OMS
As três maiores invenções virais sobre a OMS
A Organização Mundial da Saúde (OMS) é uma das principais vítimas de informações falsas que se tornam virais nas redes sociais desde que a crise provocada pelo novo coronavírus foi identificado na cidade chinesa de Wuhan, em dezembro de 2019.
O organismo, que criou a expressão “infodemic” para comparar a partilha em massa de informações falsas à pandemia global em curso, já estabeleceu uma parceria com a Google no sentido de o conhecido motor de pesquisa garantir destaque apenas a informações factuais e fidedignas. Foi igualmente revelado que plataformas e redes sociais como o Twitter, o Facebook e o Tiktok também tomaram medidas para “limitar a disseminação da desinformação”.
Embora importantes, estas parceiras não evitaram que a OMS fosse um alvo constante de fake news – e nem todas relacionadas com a pandemia de Covid-19. Revelamos três das maiores falsidades colocadas a circular sobre a organização nos últimos meses.
1.
A informação falsa:
– OMS ensina a realizar um teste respiratório para detetar sintomas do novo coronavírus.
A verdade:
– Foi em Abril que começaram a circular no Facebook, Twitter e WhatsApp vídeos que explicavam como fazer um teste respiratório que permitia detetar sintomas do novo coronavírus. Tudo seguindo alegadas recomendações da Organização Mundial da Saúde.
O exercício consistia em inalar, suster a respiração e exalar várias vezes durante um minuto. No final, e caso a pessoa ficasse com tosse, o conselho era que contactasse um médico pois podia estar com Covid-19.
A Organização Mundial da Saúde nunca validou nenhum “teste pulmonar” para detetar infeções por novo coronavírus e os vídeos que se tornaram virais são, na realidade, exercícios de relaxamento difundidos por uma empresa de produtos para a pele.
O falso teste circulou principalmente em países latino-americanos, sendo que no México teve mesmo uma versão desenvolvida por organismos públicos: o Conselho de Ciência, Tecnologia e Inovação e o Sistema Nacional para o Desenvolvimento Integral da Família, como revela a Agência EFE.
O vídeo foi publicado primeiramente por René Monro, diretor do referido conselho científico, e partilhado na página oficial do organismo no dia seguinte. Em declarações à EFE, garantiu que o vídeo que publicara se baseava em indicações da OMS, remetendo para outro vídeo publicado no Facebook por um sindicado boliviano a 13 de abril. Neste, que já foi denunciado como fake news, apresenta-se o referido exercício e diz-se que o mesmo foi divulgado pela OMS.
2.
A informação falsa:
– OMS desaconselha que pessoas saudáveis utilizem máscara em espaços públicos.
A verdade:
Uma das fake news relacionadas com a Organização Mundial da Saúde assegurava que a organização desaconselha a utilização de máscara por pessoas saudáveis em espaços públicos.
Estas informações falsas disseminaram-se pelas redes sociais em maio, depois da publicação de dois artigos em meios digitais argentinos. Segundo a EFE, um deles apagou a notícia e o outro alterou o título.
A verdade é que o organismo aconselha as máscaras “em espaços públicos onde haja transmissão comunitária” e onde “as outras medidas de prevenção, como a distância física, não sejam possíveis”.
3.
A informação falsa:
– A OMS define a pedofilia como normal e defende a legalização da prostituição infantil.
A verdade:
– A OMS considera a pedofilia um “transtorno mental” e inclui a mesma na sua classificação internacional de doenças. Nada que tenha evitado que, em julho, um artigo de um blog, com o título “Já é oficial: a OMS considera a pedofilia ‘normal’”, se tenha tornado viral e fosse difundido em massa no Facebook e no Twitter. No texto, assegura-se também que o organismo defende a legalização da prostituição infantil.
O autor do texto recorda a retirada da homossexualidade da lista de doenças mentais para dizer que essa decisão dá esperança ao denominado “movimento MAP” (em inglês, “Minor-Attracted Person”; em português, Pessoa Atraída por Menores”), que alegadamente defende a legalização da pedofilia. “A OMS não se pronunciou para repudiar estas declarações”, acusa-se.
Na verdade, a OMS continua a classificar a pedofilia como um transtorno mental, a rejeitar a prostituição infantil e a combater os abusos sexuais a menores.
A Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde da OMS define o “transtorno pedófilo” como um “padrão persistente, focado e intenso de excitação sexual, que se manifesta com pensamentos, fantasias, desejos intensos ou condutas sexuais que envolvem meninos ou meninas pré-adolescentes”.
A OMS também “proíbe estritamente a atividade sexual com crianças (pessoas menores de 18 anos), independentemente da idade mínima de livre consentimento ou da idade em que se alcance a maioridade no país em causa”. “Não se pode alegar como defesa o desconhecimento da idade da criança”, defende o organismo no código ético para prevenir e responder à exploração e aos abusos sexuais.
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