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A acupuntura permite fazer terapia de reorientação sexual? Claro que não

5 Jul 2022 - 09:00

A acupuntura permite fazer terapia de reorientação sexual? Claro que não

Existem muitas as alegações relacionadas com os efeitos terapêuticos da acupuntura. Segundo uma dessas afirmações publicitadas, esta técnica de medicina tradicional chinesa tem a capacidade de “curar a homossexualidade”. Apresentam, como justificação, que a homossexualidade resulta de doença dos “meridianos curiosos” e que pode ser tratada, principalmente se for identificada precocemente. Será verdade?

Não, não é verdade. A homossexualidade ou qualquer outra orientação sexual não é uma doença e, por isso, não é passível de tratamento nem cura. Durante vários anos, a Organização Mundial de Saúde (OMS) considerou a orientação sexual como uma doença, incluindo-a na “Classificação Internacional de Doenças” (ICD). No entanto, em maio de 1990, foi aprovado na 43.ª Assembleia Mundial de Saúde que as orientações sexuais não deveriam incluídas nessa listagem. No ICD-10, que esteve em vigor durante as décadas de 1990 e 2010, é claramente referido que a “orientação sexual em si não é considerada uma doença”.

De acordo com um documento publicado pelo IESOGI (grupo de especialistas das Nações Unidas pela proteção contra a violência e discriminação baseada na orientação sexual e na identidade de género), a Associação Psiquiátrica Mundial afirmou que “não há evidência científica sólida de que a orientação sexual inata possa ser alterada”. Também o Grupo Independente de Especialistas Forenses (IFEG, na sigla inglesa) declarou que oferecer a possibilidade de realizar terapias de conversão “é uma forma de decepção, publicidade enganosa e fraude”.

“Terapias de conversão ou os esforços para mudar a sexualidade de alguém são potencialmente danosos e têm vindo a ser rejeitados pelas principais organizações médicas norte-americanas”.

A comunidade LGBTIQ+ é muitas vezes alvo de discriminação sob a forma de mitos, principalmente associados à afirmação de que se trata de uma escolha ou uma doença que pode ser curada. O WebMD, sublinha que “ser gay não é uma escolha ou algo que possa ser mudado” e avança que as “terapias de conversão ou os esforços para mudar a sexualidade de alguém são potencialmente danosos e têm vindo a ser rejeitados pelas principais organizações médicas norte-americanas”. A Associação Médica Americana, por exemplo, manifestou-se contra as terapias de conversão, afirmando que estas são “baseadas na afirmação que a homossexualidade é uma doença mental e que a pessoa deve mudar a sua orientação”.

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Também o relatório das Nações Unidas de 2020 afirma que a prática das terapias de conversão parte da “crença de que a orientação sexual ou identidade de género de uma pessoa pode e deve ser alterada”. “Tais práticas visam a mudança de pessoas de gays, lésbicas ou bissexuais para heterossexuais e de transexual para cisgénero”, pode ainda ler-se no documento onde é apelidado de “agressor” os que praticam este tipo de terapias e de “promotor” quem incentiva as pessoas a participar nestas práticas – como, por exemplo, a família, os membros da comunidade ou as autoridades políticas.

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5 Jul 2022 - 09:00

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