
Apertar o botão do snooze tem efeitos negativos para a saúde?
“Só mais cinco minutos.” É este o pensamento de muitas pessoas que ganharam o hábito de apertar o botão do snooze e adiar a hora do despertar. Mas será este um hábito saudável?
Numa sociedade com uma grande fatia da população a dormir menos horas do que o necessário, apertar o botão do snooze depois do primeiro toque do alarme é uma tentação. De cinco em cinco minutos, vai-se despertando e adormecendo várias vezes até não se poder mais adiar a hora de levantar da cama. Este hábito é saudável ou tem efeitos negativos?
Contactado pelo Viral, o especialista do sono Miguel Meira e Cruz começa por explicar que “não existem estudos científicos e com metodologia afinada” sobre os efeitos de apertar o botão do snooze. No entanto, sublinha, existem várias teorias sobre o impacto que este adiar consecutivo do despertar pode ter na saúde.
Em primeiro lugar, Meira e Cruz esclarece que estes efeitos poderão variar dependendo se a pessoa que aperta o botão do snooze está ou não em privação de sono. Isto é, à partida, “quem tem o sono em dia, mesmo que necessite num dia ou noutro de apertar o snooze, não deverá sentir um grande impacto negativo, porque naturalmente vai tender a acordar à hora que o relógio biológico dita”.
Já quem dorme pouco e mal poderá ser mais prejudicado, sentindo alguma “confusão mental” após acordar.
Por outro lado, sob um ponto de vista teórico, o toque do alarme repetido várias vezes a cada cinco minutos pode representar um “estímulo que nos tira do silêncio e do repouso do sono de forma abrupta”, o que, eventualmente, poderá ter consequências na “frequência cardíaca e na pressão arterial”.
Meira e Cruz exemplifica que, “se um paciente teve um enfarte há quatro meses ou está com risco cardiovascular elevado, é plausível que este despertar aumente significativamente os estímulos que levam a um aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial, aumentando ainda mais o risco nessas horas da manhã”.
Uma outra teoria, avança o especialista, defende que o impacto deste gesto não é assim tão relevante, dado que, “a partir do momento em que apertámos o snooze, já despertámos e já tirámos o cérebro de um estado de sono determinado para torná-lo mais superficial”. Logo, estaremos, “aos poucos, a permitir que o despertar suceda”. Meira e Cruz adianta que este ponto de vista parece “sensato e lógico”, tendo em conta aquilo que se conhece sobre a fisiologia do sono, mas “só se a pessoa tiver um sono em dia”.
No mesmo plano, Joaquim Moita, presidente da Associação Portuguesa de Sono, lembra que quem dorme o número de horas recomendadas (entre 7 a 9 horas no caso dos adultos) e se deita e se levanta todos os dias à mesma hora “não precisa de despertador e muito menos de snooze”.
Para o especialista, “só quem dorme mal” é que precisa deste botão. Moita sublinha, contudo, não ser “de todo recomendável tentar suprimir esta falta de higiene do sono com o snooze”, até porque este gesto repetido várias vezes durante a manhã faz com que a pessoa “fique mais ansiosa e irritada por não ter conseguido levantar-se à hora planeada”.
Como evitar o snooze e ter uma boa higiene do sono?
Assim sendo, o presidente da Associação Portuguesa de Sono recomenda que se mantenha o horário de deitar e de levantar todos os dias, “mesmo durante os fins de semana”.
Joaquim Moita sugere ainda a programar-se um alarme para a hora de deitar, de modo a garantir que se dorme o número de horas necessárias para um bom descanso.
Nesse sentido, Meira e Cruz avança que se deve “evitar estímulos à noite” e fazer por “não consumir bebidas cafeinadas ou bebidas estimulantes depois das cinco da tarde”. Além disso, dormir num sítio escuro e com silêncio são também rotinas que ajudam a ter uma boa noite de sono.
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