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Cintos para abdominais queimam gordura localizada?

16 Mai 2023 - 11:08
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Cintos para abdominais queimam gordura localizada?

Alega-se em várias publicações disponíveis online que os chamados “cintos para abdominais” ou “tonificadores musculares elétricos” são eficazes na queima de gordura localizada na região da barriga. Mas estes produtos cumprem o que prometem?

É verdade que estes “cintos para abdominais” permitem queimar gordura localizada?

Em declarações ao Viral, Rui Garganta, professor do gabinete de Cineantropometria da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP), adianta que não há evidência científica que comprove que os eletroestimuladores abdominais – também conhecidos como “cintos para abdominais” ou “cintos vibratórios” – queimam gordura localizada.

Estes dispositivos apenas “trabalham a força dos músculos”, ou seja, “permitem uma contração muscular”, explica. Segundo o especialista, “quando se liga o aparelho, sentem-se choques elétricos que, no fundo, fazem uma contração involuntária do músculo”.

Assim, de facto, os eletroestimuladores podem tonificar esta região. Não obstante, isso não significa que queimem gordura localizada. 

O professor da FADEUP sublinha que existem “muitas máquinas para treino abdominal e exercícios”, mas “nenhuma funciona” no que diz respeito à queima de gordura localizada.

“Quantas dietas diferentes existem? Milhares. Também não funcionam, porque o que funciona é comer de forma saudável e fazer exercício regular”, compara Rui Garganta.

Porque é que estas técnicas para o treino abdominal não cumprem o que prometem? “Normalmente vendem-se máquinas com dois objetivos: perder gordura localizada e adelgaçar”, realça. 

Contudo, “estimular um músculo à espera que ele adelgace” não é viável, já que “o músculo, quando é estimulado, ou define, ou cresce – chama-se hipertrofia”, sustenta.

Por outro lado, “está descrito fisiologicamente que a gordura sai do último lugar onde foi depositada”, mas não há forma de saber onde está essa gordura. Portanto, o mais provável, continua o especialista, é “não sair de onde queremos”.

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Isto é, não é possível escolher em que zona do corpo se vai perder gordura ao fazer um determinado exercício ou ao comer um alimento específico. Até porque, explica o especialista, “a gordura é uma capa, que tende a uniformizar o corpo”. 

Caso contrário, sendo o ser humano “predominantemente unilateral” – destro ou canhoto – “estaria, no caso dos destros, mais magro do lado direito do que do lado esquerdo do corpo”. Mas isso não acontece. Se assim fosse, “estaríamos todos tortos”, salienta o professor da FADEUP.

Além disso, surge ainda outra questão. Tal como quaisquer outros músculos, o abdominal não deve ser estimulado exclusivamente.  “O abdominal faz parte de um conjunto de músculos”, refere. 

“Se nós ficarmos com um abdominal muito forte e a zona posterior (a lombar) muito fraca, vamos ter problemas de coluna”. Assim, “a ideia de treino abdominal é interessante, mas no conjunto do treino, isto é,  incluindo os membros inferiores e a zona lombar”, justifica. 

Se for apenas treinado apenas o abdominal e “outras partes forem esquecidas, desequilibra-se o corpo”.

Qual a importância de eliminar a gordura visceral e como fazê-lo?

“A gordura visceral é a gordura mais mortal, porque está próxima dos órgãos – nomeadamente do fígado – e entra com mais facilidade na corrente sanguínea”, alerta Rui Garganta. 

Enquanto “a gordura periférica (rabo e coxas) é uma gordura mais estética”, a gordura abdominal “pode provocar diabetes e acidentes vasculares cerebrais, que atualmente são das doenças que mais matam”, esclarece.

Da mesma forma que os eletroestimuladores não funcionam na queima de gordura localizada, como explicou anteriormente ao Viral Inês Rodrigues, fazer exercícios voluntários que afetem um determinado músculo não permite perder gordura em partes específicas do corpo, principalmente se falarmos da “zona abdominal”.

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Como esclarecia à data a fisiologista do exercício, para queimar gordura, seja em que zona do corpo for, é necessário haver uma “reeducação alimentar”. 

Inês Rodrigues explicava que este “é um processo demoroso” que resulta, por vezes, em frustração, dado que não aparecem “resultados de um dia para o outro”.

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Apesar de “ficarmos tonificados visualmente”, quando se fazem muitos exercícios abdominais, se não houver esta mudança na alimentação, não se consegue perder essa massa gorda, realçava a mesma fonte.

Assim sendo, conclui Rui Garganta, a forma viável e eficaz de queimar gordura – seja na região abdominal, seja noutra zona do corpo – é ter uma alimentação saudável e fazer exercício regularmente.

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Exercício Físico

16 Mai 2023 - 11:08

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