Alergia ao leite materno: É possível?
Nas redes sociais sugere-se que é possível os bebés terem “alergia ao leite materno”. Num dos posts publicados no Facebook, expõem-se os sintomas que podem indicar a presença deste tipo de alergia.
Fala-se em “problemas gastrointestinais” (como “cólicas intensas, diarreia frequente ou sangue nas fezes”), “erupções cutâneas” (como “vermelhidão ou irritação na pele”), “dificuldades respiratórias” e “mudanças no comportamento” (como “irritabilidade extrema ou dificuldade para dormir”). Mas será que é verdade que os bebés podem ter alergia ao leite materno?
Os bebés podem ser alérgicos ao leite materno?
Em esclarecimentos ao Viral, Mariana Capela, pediatra no Hospital Lusíadas Porto e pós-graduada em nutrição pediátrica, adianta que “a alergia que o bebé pode ter não é ao leite materno”.
Aliás, salienta a pediatra, “o leite materno é sempre o alimento mais completo, mais saudável e que devemos propor como primeira linha a todos os bebés” (ver também aqui).
O que pode acontecer é o bebé ser “alérgico à proteína do leite de vaca”, informa Mariana Capela.
“Quando a mãe ingere produtos lácteos, nomeadamente o leite de vaca, pode haver excreção da proteína do leite de vaca no leite materno”, explica.
A grande maioria dos bebés “tolera essa excreção”. Mas, assinala, em alguns casos raros de “alergia mais grave”, essas “proteínas do leite de vaca excretadas no leite materno podem sensibilizar o bebé”.
Nesses contextos, “o que está indicado é que a mãe faça uma evicção de lácteos na dieta, para não haver a excreção de proteínas do leite de vaca no seu leite materno”, esclarece a médica.
Com esta alteração, “o bebé passa a tolerar o leite” da mãe, o que “também comprova que não há, propriamente, uma alergia ao leite materno”.
Por esse motivo, “os bebés alérgicos à proteína do leite beneficiam muito em serem alimentados com leite materno em vez de fórmulas”.
Isto porque estes bebés “vão reagir logo às fórmulas habitualmente comercializadas, porque elas são feitas à base da proteína do leite de vaca”, justifica Mariana Capela.
Caso não seja possível (ou caso a mãe opte) por não amamentar um bebé com esta alergia, a solução é recorrer a “fórmulas especiais com proteína hidrolisada”.
Tal como se explica num texto informativo, publicado no site da Sociedade Portuguesa de Gastroenterologia, Hepatologia e Nutrição Pediátrica, estas fórmulas são feitas “a partir do leite de vaca”, mas “a proteína é modificada estruturalmente de forma a perder a sua capacidade antigénica, e, assim, não desencadear alergia”.
Importa ainda referir que, se o bebé não apresentar sintomas de alergia, a mãe não deve restringir a sua dieta, nem parar de consumir leite e derivados (ver aqui).
Deve-se considerar como sinais de alerta se “um bebé exclusivamente amamentado tem muitos problemas gastrointestinais” – não só cólicas, mas “muitas diarreias e sangue nas fezes”, salienta Mariana Capela.
Outros sintomas de alergia referidos num texto da Allergy UK (uma organização do Reino Unido) são: “reações cutâneas, como urticária, eczema, vermelhidão e comichão”; problemas “respiratórios”, que incluem “tosse”, “falta de ar”, “pieira” e “corrimento nasal”; e “desconforto geral” que “pode manifestar-se sob a forma de agitação, irritabilidade e recusa de alimentação”.
Nesses casos, aconselha Mariana Capela, “deve ser consultado um alergologista e, eventualmente, pode-se fazer essa tentativa de evicção da proteína de leite de vaca na mãe, porque esses bebés podem ser alérgicos”.
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