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Flexões abdominais reduzem gordura localizada? Não, mas têm outros benefícios

A ideia de que os exercícios abdominais são a melhor forma de reduzir a gordura localizada na zona abdominal é frequentemente partilhada nas redes sociais e nos canais de YouTube sobre emagrecimento e exercício físico. No entanto, a evidência científica sobre a matéria e os especialistas contactados pelo Viral demonstram que a prática isolada de flexões abdominais não é o suficiente para diminuir a gordura nesta região.

13 Set 2022 - 05:30

Flexões abdominais reduzem gordura localizada? Não, mas têm outros benefícios

A ideia de que os exercícios abdominais são a melhor forma de reduzir a gordura localizada na zona abdominal é frequentemente partilhada nas redes sociais e nos canais de YouTube sobre emagrecimento e exercício físico. No entanto, a evidência científica sobre a matéria e os especialistas contactados pelo Viral demonstram que a prática isolada de flexões abdominais não é o suficiente para diminuir a gordura nesta região.

“Treino para queimar gordura localizada da barriga”,  “Oito exercícios simples para queimar gordura na parte inferior da barriga” e “Dez abdominais em pé para perder barriga em sete dias”. Estes são alguns (entre muitos) exemplos de títulos de vídeos do YouTube sobre rotinas de exercício físico em que se promete que as flexões abdominais reduzem a gordura localizada na zona abdominal. Mas serão estes exercícios – muitas vezes descritos como “sit ups” ou “crunches” – eficazes na “queima de gordura” localizada na barriga?

Em entrevista ao Viral, o médico especializado em ortopedia e medicina desportiva Henrique Nunes começa por explicar que “os exercícios focalizados para determinadas regiões do corpo, nomeadamente para os abdominais retos e oblíquos, não provocam perda de gordura localizada nestes pontos do corpo”.

Segundo o especialista, apesar de ser comum pensar-se que “uma forma de reduzir a gordura da região abdominal é exercitando os músculos daquela região”, os exercícios abdominais não têm “repercussão relevante na utilização da gordura acumulada perto desses músculos”, ainda que tenham outros benefícios como o “aumento da resistência muscular local”.

No mesmo sentido, Filipa Vicente, nutricionista e professora auxiliar do Instituto Universitário Egas Moniz, sublinha que as flexões abdominais promovem a contração do tecido muscular esquelético, mas não do tecido adiposo (gordura). Além disso, a especialista acrescenta que “as flexões abdominais utilizam fosfocreatina ou glicose como fonte de energia, e não ácidos gordos”. Logo, não há sequer uma “mobilização de gordura como fonte de energia” aquando da realização destes exercícios.

A título de exemplo, um estudo sobre “os efeitos dos exercícios abdominais na gordura abdominal”, publicado em 2011 pela Journal of Strength and Conditioning Research, concluiu que “seis semanas de treinos com apenas exercícios abdominais não é suficiente para reduzir a gordura abdominal subcutânea ou outras medidas da composição do corpo”.

O estudo contou com 24 participantes (14 homens e 10 mulheres), divididos entre o grupo de controlo e os que realizaram os exercícios.

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“Dieta e exercício” são a chave

Noutro plano, os dois especialistas defendem que a melhor forma de reduzir ou controlar os níveis de gordura corporal parece ser recorrer a uma intervenção multidisciplinar que conjugue exercício físico adequado e alimentação de restrição energética.

“Dieta e exercício parecem ser essenciais para a perda de gordura, e especialmente para a redução da gordura visceral”, adianta Filipa Vicente, ressalvando que “os mecanismos que justificam esta perda são complexos e não são possíveis de comprovar de forma inequívoca in vivo”.

Com base em estudos científicos – um publicado na International Journal of Obesity e outro na International Journal of Environmental Research and Public Health –, a nutricionista avança que “o exercício físico programado parece ser eficaz a reduzir a gordura visceral com programas de quatro sessões semanais de 50 minutos durante 22 semanas de intensidade moderada a vigorosa”.

A especialista refere também um estudo de 2009 para avançar que “a restrição energética através da alimentação parece ser um fator crucial para que exista essa perda, independentemente do exercício”.

Importa sublinhar que o elevado nível de gordura abdominal pode dar origem a problemas de saúde, como diabetes ou doença cardíaca, sobretudo quando está localizada à volta dos órgãos internos (gordura visceral).

Em suma, é falso que os exercícios abdominais sejam suficientes para reduzir a quantidade de gordura localizada na zona da barriga. Segundo os especialistas contactados pelo Viral, a melhor forma de combater o excesso de tecido adiposo nesta região parece ser seguir um plano que integre exercício e alimentação com restrição energética.

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Desporto

13 Set 2022 - 05:30

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