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Cães e gatos veem a preto e branco?

21 Mar 2023 - 11:05
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Cães e gatos veem a preto e branco?

Diz a sabedoria popular que os animais de estimação, em específico cães e gatos, apesar de verem melhor que os humanos à noite, só conseguem ver a preto e branco. Mas é verdade que estes animais não conseguem distinguir as cores?

É verdade que os cães e os gatos veem a preto e branco?

cães e gatos

Em declarações ao Viral, Ana Almeida, médica veterinária dedicada à oftalmologia veterinária e professora assistente convidada da Universidade de Évora, adianta que a ideia de que os cães e os gatos só veem a preto e branco não passa de um mito.

A visão, de modo geral, funciona de forma semelhante para todos os mamíferos. Isto é, “na retina há células especializadas – os fotorrecetores – que transformam a luz absorvida em visão”.

Existem “dois grandes tipos de células de fotorreceptores: os cones e os bastonetes”. Os cones “são as células responsáveis pela acuidade visual (capacidade de um ser vivo ver um objeto muito focado) e pela distinção de cores”, clarifica.

Os seres humanos, explica a veterinária, “têm três cones”, ou seja, “três gamas de cores”. Contudo, os cães e os gatos têm apenas dois, ou seja, são “dicromáticos”. Isto faz com que “vejam bem definido o azul, mas tenham dificuldade em distinguir o verde, o amarelo e o vermelho”. 

Assim, neste aspeto, a visão destes animais assemelha-se à dos daltónicos. Tal como os cães e os gatos, “os daltónicos também só têm dois cones, isto é, são dicromáticos”, sustenta a veterinária.

Inclusive, refere ainda, existem “espécies com quatro gamas de cores, como algumas aves”.

A visão dos cães e dos gatos difere muito?

cães e gatos

No que diz respeito às cores, os cães e os gatos têm as mesmas características. No entanto, têm particularidades diferentes em relação ao campo visual.

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Como esclarece a veterinária, “estamos a falar de predadores, nós, os cães e os gatos”. “O cão tem um campo visual maior, de 240 graus. Enquanto o gato tem 200. Nós, pessoas, temos cerca de 180”.

Contudo, é curioso verificar que “os animais que tipicamente são presas têm a posição do olho na órbita muito mais lateralizada, o que faz com que tenham muito pouca noção de profundidade, mas têm um campo visual maior”, contextualiza. 

A especialista dá o exemplo do cavalo, com 355 graus de campo visual, que lhe “dá uma vantagem enorme de deteção de predadores”.

Noutro plano, outra grande vantagem dos cães e dos gatos é a deteção de movimento e luz. Estes animais “têm, comparativamente ao Homem, muitos mais bastonetes e menos cones”, o que lhes permite serem “mais sensíveis ao movimento e à luz, do que propriamente terem uma imagem muito definida”, salienta a professora da Universidade de Évora.

Por exemplo, em termos de acuidade visual, “o gato tem de estar sete vezes mais perto do objeto para o focar da mesma forma que uma pessoa”, por isso, “estão mais especializados em caçar presas a curta distância”. Por outro lado, os cães “têm melhor visão ao longe do que ao perto”.

Em última análise, “os gatos veem melhor ao perto que os cães e os cães veem melhor ao longe que os gatos”, mas os humanos focam muito melhor, tanto a curta, como a longa distância. “Em termos de acuidade visual, só nos ganham praticamente as águias”, conclui. 

Visão noturna: a vantagem dos gatos

Segundo Ana Almeida, onde os gatos ganham é na visão noturna, já que veem melhor à noite do que os cães e os humanos. Por um lado, “o cão tem, aproximadamente, metade da capacidade do gato de visão noturna”.

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Já os humanos veem pior no escuro do que qualquer um desde animais. “Os gatos para verem o mesmo que nós com a mesma luminosidade precisam de um sexto da luminosidade que nós precisamos”, continua.

Porque é que isto acontece? Tem que ver com “o tapete lucidum, que é uma estrutura localizada por trás da retina” de alguns animais. De modo geral, “a visão depende da absorção de luz pelos fotorrecetores”, mas, “quando os fotões atingem a retina, os fotorrecetores não conseguem absorver tudo”.

A maioria das espécies (“tirando os porcos e os primatas”) “têm este tapete lucidum que faz com que reflita a luz”, informa. Nestes casos, “aquela luz que não foi absorvida à primeira tem uma segunda oportunidade de ser absorvida, porque passa novamente por essas células que a captam”.

Os gatos, em específico, além de terem o tapete lucidum, “têm outra característica que os ajuda: têm a córnea muito grande, ampla e um abertura pupilar muito específica e enorme, fazendo com que a entrada de luz se maximize, mesmo em baixas condições de luminosidade”, acrescenta.

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Categorias:

Saúde animal

Etiquetas:

Animais

21 Mar 2023 - 11:05

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