As manchas de bolor nas paredes e no teto são inestéticas e desagradáveis, sobretudo quando vêm acompanhadas de um cheiro a mofo impossível de ignorar. Mas será que, além dos impactos visíveis no aspeto de uma casa, estes fungos podem ter efeitos negativos na saúde? E o que fazer para evitar ou minimizar estes possíveis impactos?

É verdade que o bolor nas paredes pode ter impactos negativos na saúde?

Em declarações ao Viral, a pneumologista do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia e professora de Epidemiologia e Saúde Pública do ICBAS Raquel Duarte começa por explicar que a exposição ao bolor pode ter efeitos negativos na saúde, embora isso nem sempre aconteça.

A especialista esclarece que “os bolores são fungos” e que as pessoas estão “permanentemente expostas a fungos em vários ambientes e, na maior parte das vezes, sem grandes consequências”. Isto é, “nós podemos estar expostos a fungos e não termos doença”.

Contudo, sublinha Raquel Duarte, “as populações mais vulneráveis, particularmente os imunocomprometidos, têm maior risco de desenvolver doença” quando expostas ao bolor.

Nesse sentido, o Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido publicou um artigo no seu site oficial com alguns esclarecimentos sobre como a humidade e o bolor podem afetar a saúde da população. No texto, adianta-se que ter bolor em causa aumenta a probabilidade de “problemas respiratórios, infeções respiratórias, alergias ou asma”.

Segundo o mesmo artigo, “os bolores produzem alergénios (substâncias que podem causar uma reação alérgica), irritantes e, por vezes, substâncias tóxicas”, sendo que “a inalação ou o contacto com esporos de bolor pode causar uma reação alérgica, tal como espirros, nariz a pingar, olhos vermelhos e erupção cutânea”.

A mesma fonte adianta que entre os mais vulneráveis a estes impactos estão “bebés e crianças; pessoas mais velhas; aqueles com problemas de pele existentes, tais como eczema atópico; pessoas com problemas respiratórios, tais como alergias e asma e os que têm o sistema imunitário enfraquecido, tais como os que fazem quimioterapia”.

Noutro plano, Raquel Duarte lembra que “uma casa ou uma habitação que esteja húmida e com bolores traduz habitualmente locais mal ventilados e, portanto, além do desconforto térmico, há um risco de transmissão de outras doenças”.

“Se houver pessoas doentes em ambientes mal ventilados, há maior risco de outras doenças de transmissão por inalação”, acrescenta.

Como evitar ou eliminar o bolor das paredes?

No que diz respeito à prevenção, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos aconselha os cidadãos a “manterem os níveis de humidade no nível mais baixo que conseguirem, entre 30% e 50%, durante todo o dia”, a utilizarem “um aparelho de ar condicionado ou um desumidificador durante os meses húmidos” e a certificarem-se de que as casas possuem “ventilação suficiente”.

Além disso, a instituição recomenda “consertar quaisquer fugas no telhado, paredes ou canalizações da casa, para que o bolor não tenha humidade onde crescer” e considerar “a possibilidade de não usar tapetes em divisões ou zonas, como as casas de banho ou caves, que têm muita humidade”.

Quanto à eliminação do bolor, o Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido aconselha que, antes de mais, se descubra a origem do excesso de humidade, lembrando que “a humidade nos edifícios pode ser causada por canos com fugas, humidade ascendente em caves ou pisos térreos, ou chuva a infiltrar-se devido a danos no telhado ou em redor de caixilhos de janelas”.

Depois, continuam, é necessário “reparar” o problema de origem e “limitar a quantidade de humidade no ar”. Em alguns casos, concluem, pode ser necessário “ajuda profissional” para remover o bolor.