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Cães e gatos também podem ter epilepsia?

23 Jan 2025 - 09:49
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Cães e gatos também podem ter epilepsia?

A epilepsia é conhecida por se manifestar em humanos e ocorre quando existe uma atividade anormal no cérebro que origina descargas elétricas excessivas nos neurónios, desencadeando, por sua vez, movimentos involuntários e repetitivos e até perda de consciência

No entanto, apesar de se manifestarem de forma rápida e intensa, estas crises, conhecidas como ataques epiléticos, não causam sofrimento à pessoa. 

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Por outro lado, trata-se de uma patologia que não tem cura, apesar de ser possível controlar a severidade e regularidade das crises com medicação diária. 

Em relação aos animais de companhia, não é novidade que partilham algumas doenças com os humanos, como é o caso da leishmaniose, depressão, gripe ou demência, como o Viral explicou neste artigo. Mas será que também podem ter epilepsia?

Cães e gatos: Os animais também podem ter epilepsia?

Sim. Segundo Joana Prata, médica veterinária e docente do Instituto Universitário de Ciências da Saúde (CESPU), no Porto, a epilepsia não é uma doença exclusiva dos seres humanos, ainda que seja mais comum neste grupo. 

Os gatos e principalmente os cães jovens podem sofrer desta patologia que deve ser sempre avaliada pelo médico veterinário, uma vez que, reforça em declarações ao Viral, existem três tipos de epilepsia para estas espécies: a secundária, que se manifesta quando há uma lesão no cérebro, como um tumor ou inchaço; a reativa, que ocorre quando o animal esteve exposto a algum agente tóxico e o cérebro reage, e a idiopática.

“Esta última é a que identificamos como a mais parecida com a humana, porque não tem uma causa definida, ou seja, não há nenhum problema no cérebro do animal. Provavelmente, ocorre com alterações das estruturas do cérebro que já existiam e, principalmente, em cães até aos três anos. Quando os ataques acontecem com cães mais velhos, suspeita-se que exista um problema por trás que está a afetar o cérebro”, explica a médica e autora do site O Meu Animal.

Tal como nas pessoas, a epilepsia idiopática é uma doença incurável. Para a secundária e reativa, no entanto, já existe cura é apenas necessário que o médico veterinário encontre a lesão ou o agente tóxico que está na origem do ataque. 

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“A epilepsia secundária requer uma lesão no cérebro e pode acontecer se o animal cair de uma altura considerável e bater com a cabeça espoletando o ataque convulsivo. Nos idosos, pode ser um cancro no cérebro que origina a epilepsia. No caso da reativa, pode estar exposto a algo externo ao organismo, como o chumbo”, esclarece.

Beagle, labrador, golden retriever e pastor alemão são algumas das raças mais predispostas a ter a doença.

Nos gatos, destaca Joana Prata, os ataques epiléticos só se manifestam quando existem lesões no cérebro e, assim sendo, o diagnóstico de epilepsia idiopática é logo descartado.

Quais são os sintomas?

Além de cair e perder a consciência que deve regressar rapidamente, caso contrário é urgente uma visita à clínica veterinária —, o animal vai ter a boca aberta, salivar, mexer rapidamente as patas como se estivesse a pedalar, sendo que pode ainda urinar e defecar.

“Sei que não é fácil, mas os tutores têm de manter a calma nestas situações e colocar o animal num local onde não caia (por exemplo, no chão) e sem objetos à volta dele para não se magoar. E, depois, nunca pôr nada na boca dele, mesmo a mão, porque pode morder. Se colocarmos outra coisa dentro da boca, pode asfixiar, por isso, não é, de todo, recomendável”, avisa a médica veterinária.

Filmar e cronometrar a duração do ataque também pode ser útil (talvez não na primeira vez, já que não é habitual, mas se o animal já estiver diagnosticado). Segundo Joana Prata, uma crise superior a cinco minutos é grave e, nesse caso, o cão ou o gato deve ser levado rapidamente ao veterinário.

Ainda sobre os sintomas, neste artigo lê-se que cães diagnosticados com epilepsia também podem sofrer de ansiedade, alterações cognitivas e “sintomas semelhantes à psicose (por exemplo, latidos sem causa aparente, perseguição de sombras ou pontos de luz, andar sem rumo e olhar para o vazio)”.

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Em que consiste o tratamento?

De acordo com a docente da CESPU, o tratamento vai depender do tipo de epilepsia que se manifesta no cão ou no gato. Para a idiopática existem fármacos que o animal tem de tomar diariamente para assim controlar a frequência e gravidade das crises.

“Mas é preciso ter cuidado, porque, mesmo com tratamento, pode ter ataques. Em princípio, serão menos e com menor frequência, e, sendo assim, o veterinário vai prescrever um SOS para travar a convulsão”, acrescenta.

No caso da epilepsia secundária, o tratamento e, consequentemente, a cura vão depender da lesão cerebral que o animal tem. Antes da prescrição de qualquer medicamento (isto é, nos casos em que é necessária prescrição), é necessário fazer uma radiografia para descartar, por exemplo, cancro no cérebro.

Se esta suspeita for confirmada, o animal receberá tratamento oncológico e a epilepsia secundária desaparece.

Na reativa, continua a médica veterinária, o procedimento será o mesmo: primeiro procurar a infeção ou intoxicação, por exemplo, em possíveis alterações no sangue, e depois chegar ao diagnóstico e tratamento.

“Os animais mais velhos, maioritariamente os gatos, às vezes, têm insuficiência renal ou hepática e pode haver concentração de um determinado composto no sangue que altera muito o hemograma e vai irritar o cérebro. Se for algo tóxico, vamos tentar que excrete essas toxinas.” 

Na insuficiência renal crónica dos felinos, salienta Joana Prata, o tratamento não vai reverter completamente a lesão no rim, mas vai melhorar a qualidade de vida.

Quais são os riscos se a doença não for tratada?

Há sempre o risco de o animal morrer durante o ataque ou ficar com sequelas graves no cérebro, fazendo com que algumas zonas deixem de funcionar.

“Muitas vezes, o animal tem um ataque de curta duração, mas também pode ter um que não para. Se a consciência não voltar passados 30 minutos, é muito grave e tem de ir de urgência para o veterinário. Em casos mais intervalados, é recomendado uma consulta o mais rápido possível para evitar que a situação se agrave na próxima crise”, conclui.

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