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Canábis é a cura? 5 “fake news” sobre o cancro

4 Fev 2025 - 09:25

Canábis é a cura? 5 “fake news” sobre o cancro

O cancro é uma das principais causas de morte em todo o mundo, tendo sido responsável por cerca de 10 milhões de óbitos em 2020, segundo os dados disponibilizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Dada a sua gravidade e impacto, este grupo de doenças tornou-se também um terreno fértil para a disseminação de mitos e desinformação.

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Desde curas milagrosas a falsas causas para a doença, as mentiras sobre o cancro são uma constante nas redes sociais. No Dia Mundial do Cancro, que se assinala a 4 de fevereiro, recordamos cinco “fake news” (informações falsas) desmontadas pelo Viral.

1 – Beber água alcalina previne e cura o cancro?

água alcalina cancro

A ideia de que ingerir água alcalina ou consumir alimentos alcalinos (ou seja, com um pH superior a 7) pode prevenir ou até curar o cancro é uma crença antiga e frequente nas redes sociais.

No entanto, tal como se explica neste artigo do Viral, não há evidências científicas sólidas que sustentem esta teoria, e várias instituições ligadas à saúde já desmentiram estas alegações.

A título de exemplo, num texto publicado no site do Cancer Research UK, escreve-se que, numa revisão sistemática publicada em 2016, “os investigadores descobriram que não existem provas de que uma dieta alcalina possa prevenir ou curar o cancro”.

“Os investigadores afirmaram também que uma dieta alcalina pode alterar o pH da urina para um valor mais alcalino, mas não o do corpo inteiro. O organismo regula o pH do sangue através de vários processos internos. A alimentação não o afeta”, lê-se no mesmo texto informativo.

No mesmo sentido, na página da organização Cancer Council Australia, esclarece-se que existem poucos “estudos bem concebidos sobre dietas alcalinas em humanos e não há boas evidências de que estas possam ser utilizadas para prevenir ou tratar doenças como o cancro”.

2 – Consumir soja provoca cancro da mama?

soja cancro

O receio de o consumo de soja poder provocar cancro da mama é um dos motivos que leva algumas mulheres a evitarem ou a reduzirem o consumo de produtos que contêm esta leguminosa.

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No entanto, tal como a médica e nutricionista Paula Ravasco já adiantou em declarações anteriores ao Viral, não há evidência científica que prove que consumir soja aumenta o risco de desenvolver cancro da mama.

Paula Ravasco explicou, aliás, que “já existe uma vasta literatura a mostrar uma associação positiva entre a ingestão de soja e a prevenção do aparecimento de um tumor primário da mama”, sobretudo se esse consumo se iniciou em idades jovens, como a adolescência.

Essa posição está também defendida num artigo divulgado no site da American Cancer Society, em que se pode ler que, “até agora, as evidências não apontam para quaisquer perigos do consumo de soja para as pessoas e os benefícios para a saúde parecem superar qualquer potencial risco”.

O mesmo foi declarado pela American Society of Clinical Oncology na página que a organização científica dedica à literacia da população sobre o cancro, e em que faz um apanhado da evidência sobre esta questão. 

Pode ler mais informação sobre este tema neste artigo do Viral.

3 – Graviola é 10 mil vezes mais eficaz do que a quimioterapia

graviola cancro

Entre os vários alimentos apresentados, nas redes sociais, como supostamente “milagrosos” no tratamento do cancro, a graviola, um fruto de casca verde e polpa branca comum nas regiões tropicais, é um dos mais populares.

Em várias publicações alega-se que este fruto é “10 mil vezes mais eficaz do que a quimioterapia” e, por isso, aconselha-se a ingestão do seu sumo ou de infusões feitas com as suas folhas.

Estas alegações, contudo, não têm fundamento científico, já que, apesar de alguns estudos laboratoriais terem verificado que os extratos de graviola podem matar alguns tipos de células cancerígenas, não existem provas robustas de que esses efeitos se verifiquem em humanos.

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Tal como a organização independente de investigação do cancro Cancer Research UK alerta num artigo publicado no seu site, não existe “evidência fidedigna suficiente de que a graviola funcione como um tratamento para o cancro”. 

Além disso, sustenta a mesma organização, embora “muitos websites promovam a graviola como uma cura para o cancro”, nenhuma “organização científica respeitável apoia qualquer uma destas alegações”.

4 – É possível reverter o cancro com a alimentação?

alimentação cancro

A alimentação tem um papel fundamental na prevenção do cancro e, mesmo durante o tratamento oncológico, uma nutrição adequada pode ajudar a melhorar a qualidade de vida e a resposta ao tratamento. No entanto, ao contrário do que se defende em vários posts nas redes sociais, não é possível curar ou “reverter o cancro” exclusivamente com mudanças na dieta.

Aliás, várias organizações ligadas à saúde (como o Cancer Council, o Breastcancer.org e o Cancer Research UK) assinalam, em textos publicados nos seus sites, que nenhuma dieta ou alimento específico vai impedir, por si só, o aparecimento de cancro, nem curar a doença.

“Algumas pessoas sugerem que seguir dietas específicas ou evitar certos alimentos ajudará a tratar ou mesmo a curar o cancro, mas não existem provas credíveis que sustentem esta afirmação”, esclarece-se na página do Cancer Council.

5 – Canábis cura o cancro?

canábis cancro

Outra substância popular nas redes sociais no que diz respeito ao tratamento do cancro é a canábis. Em várias publicações, são partilhados relatos de pacientes que, supostamente, ultrapassaram um cancro através de medicamentos feitos a partir de substâncias derivadas desta planta.

Tal como se esclarece na página dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), a canábis e alguns dos seus compostos “têm sido estudados para gerir os efeitos secundários do cancro e das terapias contra o cancro (como a quimioterapia)”, sendo que “os resultados sugerem que certos canabinoides podem ajudar a aliviar alguns desses efeitos secundários”.

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No entanto, acrescenta-se, “os estudos não demonstraram que a canábis ou os canabinoides isolados conseguem curar o cancro”.

Ou seja, as teorias partilhadas nas redes sociais em que se associa o consumo de canábis à cura do cancro não têm fundamento científico.

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