Cardiologia
Será verdade que as doenças cardíacas atingem mais os homens do que as mulheres? Não, não é
O que está em causa: As doenças cardíacas são a principal causa de morte no mundo. Há quem afirme que estas patologias atingem mais os homens do que as mulheres. Mas não é isso que diz a ciência...
Em Portugal morreram, em 2019, 33.421 pessoas com doenças do aparelho circulatório. Também a nível mundial, as doenças cardíacas são a principal causa de morte. Como sucede com boa parte das doenças, há dúvidas e mitos a circular. Um deles assegura que as doenças cardíacas são um problema que afeta mais o sexo masculino. Confirma-se?
Não. Não só as doenças cardíacas podem atingir ambos os géneros, como são a principal causa de morte tanto para homens como para mulheres. Um estudo publicado na Elsevier, intitulado “Diferença de género nas doenças cardiovasculares”, conclui que “apesar de a incidência de doenças cardiovasculares nas mulheres ser normalmente mais baixa do que nos homens, as mulheres têm uma mais elevada mortalidade e um pior prognóstico depois de eventos cardiovasculares agudos”.
Também o Medical News Today, um site norte-americano dedicado à saúde, afirma que “é um equívoco comum pensar que os homens são mais afetados pelas doenças cardíacas”. “É verdade que os homens tendem a desenvolver doença cardiovascular numa idade mais precoce que as mulheres e têm grande risco de ter doença coronária. No entanto, as mulheres têm um maior risco de enfarte”, prossegue.
Apesar de partilharem os mesmos fatores de risco gerais, – obesidade, tabaco, diabetes, pressão arterial alta, histórico familiar, síndrome metabólico e níveis elevados da proteína C-reativa – as mulheres têm um conjunto de fatores de risco extra que estão relacionados com o período da menopausa.
Aliás, segundo a faculdade de medicina de Harvard, “desde 1984, morrem mais mulheres do que homens a cada ano de doença cardíaca”. Num gráfico, é possível ver que entre os 20 e os 59 anos há uma maior percentagem de casos entre os homens, mas que a partir dos 60 anos, a barra das mulheres é maior.
E há justificação para isso: apesar de partilharem os mesmos fatores de risco gerais, – obesidade, tabaco, diabetes, pressão arterial alta, histórico familiar, síndrome metabólico e níveis elevados da proteína C-reativa – as mulheres têm um conjunto de fatores de risco extra que estão relacionados com o período da menopausa.
Entre esses fatores estão a elevação de níveis de testosterona na pré-menopausa, o aumento da hipertensão durante a menopausa, situações de stresse e depressão (que são mais comuns entre as mulheres) e as doenças autoimunes, como a artrite reumatoide.
Em conclusão, pode afirmar-se que a ideia segundo a qual a doença cardíaca atinge mais homens do que mulheres é falsa. A doença cardiovascular atinge os dois géneros. No entanto, existem algumas diferenças confirmadas pela ciência: apesar de os homens desenvolverem formas da doença numa idade mais precoce, as mulheres desenvolvem, normalmente, doença mais grave.
Categorias:
Etiquetas: