O meu filho pode tomar? 7 perguntas e respostas sobre a vacina contra o Vírus Sincicial Respiratório
A Direção-Geral da Saúde (DGS) emitiu esta semana uma norma em que oficializa a inclusão da vacina contra o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) na campanha sazonal de vacinação, devido ao aumento do número de casos reportados nos últimos meses. Todas as crianças elegíveis vão começar a ser vacinadas a partir do dia 1 de outubro.
Mas o que é o Vírus Sincicial Respiratório? Porque foi recomendada a vacina a algumas crianças? A vacina protege durante quanto tempo? Eis sete perguntas e respostas sobre a vacina contra o Vírus Sincicial Respiratório.
O que é o Vírus Sincicial Respiratório (VSR)?
O Vírus Sincicial Respiratório (VSR) “é a causa mais comum de doença das vias respiratórias inferiores até aos 12 meses de idade”, lê-se num texto informativo publicado no site do Sistema Nacional de Saúde (SNS).
No mesmo texto explica-se que este vírus “pode provocar doença respiratória em pessoas de todas as idades, mas, geralmente, todas as crianças até aos 2 anos são infetadas por este vírus, podendo ocorrer reinfeção em qualquer idade”.
Os sintomas e gravidade da doença variam consoante alguns fatores como a idade e o estado de saúde. Segundo o SNS, os mais frequentes são: “secreções nasais e oculares”, “tosse”, “pieira”, “febre”, “dificuldade em respirar” e “respiração semelhante a assobio”.
Por norma, “os sintomas diminuem de gravidade após a terceira infeção por este vírus”, salienta o SNS.
No entanto, existem grupos vulneráveis que correm um risco acrescido de complicações. Recém-nascidos e lactentes (menos de seis meses), bebés prematuros, crianças com doenças cardíacas, pulmonares ou neuromusculares congénitas, crianças imunocomprometidas e doentes com asma ou Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) são alguns dos casos com risco acrescido de doença grave.
Tal como também se destaca num texto informativo do Sistema Nacional de Saúde britânico (NHS, na sigla inglesa), “nos bebés, o VSR é uma causa comum de um tipo de infeção torácica chamada bronquiolite”.
Esta condição “pode causar problemas respiratórios e pode ter de ser tratada no hospital”, salienta-se.
Além disso, o VSR também “pode causar uma infeção pulmonar grave (pneumonia) em bebés e em adultos mais velhos”, acrescenta-se.
Porque foi recomendada a vacina a algumas crianças?
Em 2022, a Agência Europeia do Medicamento (EMA, na sigla inglesa) autorizou a utilização do Beyfortus (substância ativa: nirsevimab), um medicamento injetável “utilizado para prevenir a doença grave do trato respiratório inferior (pulmão) causada pelo Vírus Sincicial Respiratório em recém-nascidos e crianças” (ver aqui).
Até agora, a vacinação contra o VSR era recomendada apenas para crianças de risco acrescido, tal como estava referido na Norma 012/2013, de 30/07, atualizada a 28/12/2015.
No entanto, na nova norma da DGS publicada esta segunda-feira, oficializa-se a inclusão da vacina contra o VSR na campanha de vacinação sazonal que arranca em outubro.
Esta medida surge na sequência do aumento do número de casos de infeção por VSR em crianças e da sua gravidade. Aliás, segundo o mais recente Boletim de Vigilância Epidemiológica da Gripe e outros Vírus Respiratórios, publicado pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, desde outubro de 2023, “foram reportados 608 casos de internamento por VSR pelos hospitais” de crianças com até dois anos.
Segundo a norma da DGS, o VSR “é uma causa muito comum de infeção em idade pediátrica, responsável por epidemias anuais sazonais que, nos climas temperados, ocorrem no outono-inverno, geralmente entre outubro e março, coincidindo com outros vírus respiratórios e gastrointestinais”.
Além disso, sabe-se que “as crianças nos primeiros meses, os prematuros e crianças com algumas doenças crónicas, têm risco acrescido para desenvolver doença grave”.
Assim, “tendo em conta a carga estimada da doença por VSR em Portugal, e com base na evidência científica atualmente existente, recomenda-se a imunização com este anticorpo monoclonal na próxima época sazonal”, destaca-se.
Para quem está recomendada a vacina (e quem não a pode tomar)?
De acordo com a norma da DGS sobre a vacinação sazonal gratuita contra o Vírus Sincicial Respiratório, no próximo outono-inverno, recomenda-se a toma da vacina a “todas as crianças nascidas entre 1 de agosto de 2024 e 31 de março de 2025”.
Também se aconselha a imunização contra o VSR a “todas as crianças pré-termo com idade gestacional até 33 semanas + 6 dias, nascidas entre 1 de janeiro e 31 de julho de 2024”.
Ainda em contexto de idade pediátrica, a DGS recomenda a vacinação de “todas as crianças com outros fatores de risco acrescido para infeção grave por VSR, a entrar na primeira ou na segunda época sazonal de infeção”, que “ainda não tenham completado 24 meses até ao dia 30 de setembro de 2024”.
Em causa, estão crianças com condições como “doença pulmonar crónica”, “doença neuromuscular com compromisso respiratório”, “imunodeficiência combinada grave”, entre outras (ver aqui).
Apesar de não fazerem parte do plano nacional de vacinação, existem vacinas comercializadas com o objetivo de prevenir infeções causadas pelo Vírus Sincicial Respiratório indicadas para adultos a partir dos 60 anos e para mulheres grávidas entre as 24 e 36 semanas de gestação (ver aqui e aqui).
Como acontece com qualquer outra vacina, refere-se na norma da DGS, se uma pessoa tiver histórico de “hipersensibilidade à substância ativa ou a qualquer um dos excipientes” não pode ser vacinada.
Em caso de “sinais e sintomas de uma reação de hipersensibilidade clinicamente significativa ou anafilaxia” (reação alérgica grave), a toma da vacina “deve ser interrompida imediatamente” e a pessoa deve ser tratada no momento.
A vacina protege a criança durante quanto tempo?
A DGS informa que, “com base nos dados clínicos e farmacocinéticos, a duração da proteção conferida por nirsevimab é de, pelo menos, 5 meses”.
Este dado também é referido num texto informativo dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla inglesa).
No mesmo texto, aponta-se que a vacina contra o VSR “reduz o risco de doença grave em cerca de 80%”.
Apesar de a vacina não conferir uma proteção a longo prazo contra a doença por VSR, “protege os bebés quando estes estão em maior risco de ficarem muito doentes”, defende-se.
À medida que as crianças crescem, “é menos provável que fiquem muito doentes com o vírus”, conclui-se.
Onde tomar a vacina?
Segundo a DGS, as crianças nascidas a partir de 1 de outubro de 2024, devem tomar a vacina, “ao nascimento”, “na maternidade”, “preferencialmente nas primeiras 24 a 48 horas de idade ou na primeira oportunidade nas crianças com contraindicação para administração neste período”.
Por outro lado, as crianças nascidas de 1 de janeiro a 30 de setembro de 2024 devem ser vacinadas “nos cuidados de saúde primários”, com administração “a partir de 1 de outubro de 2024, na primeira oportunidade”, lê-se na norma em vigor.
Por fim, as crianças com fatores de risco para infeções graves que ainda não tenham 24 meses até ao dia 30 de setembro deste ano podem ser vacinadas “nos cuidados de saúde primários ou em meio hospitalar”, a partir do dia 1 de outubro.
Quais os cuidados a ter após a vacinação?
“Após a imunização, a criança deve permanecer em vigilância no local da imunização durante um mínimo de 30 minutos”, refere-se no documento da DGS.
Antes da administração da vacina, “o cuidador da criança que recebeu a imunização deve ser informado relativamente a possíveis reações adversas”, acrescenta-se.
Contudo, segundo o texto dos CDC, os efeitos secundários após a toma desta vacina “foram pouco frequentes nos ensaios clínicos”.
Os efeitos secundários mais frequentes são: “dor, vermelhidão ou inchaço no local onde a injeção foi administrada e erupção cutânea”.
Apesar de não terem ocorrido reações alérgicas graves nos ensaios clínicos, “tal como acontece com qualquer imunização”, os riscos não são nulos.
Vacina contra o VSR pode ser tomada ao mesmo tempo que outras vacinas?
Na norma da DGS garante-se que a vacina contra o VSR pode ser administrada em conjunto, “ou com qualquer intervalo de tempo, com as vacinas pediátricas de rotina”.Tendo em conta que se trata de “uma imunização passiva específica p
ara o VSR, não se espera que interfira na resposta imunitária ativa a vacinas administradas concomitantemente”, justifica-se.
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