Ar condicionado pode provocar crise de alergia respiratória?
A associação entre os aparelhos de ar condicionado e as crises alérgicas é frequente. Mas será verdade que o ar condicionado pode provocar uma crise de alergia respiratória?
Entrar num espaço público com ar condicionado frio pode ser um alívio para muitos, sobretudo quando os termómetros marcam 30 graus no exterior dos edifícios. Para outros, a diferença de temperatura pode ser sinónimo de uma crise alérgica. A ideia de que o ar condicionado pode influenciar a saúde de um doente com alergia respiratória tem fundamento?
É verdade que o ar condicionado pode provocar uma crise de alergia respiratória?
Sim. A diferença de temperatura numa sala com ar condicionado, a falta de limpeza do aparelho e a secura provocada pelo mesmo são fatores potenciadores de uma crise alérgica.
Quem o garante é Ana Todo-Bom, professora da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC) e diretora do Serviço de Imunoalergologia do Hospital da Universidade.
Em declarações ao Viral, a médica começa por explicar que “a alergia respiratória traduz-se fundamentalmente por asma, bronquite alérgica e rinossinusite alérgica”. Aliás, acrescenta, a maioria dos casos de doentes asmáticos têm causa alérgica, o que torna estas pessoas “mais propensas a desencadear crises de asma”.
Como podem os aparelhos de ar condicionado influenciar as crises de alergia?
Em primeiro lugar, “as variações de temperatura” (principalmente para o frio) “são reconhecidas como um desencadeante de reações de broncoespasmo, tais como tosse, falta de ar e opressão torácica”, explica Ana Todo-Bom.
Além disso, a mudança drástica de temperatura também provoca “sintomas de rinite alérgica”, como “obstrução nasal, espirros, rinorreia ou pingo”.
No mesmo plano, também os doentes que “têm asma ou rinossinusite de causa não alérgica” verificam o aumento dos sintomas quando estão expostos ao frio.
Por outro lado, não limpar o aparelho de ar condicionado de forma adequada e recorrente também pode ser prejudicial à saúde das pessoas alérgicas.
“Um aparelho que não seja eficazmente cuidado tem tendência a armazenar empoeiramento doméstico”, favorecendo o “crescimento de ácaros e de fungos que são dois dos principais alergénios desencadeantes de asma e de rinossinusite alérgica”, esclarece a especialista.
Nesse sentido, a professora da FMUC considera importante ter em conta o facto de o ar condicionado gerar “uma certa secura no ar”, sendo que o ar muito seco acaba por criar uma certa “desidratação das mucosas”. Assim, “essa baixa de humidade do ar pode ser um desencadeante destas crises de alergia respiratória”.
Ainda assim, a especialista lembra que existem “alguns ar-condicionados que já têm incorporados alguns filtros para reduzir a exposição alergénica”.
Os doentes alérgicos não devem ter aparelhos de ar condicionado?
Na visão da imunoalergologista, não há nada que impeça os doentes alérgicos de terem “um aparelho de ar-condicionado em casa”, defendendo que “os doentes alérgicos devem ter uma vida normal”.
A especialista sublinha, contudo, que estas pessoas devem ter alguns cuidados especiais, tais como a limpeza dos filtros do aparelho e “a adequação da temperatura”, sendo que esta “não pode estar nem muito baixa, nem excessivamente elevada”. Estas precauções devem ser também aplicadas ao ar condicionado dos carros, completa.
No caso dos espaços públicos, é aconselhado que as pessoas com alergias respiratórias “frequentem locais em que as limpezas estão garantidas”. Por fim, e tendo em conta que “a distribuição do ar não é completamente uniforme”, a médica sugere que os doentes “tentem posicionar-se em sítios menos próximos” do aparelho.
Em suma, é verdade que o ar condicionado pode contribuir para uma crise de alergia respiratória, mas há cuidados que podem minimizar esses riscos, nomeadamente a limpeza dos aparelhos, a manutenção de uma temperatura adequada e a utilização de equipamentos com filtros para reduzir a exposição alergénica.
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