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Cardio é melhor para perder peso do que musculação?

Quando o objetivo é perder peso, o exercício físico é um bom aliado da alimentação equilibrada e saudável. Mas é verdade que fazer cardio é melhor para emagrecer do que fazer treino de musculação?

14 Nov 2022 - 08:00

Cardio é melhor para perder peso do que musculação?

Quando o objetivo é perder peso, o exercício físico é um bom aliado da alimentação equilibrada e saudável. Mas é verdade que fazer cardio é melhor para emagrecer do que fazer treino de musculação?

“O treino de cardio queima mais calorias do que treino de musculação e é melhor para perder peso”. É esta a ideia defendida pela sabedoria popular. Mas não é assim tão linear. Quem o explica é Miguel Gomes, professor de Anatomia e Cinesiologia na Faculdade de Motricidade Humana (FMH) e membro do Laboratório de Função Neuromuscular, e Marco Dias, fisiologista do exercício físico e personal trainer.

Cardio é o melhor tipo de treino para perder peso?

Os dois especialistas concordam: para perder peso de forma eficaz, deve-se fazer tanto treino de cardio como de musculação.

Miguel Gomes começa por esclarecer que “a perda de peso ocorre quando nos encontramos num balanço energético negativo (défice calórico), ou seja, quando ingerimos menos calorias do que as que gastamos”.  

“Para efeitos de perda de peso”, deve ser cumprido “um regime de défice calórico controlado (acompanhado por um nutricionista), e um programa de treino (supervisionado por um profissional qualificado) que contemple cardio e força”, clarifica.

Por um lado, o treino cardio (como corrida e bicicleta),  “quando realizado com a devida intensidade, terá um maior dispêndio energético comparativamente ao treino clássico de musculação”. 

Por outro lado, se for garantido “um regime alimentar adequado”, o treino de musculação “é um elemento essencial na preservação e aumento da massa muscular, enquanto o treino cardio se revela algo eficaz no auxílio à redução da massa gorda”, sustenta.

Quer isto dizer que, “enquanto as atividades de cardio geram um grande gasto calórico durante a prática do exercício, a musculação faz com que o corpo continue a gastar calorias mesmo quando estiver em repouso”, explica Marco Dias.

Aliás, “existe evidência de que aumentos de massa muscular decorrentes do treino de musculação estejam associados a um maior dispêndio energético em repouso”, sublinha o professor da FMH.

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Noutro plano, o facto de não se fazer musculação ao mesmo tempo que se treina cardio em excesso pode potenciar a perda de massa muscular. “Muitas vezes, nestes casos, até se perde mais massa muscular do que gordura” alerta o personal trainer. 

Quais os outros benefícios do cardio e da musculação?

Miguel Gomes destaca que o treino cardio “acarreta benefícios, no sentido da redução do risco de incidência de doença cardiovascular, através da melhoria da função cardíaca, redução da pressão arterial e adaptações positivas ao nível da circulação sanguínea periférica”.

Além disso, este tipo de treino também está associado “a uma redução na incidência de doenças metabólicas, como a diabetes mellitus (tipo II) e redução dos níveis de colesterol LDL”, aponta.

Segundo Marco Dias, os exercícios aeróbicos (cardio), além de favorecerem “a redução da gordura corporal” e auxiliarem “o fortalecimento da musculatura do coração”, também ajudam no combate a “doenças psicológicas, como a depressão e a ansiedade”.

Já “o treino de força, ou musculação”, está associado sobretudo “a benefícios a nível da saúde musculo-esquelética”, estando também relacionado com a “redução do risco de mortalidade por todas as causas”, revela o especialista da FMH.

“Alguma evidência mais recente aponta que o treino de força está possivelmente associado a uma redução no risco de mortalidade por cancro”. E ainda, “outros benefícios, como melhoria da saúde articular e redução da incidência de osteoporose encontram-se também já bastante reportados na literatura”, conclui.

O que se deve fazer primeiro?

“Do ponto de vista da sequência do treino, para o praticante comum, não existe evidência inequívoca de uma ordem preferencial para o efeito de perda de peso”, garante Gomes.

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No entanto, para “praticantes com mais experiência”, do ponto de vista do rendimento, “é preferível priorizar a componente do treino que se pretende otimizar”, realça. 

A título de exemplo, a mesma fonte refere que, se a pessoa pretende dar preferência “ao desenvolvimento da força muscular, possivelmente terá melhores resultados se optar por realizar o treino de musculação em primeiro lugar, e só depois o treino cardio”. Aplica-se o inverso quando se pretende priorizar o desenvolvimento da capacidade cardiorrespiratória. 

Na perspetiva de Dias, “para perder gordura”, a pessoa poderá “fazer primeiro um treino de musculação para se levar ao limite” de modo a ir “buscar mais energia aos lípidos do que aos músculos”. 

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O objetivo é “tentar que a pessoa utilize a gordura como fonte de energia, porque já saturou muitas energias restantes dos treinos de pesos que fez primeiro”, defende.

Na visão de Miguel Gomes, o mais importante é “o praticante identificar formas de exercício às quais irá ter um elevado nível de adesão, que estejam presentes na sua rotina, e das quais consiga tirar prazer, aumentando assim a probabilidade de as praticar de forma regular e consistente”.

14 Nov 2022 - 08:00

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