Marcou cabeleireiro ou manicure para a hora de almoço, mas depois lembrou-se que  alguém lhe tinha dito que cortar o cabelo ou as unhas depois de comer faz mal e decidiu cancelar o compromisso. Será que esta foi a decisão mais acertada? É verdade que cortar o cabelo ou as unhas depois de comer faz mal?

Cortar o cabelo ou as unhas depois das refeições faz mal?

Em declarações ao Viral, Paulo Santos, especialista em Medicina Geral e Familiar e professor na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), adianta que a ideia de que cortar o cabelo ou as unhas depois de comer faz mal é uma crença popular sem fundamento científico.

“Há mitos que se estabelecem e em que as pessoas acabam por acreditar e por tomar como regras. Mas, na realidade, não há qualquer inconveniente – em termos fisiológicos ou em termos patológicos – em fazer qualquer ato de higiene antes ou depois de comer”, sustenta.

O professor da FMUP acredita que estes mitos sobre vários atos de higiene e o seu impacto na digestão possam estar relacionados com algumas “campanhas que se fizeram há uns anos sobre ir a banhos no mar, em que se dizia que as pessoas não deviam ir ao mar nas duas ou três horas depois do almoço”.

No entanto, sublinha Paulo Santos, essa recomendação assentava no facto de uma mudança brusca da temperatura durante a digestão – por exemplo, quando alguém está ao sol e depois entra de imediato na água gelada – poder provocar uma “alteração do sistema vascular”, que, “numa situação em que o sangue está orientado para a digestão dos alimentos, pode, eventualmente, condicionar ali algum mal-estar”.

Por esta ordem de ideias, tendo em conta que o ato de cortar o cabelo ou as unhas depois de comer não está relacionado com nenhuma mudança brusca de temperatura, não há nenhum motivo para acreditar que esta prática seja prejudicial para a saúde.

“Mesmo no que diz respeito a tomar um banho com água tépida em casa, não há qualquer problema em fazê-lo depois de comer. Muito menos, cortar o cabelo, cortar as unhas, lavar os dentes ou seja o que for”, reforça o médico.

Paulo Santos conclui que “estas falsas crenças não fazem qualquer sentido do ponto de vista médico, do ponto de vista de saúde, mas acabam por ter um impacto muito grande nas pessoas”.