A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a asma como “uma doença pulmonar crónica”, que “causa dificuldades respiratórias esporádicas”. Apesar de esta doença “começar frequentemente na infância”, a verdade é que pode surgir em qualquer idade.  Mas será que pode desaparecer com a idade?

Confirma-se que a asma pode desaparecer com a idade?

Não. A asma é uma doença crónica. Por isso, não pode desaparecer com a idade. O que pode acontecer é que, dependendo da gravidade, se a asma for tratada e houver um “controlo da doença”, a pessoa “pode passar muitos anos sem sintomas ou até não ter mais ter sintomas ao longo da vida”, adianta Aurora Carvalho, pneumologista no Centro  Hospitalar de Vila Nova de Gaia e Espinho (CHVNGE) e no Hospital Lusíadas do Porto, em declarações ao Viral.

Na perspetiva da médica, a ideia “de que a asma pode desaparecer com a idade resulta do facto de, muitas vezes, crianças terem bronquiolites de repetição ou diagnósticos de asma na primeira infância e depois não voltam a ter sintomas ao longo da vida”.

Como explica a pneumologista, “isto acontece numa percentagem elevada de situações nos primeiros tempos de vida”. No entanto, “não significa que a asma ficou curada”, frisa.

Se essa pessoa “não tiver, durante a vida, exposição a nenhum fator que venha desencadear um novo processo inflamatório”, pode nunca mais ter sintomas.

Mas essa questão, aponta, “depende da gravidade da doença na infância, das causas que desencadeiam inflamação e do ambiente em que o indivíduo vai viver ao longo da vida – se tem fatores de risco e de exposição, ou não”.

Esses fatores de risco, como esclarece a médica do CHVNGE, são, por exemplo, patologias alérgicas, exposição à poluição, tabagismo, e menopausa, no caso das mulheres.

A asma pode piorar com a idade?

Segundo a secção de perguntas e respostas do site da organização médica “Global Initiative for Asthma”, existe um “maior risco” em ter sintomas de asma em idades avançadas. 

Por um lado, se a asma for mal tratada, “agrava-se com a idade”. Depois, destaca-se no mesmo texto, “os tratamentos modernos para a asma não estão disponíveis há tempo suficiente para podermos ter a certeza se a função pulmonar continua ou não a deteriorar-se mais rapidamente nas pessoas com asma tratada à medida que envelhecem”. 

Contudo, “a maioria dos médicos especialistas em asma considera que o tratamento regular e preventivo da asma pode evitar o agravamento da asma e ajudar a preservar a função pulmonar”, escreve-se.

A asma pode ser mais grave nas pessoas mais velhas?

“Não necessariamente, mas a asma é frequentemente mais grave se começar numa idade mais avançada”, avança o Global Initiative for Asthma. 

Além disso, “uma pessoa idosa com doença cardíaca, ou outros problemas médicos, pode ter mais dificuldade em lidar com uma crise de asma do que uma pessoa mais jovem”, assinala-se no mesmo documento.

No entanto, no caso dos idosos nem sempre se está a falar de asma. A doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) é a “doença mais caraterística da idade mais avançada”, esclarece Aurora Carvalho, causada principalmente pelo tabagismo.

Aqui, “existe também uma obstrução das vias aéreas”, mas “os sintomas são diferentes da asma”, refere a mesma fonte.

Por um lado, na asma, “a obstrução brônquica é reversível” se a doença for tratada de forma correta e atempadamente. 

No caso da DPOC, “essa obstrução não responde, ou responde mal, à terapêutica que se institui no broncodilatador”, realça a pneumologista.

O que é mais comum, segundo a especialista, quando um idoso desenvolve sintomas de obstrução brônquica, é ter “uma DPOC, ou um quadro intermédio de asma e DPOC”.

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