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Comer à noite engorda mais? Talvez, mas a hora a que se come não é o mais importante

Pequeno- almoço de rei, almoço de príncipe, jantar de pobre é a dica seguida por muitas pessoas para manter o peso ou para reeducar os hábitos alimentares com o objetivo de perder os quilos que estão a mais. Será que funciona?

28 Dez 2021 - 10:15

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Comer à noite engorda mais? Talvez, mas a hora a que se come não é o mais importante

Pequeno- almoço de rei, almoço de príncipe, jantar de pobre é a dica seguida por muitas pessoas para manter o peso ou para reeducar os hábitos alimentares com o objetivo de perder os quilos que estão a mais. Será que funciona?

Esta é daquelas perguntas traiçoeiras. Na base da ideia de que comer à noite engorda está o conceito de ritmo circadiano, o relógio interno do corpo que rege as necessidades do organismo como comer ou dormir, assim explica a Associação Portuguesa do Sono.

Ora, o que esse relógio biológico nos diz é que durante o dia comemos e temos as atividades diárias (trabalho, estudo, desporto) que nos fazem queimar as calorias ingeridas e durante a noite dormimos. Com a gradual diminuição da luz solar, ocorre uma redução do metabolismo a partir do final da tarde que leva à secreção da hormona melatonina no início da noite, que nos permite descansar e repor energias para o dia seguinte. Assim sendo, se o metabolismo está mais lento e não gastamos tanta energia durante o período noturno, maior é capacidade do organismo de transformar as calorias ingeridas perto da hora de deitar em gordura.

A teoria de que comer à noite engorda é suportada por alguns estudos em animais como o publicado no jornal Obesity que mostrou como os ratos que comiam ao contrário do seu ritmo circadiano aumentavam de peso, mesmo que ingerissem a mesma quantidade de alimentos dos ratos que comiam respeitando o relógio biológico interno.

Nos humanos, uma pequena investigação publicada em 2020 no Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism apontou na mesma direção. Ao site Science Daily, Jonathan C. Jun, um dos autores do estudo, reconhece que o trabalho “lança uma nova luz sobre como comer o jantar mais tarde piora a tolerância à glicose e reduz a quantidade de gordura queimada”, durante a noite.

Neste trabalho, os pesquisadores estudaram 20 voluntários saudáveis (10 homens e 10 mulheres) para ver como metabolizavam o jantar ingerido às 22h em comparação com os que jantavam pelas 18h, sendo que todos os voluntários foram para a cama às 23 horas. Os investigadores descobriram que os níveis de açúcar no sangue estavam mais elevados e a quantidade de gordura ingerida queimada pelo metabolismo foi menor no grupo que jantou mais tarde.

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Contudo, a teoria de que uma caloria é uma caloria independentemente da hora que é ingerida tem prevalecido entre os especialistas, com estudos a demonstrarem que não é necessariamente o momento do dia em que se come, mas a quantidade de comida ingerida, que faz diferença relativamente ao aumento de peso.

Os cientistas estudaram 20 voluntários saudáveis (10 homens e 10 mulheres) para ver como metabolizavam o jantar ingerido às 22h em comparação com os que jantavam pelas 18h, sendo que todos os voluntários foram para a cama às 23 horas. Os investigadores descobriram que os níveis de açúcar no sangue estavam mais elevados e a quantidade de gordura ingerida queimada pelo metabolismo foi menor no grupo que jantou mais tarde.

Só que o que a ciência também tem demonstrado é que quem janta mais tarde tem tendência a ingerir mais calorias, como concluiu um estudo publicado no jornal Appetite. Nos 52 voluntários que participaram nesta investigação, os investigadores notaram que quem tinha por hábito comer depois das 20h tinha maior propensão para ingerir mais calorias do que os voluntários que jantavam mais cedo.

À mesma conclusão chegou a investigação publicada no jornal Nutrition Research: indivíduos que comem mais perto da hora de dormir geralmente ingerem mais calorias do que aqueles que comeram a última refeição mais cedo.

Ou seja, independentemente da hora a que se faz a última refeição, o fundamental é ter atenção à quantidade de calorias ingeridas. Nos hábitos de vida corrente, não é invulgar que as pessoas durante o dia não tenham tempo para fazer refeições equilibradas e depois, quando chegam a casa ao final do dia, possivelmente com fome, aproveitam o jantar para fazer uma refeição mais substancial, geralmente com mais calorias do que as ingeridas ao longo do dia.

Em suma, o que já está comprovado é que mais importante do que a hora que se come é o tipo de alimentos e as quantidades ingeridas que fazem a diferença. Se o total de calorias ingeridas for o adequado ao gasto energético ao longo do dia, a hora da última refeição não tem impacto no peso. Contudo, os estudos publicados têm demonstrado que quem tem por hábito jantar mais tarde tem tendência a ingerir mais calorias.

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Alimentação

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Alimentação | Nutrição

28 Dez 2021 - 10:15

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