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As vacinas contra a Covid-19 afetam a fertilidade de quem as toma? É falso

3 Jan 2022 - 10:00

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As vacinas contra a Covid-19 afetam a fertilidade de quem as toma? É falso

A alegação surgiu na altura em que as vacinas de mRNA foram aprovadas e tem por base uma suposta semelhança entre a proteína spike do vírus – cuja informação genética é utilizada para desencadear a reação imunológica – e a proteína humana que faz parte do desenvolvimento da placenta. Desta forma, a administração da vacina iria despoletar uma reação imunológica contra a proteína da placenta, impedindo a progressão da gravidez. Será verdade?

Não há evidência de que as vacinas afetem a fertilidade. Os especialistas do “Meedan Digital Health Hub“, uma plataforma de investigação que combate a desinformação na área da saúde, explicam que as sequências genéticas de ambas as proteínas têm vindo a ser analisadas por vários geneticistas, imunologistas e bioquímicos e, nas suas conclusões, não encontraram semelhanças significativas entre a proteína spike do novo coronavírus e a proteína que faz parte do desenvolvimento da placenta.

Um estudo recente analisou a capacidade de o embrião se implantar na placenta em três grupos de mulheres: as que foram vacinadas contra a Covid-19, as que foram infetadas pelo novo coronavírus e um terceiro grupo onde as mulheres não foram nem vacinadas nem infetadas. Os investigadores não encontraram diferenças substanciais na capacidade de manter a gravidez – ou “na taxa de implantação do embrião” – nos três grupos.

Além disso, durante os ensaios clínicos para as vacinas da Pfizer e da Moderna – as duas que têm mRNA mensageiro – algumas participantes ficaram grávidas, o que também sugere que a vacina não afeta a fertilidade. Não foi registado um aumento de abortos espontâneos ou problemas de saúde nos recém-nascidos das voluntárias.

Também no caso da fertilidade masculina, o impacto das vacinas contra a Covid-19 foi analisado por investigadores. Um estudo comparou a fertilidade dos espermatozoides antes e depois dos homens terem recebido as duas doses de vacinas de mRNA, mas não encontrou diferenças relevantes nas amostras. No entanto, este estudo tem limitações: apresenta uma pequena amostra e não mostra efeitos a longo prazo das vacinas. Desta forma, os autores destacam a necessidade de realizar mais investigações sobre o tema para fortalecer a evidência científica. Esses novos estudos poderão também incluir outros parâmetros de medição da fertilidade masculina.

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Foram também realizados estudos sobre o desenvolvimento de anticorpos durante a gravidez e a passagem para os fetos. Um estudo realizado pela Universidade de Cornell, em Nova Iorque, Estados Unidos, concluiu que 99% dos recém-nascidos tinham anticorpos contra o vírus, depois de a progenitora ter tomado as duas doses da vacina. Nos casos em que a mãe tinha tomado apenas uma dose, a percentagem desce para 44%. Houve ainda uma investigação que verificou que os anticorpos produzidos pelas mães que tinham sido infetadas pelo novo coronavírus, em qualquer fase da vida, podia passar a proteção ao feto através da placenta.

Com base nos dados disponibilizados pelos estudos, o Colégio Americano de Obstetrícia e Ginecologia sugere que as mulheres com mais 18 anos que tencionem engravidar, que estejam grávidas ou em período de amamentação tomem a vacina contra a Covid-19, sublinhando os riscos que a doença pode ter durante a gravidez.

Em Portugal, as grávidas com 16 ou mais anos “devem ser vacinadas contra a Covid-19”, avança a norma da Direção-Geral de Saúde. “Recomenda-se a vacinação da grávida a partir das 21 semanas de gestação, após a realização da ecografia morfológica, no entanto não existe idade gestacional limite para o início da vacinação”, pode ainda ler-se. É ainda referido que “a amamentação não constitui uma contraindicação para a vacina contra a Covid-19”.

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3 Jan 2022 - 10:00

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