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População em geral deve tomar aspirina diariamente para prevenir enfartes?

A aspirina é receitada frequentemente a doentes que já tiveram um evento cardiovascular. Mas será que a população em geral deve tomar aspirina diariamente para prevenir enfartes?

13 Dez 2022 - 08:00

População em geral deve tomar aspirina diariamente para prevenir enfartes?

A aspirina é receitada frequentemente a doentes que já tiveram um evento cardiovascular. Mas será que a população em geral deve tomar aspirina diariamente para prevenir enfartes?

A aspirina (nome comercial do ácido acetilsalicílico) é conhecida pela maioria como um medicamento utilizado para combater problemas como cefaleias e dores de dentes. No entanto, em publicações e comentários nas redes sociais, há quem admita tomar, todos os dias, doses baixas deste medicamento para prevenir um enfarte agudo do miocárdio. Mas será que a população em geral deve tomar aspirina diariamente para prevenir enfartes?

Toda a gente deve tomar aspirina diariamente para prevenir enfartes?

Em declarações ao Viral, o cardiologista Ricardo Ladeiras Lopes começa por explicar que, quando se fala no uso da aspirina no contexto cardiovascular, as doses são mais baixas do que as utilizadas para tratar outras dores, servindo para “fazer com que o sangue fique mais fluido, com o objetivo de evitar eventos trombóticos e eventos cardiovasculares, como o enfarte agudo do miocárdio”.

No mesmo plano, o professor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto lembra que os médicos costumam prescrever a toma diária de aspirina a pessoas “que já têm doença cardiovascular estabelecida, nomeadamente doença coronária, ou que já tiveram um enfarte agudo do miocárdio”. Aqui, sublinha, os doentes “têm um benefício clínico em fazer aspirina” e devem seguir as recomendações do seu médico.

Caso diferente é o uso de aspirina para “prevenção primária”, ou seja, “em pessoas saudáveis ou apenas com fatores de risco de doença cardiovascular (hipertensos, pessoas com colesterol alto, diabéticos, etc.)” que não reúnem as condições enumeradas no parágrafo anterior.

Nesses casos, “de uma forma geral, a evidência aponta e sugere que não parece haver um benefício clínico na toma de aspirina em prevenção primária”.

Isto porque, em pessoas saudáveis, “o pequeno benefício de redução de eventos cardiovasculares que existe é anulado pelo ligeiro aumento da probabilidade de sangrar que também existe” já que este medicamento, “ao colocar o sangue mais fluído”, também  aumenta “ligeiramente o risco de hemorragia”.

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Esta visão é partilhada pela Task Force dos Serviços Preventivos dos EUA que, numa recomendação divulgada em abril de 2022, aconselha os adultos com mais de 60 anos “a não iniciar a toma aspirina para prevenção primária de doenças cardiovasculares”.

Quem pode tomar da toma diária preventiva de aspirina?

Como para toda a regra há uma exceção, Ladeiras Lopes acrescenta haver outros casos que podem beneficiar da toma diária de aspirina como forma de prevenção primária. Exemplo disso, refere, são pessoas que tenham feito um exame de tomografia computorizada (TAC) no qual tenha sido detetado “muito cálcio nas artérias coronárias”.

Nessas situações, completa, o utente “poderá beneficiar de fazer aspirina em prevenção primária”. No entanto, isso deverá acontecer “sempre por indicação médica”, após “uma avaliação detalhada e compreensiva do risco cardiovascular”.

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Por isso, conclui o especialista, “em relação à população em geral, sem indicação médica formal, não há benefício aparente em tomar aspirina” diariamente.

13 Dez 2022 - 08:00

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