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Digestão

Não, a pastilha elástica engolida não leva 7 anos para ser digerida

Talvez por parecerem tão resistentes, sobretudo quando se colam à roupa ou ao cabelo, as pastilhas ganharam a fama de serem quase indestrutíveis. Será que nem o tão poderoso suco gástrico as consegue digerir?

7 Dez 2021 - 03:53

Digestão

Não, a pastilha elástica engolida não leva 7 anos para ser digerida

Talvez por parecerem tão resistentes, sobretudo quando se colam à roupa ou ao cabelo, as pastilhas ganharam a fama de serem quase indestrutíveis. Será que nem o tão poderoso suco gástrico as consegue digerir?

Muitas crianças ouvem dos pais um redondo “não” quando pedem para comer uma pastilha elástica. Tudo porque este doce gomoso tem a fama de que, ao ser engolido, pode permanecer durante sete anos no estômago sem ser digerido. “Se a engolires fica colada à barriga”, advertem os adultos.

A preocupação dos pais chega muitas vezes ao consultório dos médicos. Na página da Mayo Clinic, nos Estados Unidos da América, em resposta a uma mãe, Elizabeth Rajan, diretora da unidade de endoscopia da clínica, tranquiliza-a: “A superstição sugere que a pastilha elástica, quando engolida, permanece no estômago por sete anos antes de ser digerida, mas isso não é verdade”. A especialista admite que “a pastilha não consegue ser digerida, mas na realidade não fica no estômago. Ela transita, relativamente intacta, pelo sistema digestivo e é excretada nas fezes”.

Para esclarecer o que acontece no processo digestivo de uma pastilha elástica, a American Chemical Society divulgou um vídeo onde explica, passo a passo, como é que uma pastilha transita pelo trato gastrointestinal.

No vídeo é clarificado que o processo digestivo normal está dividido em três partes: a etapa mecânica, a enzimática e a ácida.

Durante a ação mecânica, a língua e os dentes trabalham em conjunto para moer a comida em pequenos pedaços através da mastigação. De seguida, as enzimas presentes na saliva fazem a divisão dos vários componentes dos alimentos – separando os hidratos de carbono, os açúcares e as proteínas – para os transformarem em nutrientes que o organismo pode usar nas várias funções dos órgãos.

Depois o famoso suco gástrico, que é uma mistura de ácido clorídrico (HCl) e sais, atua na etapa ácida para dissolver a comida mastigada de forma que os intestinos possam expelir o que não é assimilado pelo organismo.

Durante a ação mecânica, a língua e os dentes trabalham em conjunto para moer a comida em pequenos pedaços através da mastigação. De seguida, as enzimas presentes na saliva fazem a divisão dos vários componentes dos alimentos

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Tal como os alimentos, as pastilhas são compostas por vários ingredientes, como açúcares, que são digeríveis neste processo, mas têm na composição uma borracha natural ou sintética que lhe dá aquela consistência gomosa. Essa borracha é constituída por polímeros, moléculas de maior dimensão, que não são destruídos nem pelas enzimas, nem pelo suco gástrico. Mas isso não quer dizer que as pastilhas fiquem no estômago, coladas às paredes, como dizem os pais. Envolvidas com os restos da comida que é ingerida, as pastilhas continuam o caminho através do sistema gastrointestinal e acabam expelidas um dia ou dois depois, naturalmente por via retal.

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Em resumo, apesar de o suco gástrico não conseguir, de facto, digerir as pastilhas elásticas, estas não permanecem no estômago depois de engolidas. Prosseguem o percurso normal pelo sistema gastrointestinal e acabam por ser naturalmente evacuadas.

 

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7 Dez 2021 - 03:53

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