A asma afeta centenas de milhares de pessoas em todo o mundo, segundo os dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), e é considerada “a doença crónica mais comum nas crianças”. Mas é verdade que esta patologia surge sempre durante a infância?

É verdade que a asma surge sempre na infância? 

Apesar de “a asma ser mais característica nas idades jovens”, a verdade é que “pode surgir em qualquer idade”, começa por explicar, em declarações ao Viral, Aurora Carvalho, pneumologista no Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia e Espinho (CHVNGE) e no Hospital Lusíadas do Porto.

No mesmo sentido, na secção de perguntas e respostas do site da organização médica “Global Initiative for Asthma” confirma-se que “asma pode começar em qualquer idade”.

No entanto, de facto, “cerca de metade de todas as pessoas com asma tiveram os seus primeiros sintomas até aos 10 anos e muitas crianças com asma tiveram a sua primeira crise antes dos 6 anos”, acrescenta-se no mesmo texto.

Quais as causas da asma?

Tal como se explica no site da OMS, “a asma é uma doença crónica” em que “as passagens de ar nos pulmões se tornam estreitas devido à inflamação e à constrição dos músculos à volta das pequenas vias respiratórias”.

Isto provoca sintomas “como tosse, pieira, falta de ar e aperto no peito”. Neste texto assinala-se ainda que “estes sintomas são intermitentes e, muitas vezes, agravam-se à noite ou durante o exercício físico”. 

Aurora Carvalho destaca que, se houver um tratamento adequado e um “controlo da doença”, a pessoa “pode voltar a passar muitos anos sem sintomas ou até não ter mais ao longo da vida”.

O que causa a doença? A pneumologista aponta a “predisposição genética” como uma das causas da doença. Isto significa que é mais provável uma pessoa desenvolver asma se alguém na família já tiver a doença.

Além disso, “pode-se desenvolver a doença em determinadas condições de exposição”. Segundo a informação disponibilizada no site da OMS, os doentes com outras patologias alérgicas também têm uma maior probabilidade de desenvolver asma. 

Se “um indivíduo tiver uma atopia” – ou seja, uma hipersensibilidade ao ambiente – “pode desenvolver asma em exposição a determinados alergénios ou ácaros da casa ou pólenes”, salienta a médica.

Outro fator de risco é a “exposição à poluição, sobretudo se for significativa, como os fumos de incêndio ou as poeiras que vêm da África”. Para mais, “o tabagismo também é outra causa”, acrescenta a especialista.

Noutro plano, acontece também aparecerem sintomas de asma nas mulheres que estão na menopausa. Isto porque, explica Aurora Carvalho, “existe uma alteração hormonal significativa e deixa de haver a proteção de estrogénios”. 

É frequente estas mulheres terem tido “quadros de asma na infância, passarem a vida toda sem a doença e depois os sintomas reaparecerem”, adianta.

Como detetar e tratar esta doença?

A médica do CHVNGE esclarece que “a identificação dos graus de gravidade da asma está mais ou menos definida nas recomendações”.

A doença “é avaliada em função da obstrução, portanto, é obrigatório sempre o doente asmático fazer um exame e uma avaliação funcional respiratória”. A partir daí percebe-se “se a obstrução é ligeira, moderada ou grave”, frisa.

“Os fatores que determinam a gravidade são a avaliação funcional respiratória – que nos dá obstrução brônquica – e a avaliação clínica”, sustenta.

Esta última vai indicar “qual a terapêutica que se deve utilizar” e a frequência com que essa “medicação de alívio deve ser administrada”, consoante o número de vezes que o doente tem sintomas (por dia, por semana, ou por mês) e “a necessidade do uso de medicação de recurso para aliviar esses sintomas”.

No fundo, “a terapêutica tem de estar ajustada à obstrução brônquica e aos sintomas (frequência e gravidade)”, resume a especialista, sublinhando que, atualmente, “a diversidade de opções terapêuticas é muito grande”.