidade oral, em que uma grande quantidade de bactérias e de resíduos alimentares provocam a formação de um ácido que desmineraliza (desfaz) a superfície do dente”.

Se a cárie for pequena e for detetada de forma precoce, é possível “impedi-la de crescer”, mas fazer isto “não é a mesma coisa que tratar”, sublinha Paulo Melo.

Para impedir que uma cárie cresça é necessário implementar um conjunto de medidas preventivas, como ter uma boa higiene oral (com escovagem pelo menos duas vezes por dia e com a utilização de fio dentário), manter uma alimentação equilibrada (evitando o excesso de açúcares) e consultar um médico dentista com regularidade.

Na perspetiva de Paulo Melo, ter uma orientação de um médico dentista é fundamental para detetar cáries precocemente e para prevenir o crescimento das mesmas ou o desenvolvimento de novas lesões.

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Por vezes, explica, “as cáries desenvolvem-se se darem quaisquer sintomas”. Assim sendo, é preciso “saber diagnosticar e saber olhar para o dente para se perceber se está a desenvolver uma cárie”, acrescenta.

Além disso, podem ser necessárias outras medidas preventivas que só podem ser indicadas por um médico dentista.

Por exemplo, refere-se num texto do Instituto Nacional de Investigação Dentária e Craniofacial dos Estados Unidos (NIDCR, na sigla inglesa), “se a cárie dentária ainda estiver na fase inicial, antes da formação de um buraco (cavidade)”, o dentista pode prescrever tratamentos específicos com flúor para parar o crescimento da cárie. 

Caso não sejam tomadas as devidas medidas preventivas, “a cárie começa a desenvolver uma cavidade” e, nesse caso, “tem de haver, obrigatoriamente, uma intervenção do médico dentista”, defende Paulo Melo.

Neste contexto, já não há forma de “parar o desenvolvimento da cárie”. O mesmo acontece quando o doente tem “múltiplas cáries e cáries muito extensas”. Aí, recomenda-se tratar as cáries completamente.

Em que consiste o tratamento das cáries dentárias?

Na perspetiva de Paulo Melo, o mais importante é “intervir antes de surgir a cavidade”, ou seja, tentar evitar o crescimento da cárie.

No entanto, “nos casos em que já existe uma cavidade, remove-se a parte do dente que está com a cárie e a coloca-se um material para substituir a parte que se perdeu devido à lesão”, prossegue.

“Se a cárie dentária tiver atingido o tecido mole (polpa) no meio do dente, pode ser necessário um tratamento de canal” (desvitalização), lê-se num texto do Serviço Nacional de Saúde britânico (NHS, na sigla inglesa). Este tratamento consiste na remoção e substituição da polpa dentária.

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Em casos mais graves, “o dente afetado pode ter de ser removido (extração)”, assinala-se no texto do NHS.

Quais os riscos para a saúde de não tratar as cáries?

Segundo Paulo Melo, quando as cáries não são devidamente tratadas, o doente começa, desde logo, “a sentir dor de dentes ocasional” e, muitas vezes, quando o dente afetado entra em contacto com comida ou bebida fria ou quente.

Pode haver situações em que o dente sofre fraturas consideráveis ou, quando a cárie é detetada muito tarde, pode ser necessário remover o dente afetado (ver também aqui).

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Há ainda casos em que as cáries não tratadas podem “causar uma infeção (abcesso)”, avisa.

Em contextos mais graves, “um abcesso pode bloquear as vias aéreas respiratórias e a pessoa pode correr risco de vida por causa dessa infeção originada por uma cárie dentária”, alerta.

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Saúde Oral

16 Mar 2025 - 08:30

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