

Beber chá de hibisco após as refeições emagrece?
Escreve-se nas redes sociais que beber uma chávena de chá de hibisco após as refeições ajuda a emagrecer e a perder peso. Esta informação é verdadeira ou falsa?
Desde a água com canela ao sumo de ananás, todos os dias são partilhadas, nas redes sociais, receitas caseiras de emagrecimento com resultados supostamente milagrosos. Em várias destas publicações escreve-se, por exemplo, que beber chá de hibisco após as refeições ajuda a emagrecer.
Num destes posts, alega-se que o chá de hibisco ajuda “a evitar a acumulação de gordura” e a “retenção de líquidos”. Além disso, a autora do texto defende que “basta beber uma chávena deste chá após as refeições para diminuir a absorção dos hidratos de carbono, o que favorece a perda de peso”. Verdadeiro ou falso?
É verdade que o chá de hibisco, por si só, promove a perda de peso?
Em declarações ao Viral, a nutricionista Conceição Calhau e o endocrinologista João Raposo referem que, embora haja alguns estudos sobre os potenciais benefícios do extrato de hibisco, não há evidência científica robusta que permita afirmar que beber chá de hibisco após as refeições, por si só, emagrece ou favorece a perda de peso.
A coordenadora da Licenciatura em Ciências da Nutrição e do Mestrado em Nutrição Humana e Metabolismo da NOVA Medical School começa por explicar que os fitoquímicos têm um papel importante no metabolismo.
Segundo a nutricionista, estas substâncias estão “naturalmente presentes no reino vegetal” e proporcionam no ser humano, por exemplo, efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios. Neste caso, a “flor (cálice) do hibisco” parece ter “efeitos relevantes anti-obesidade”.
No entanto, esta evidência provém de “estudos com extratos de hibisco” que são administrados, muitas vezes, em doses superiores” às que estão presentes no chá, esclarece a especialista.
Além disso, completa, as doses utilizadas nas investigações disponíveis não são viáveis de administrar através de uma infusão em humanos. Por isso, vinca, “tem de haver prudência na extrapolação de resultados”.
Nesse sentido, o endocrinologista e diretor clínico da Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP), João Raposo, reforça que, apesar de existirem estudos em que se conclui que “alguns componentes do hibisco podem ajudar a combater o excesso de peso e a promover a redução de peso”, não há evidência científica robusta para afirmar que o chá de hibisco proporcione esses benefícios.
“É parecido, por exemplo, com aquilo que se diz sobre a diabetes e o tremoço. Existe a ideia de que o tremoço e a água do tremoço são benéficos para quem tem diabetes, porque ajudam a estabilizar os valores”, contextualiza o endocrinologista.
No entanto, continua, embora existam “alguns trabalhos de investigação que mostram os benefícios de alguns componentes do tremoço”, quando “se percebe o tipo de dose que é preciso usar, já se duvida da vantagem aparente”.
O facto de um produto ser natural não significa que seja inócuo
Para João Raposo, de um modo geral, a população tem a perceção de que “um produto natural não fará mal a nada, mas não é verdade”.
Visão semelhante tem Conceição Calhau que assinala que, tendo em conta a crença de que os produtos naturais são inócuos, pode haver a tendência de exagerar na quantidade e tomar “uma dose com efeitos tóxicos“, prejudicando, por exemplo, o fígado.
No mesmo plano, o diretor clínico da APDP avisa que “muitas infusões têm produtos ativos que podem interferir ou ter uma ação direta com outros medicamentos“, avisa.
Tal como Conceição Calhau explica em declarações ao Viral, “os compostos fenólicos” presentes no chá de hibisco podem interferir nas “reações envolvidas no metabolismo dos medicamentos”, pelo que é necessário ter “muita prudência ao ingerir estas infusões” quando se está medicado.
Para mais, frisa, “muitos destes compostos aumentam a excreção das hormonas da tiroide”. Assim sendo, “sobretudo quando existe patologia da tiroide, devemos monitorizar estes consumos”.
Deve-se encarar o chá de hibisco “como um alimento e não como um medicamento”
A docente da NOVA Medical School assegura que, salvo algumas exceções, o chá de hibisco pode “fazer parte da rotina alimentar, sem excessos”, ou seja, consumindo, “no máximo, numa chávena por dia”. Este gesto pode ser encarado como “um momento de hidratação” proporcionado por uma “bebida rica em compostos bioativos”, defende.
No entanto, o chá de hibisco deve ser visto “como um alimento e não como um medicamento”. Até porque ingerir esta bebida sem ter, ao mesmo tempo, um estilo de vida saudável e equilibrado não vai “milagrosamente” favorecer a perda de peso ou o emagrecimento.
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